
Segundo Einstein: “A definição de Insanidade é fazer a mesma coisa repetidamente e esperar resultados diferentes”. “É necessário um toque de Gênio – e muita coragem para ir na direção oposta.”, e ainda “Tudo é energia e isso é tudo o que há.” Se assim é, tudo se faz de pulso e contra pulso, de zero a um, ou positivo e negativo. Essa energia, faz o mundo, faz os softwares funcionarem e faz a vida pulsar em nosso coração, que contrai e retrai! Me parece que, se não fosse o incerto, o inconseqüente, o irresponsável, o inconformado, certamente estaríamos na idade das pedras! Aquele que não está disposto a arriscar, está disposto a uma vida comum. Imagine se o Império Romano, Napoleão Bonaparte, Alexandre o Grande, Moisés, Jesus “Não quisessem confusão”, buscassem apenas a estabilidade e equilíbrio, o que seria o mundo hoje?
Imagine se todos fôssemos mornos e equilibrados, o quão chato seria a arte, a ciência, a filosofia e os esportes! Pra quê as Olimpíadas? Por quê do pensamento grego? Por quê da busca científica, que em grandes partes se desenvolveu no campo bélico e na busca natural de superioridade do homem? Por quê da arte que sempre propõe e se torna ícone registrando o tempo e o pensamento do homem e sua busca pelo desconhecido. Pois é, o que seria de Emiliano, se não se transformasse em Di Cavalcanti? O que seria, ainda hoje, da brasilidade sem suas retratações? Por meio da arte de Di, se fez presente em quase todas as paredes aristocráticas as suas favelas, mulheres, alagados e brasileirismos. Era o antagonismo da arte, do belo, do provocativo, e do pensamento contraditório em uma mesma parede. O boêmio e sarcástico Emiliano, que freqüentava a lapa e os rendez-vous de Paris, faz-se o primeiro legítimo embaixador da brasilidade, junto à aristocracia da época. Sua obra se torna um manifesto que desperta a percepção de beleza para nossa miscigena raça. A brasileira nunca mais foi vista da mesma forma, após ser retratada por Di Cavalcanti. Mas Di Cavalcanti, pintou temáticas outras e criou em sua técnica, dentro do espírito momento, a volumetria. Suas figuras, exuberantes “Naturezas Mortas”, favelas, alagados, casarios, samba, carnaval, e até sacras, dotadas de um fantástico volume, primorosa composição e cores tropicais são um compêndio do rico momento artístico brasileiro. Momento esse que afirmava o samba e a bossa nova como identidade nacional. Como ver uma obra de Di Cavalcanti e não acreditar no poder do incerto, do inconsequente, do irresponsável, do inconformado, na criação de uma nova estética? Ou seja, Di Cavalcanti é o criador de uma estética temática, nunca antes retratada no mundo. Di Cavalcanti é o único e, como na frase de Einsten, com “Um toque de Gênio – e muita coragem para ir na direção oposta”. Assim transformou-se num ícone da arte brasileira.
Por Alexandre Paiva Frade