
“A rotina das paredes”
Exposição com pinturas de interiores e naturezas-mortas inaugura espaço reformado da Galeria Contempo, em São Paulo
Primeira exposição no espaço físico reformado da galeria, “A rotina das paredes” apresenta um conjunto de uma dezena pinturas, a partir do dia 2 de agosto, sábado, na Contempo, que ocupa uma casa da Alameda Gabriel Monteiro, em São Paulo.
Até o dia 23 de agosto, a exposição coletiva reunirá trabalhos de Chen Kong Fang, Lilian Camelli e Uéslei Fagundes, com curadoria de Gabriel San Martin, em um recorte voltado a pinturas de interiores e de naturezas-mortas da produção dos artistas.
Se o ponto alto de boa parte da pintura figurativa brasileira se manifestou em gêneros “menores”, como na natureza-morta, na paisagem e na pintura de gênero, San Martin argumenta que sua vocação privada reitera a constituição de um espaço privilegiado de esclarecimento da capacidade de cada um de dispor o mundo.
“A espacialidade estranha casada às superfícies instáveis e ao tonalismo tímido das pinturas, como por exemplo nas obras de José Pancetti, Alfredo Volpi, Eleonore Koch e do próprio Chen Kong Fang, encontra a intimidade protetora de um espaço doméstico que desestabiliza as relações entre figura e fundo, sujeito e objeto. Como se diferenciando público e privado, fosse ainda tudo a mesma coisa”, afirma o curador.
Ao trazer Uéslei Fagundes e Lilian Camelli para dialogarem com o trabalho de Chen Kong Fang, a coletiva evidencia a constante resistência turva do espaço doméstico em não se tornar também público a que se envolve a história da pintura brasileira. Experimentando seja com a manipulação do suporte, com uma tridimensionalização falseada ou com transições tonais, as pinturas exploram a condição do gênero doméstico enquanto um laboratório crítico da realidade.
Saiba mais sobre os artistas
Chen Kong Fang (1931–2012) foi um pintor, desenhista, gravador e professor sino-brasileiro. Estudou sumiê e aquarela na China antes de imigrar para São Paulo em 1951, naturalizando-se brasileiro em 1961. Formou-se com Yoshiya Takaoka e realizou sua primeira individual em 1959. Após breve fase abstrata, consolidou-se no figurativismo, linguagem que marcou sua carreira. Lecionou na Faculdade de Belas Artes de São Paulo e participou de importantes salões e mostras no Brasil e no exterior, recebendo diversos prêmios. Sua obra une referências orientais e ocidentais com grande sensibilidade técnica.
Lilian Camelli (1958, Ypacaraí Paraguai) uma das principais pintoras paraguaias em atividade, realizou individuais no Brasil e no exterior e possui obras em importantes coleções públicas nacionais e internacionais. Tendo por norte a pintura figurativa, na qual se debruça sobre um repertório íntimo e afetivo ligado a questões como memória, ausência e feminilidade, a artista trabalha em especial com a reconstrução da espacialidade de interiores e naturezas-mortas. Reformulando poeticamente as suas raízes e memórias afetivas da infância no Paraguai, a atmosfera nostálgica das suas pinturas evoca interiores planares, de profundidade rasa, que balanceiam fato e ficção. Dotados de certa presença psicológica, os espaços edificados pela artista assumem determinada fantasmagoria e apontam para um passado a se resolver com o presente.
Uéslei Fagundes (1987, Novo Hamburgo – RS) é mestrando em Poéticas Visuais pela UFRGS, com pesquisa voltada à representação do cotidiano na pintura. Utiliza madeiras coletadas como suporte, explorando memórias e vestígios do tempo. Suas obras combinam cenas simples com inscrições prosaicas, criando um vocabulário pictórico que revela e oculta fragmentos entre frestas e superfícies marcadas.
Serviço
“A rotina das paredes”
Abertura: dia 2 de agosto, das 10h às 16h
Visitação: até 23 de agosto de 2025
Horário: de segunda a sexta, das 10h às 19h; sábados, das 10h às 16h
Local: Galeria Contempo
Endereço: Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 1644, Jardim América
Telefone: (11) 3032-5795
Contatos: @galeriacontempo/galeriacontempo.com.br