E se a obra de arte pudesse ver o espectador antes mesmo que ele a visse?
Essa é a proposta da exposição “ToTa Machina”, da artista visual carioca Katia Wille, que convida o visitante a criar um espelho de si mesmo nas obras, unindo Inteligência Artificial e arte. Com abertura no dia 25 de janeiro, às 11h, no Museu de Arte Sacra de São Paulo, a mostra é composta por 15 obras, entre pinturas, esculturas e máquinas cognitivas integradas ao ambiente. A curadoria é de Bianca Boekel.
Através da Inteligência Artificial na nuvem, as obras reagem à presença de pessoas, refletem sentimentos e interagem através de movimentos diante de estímulos visuais e faciais. O projeto, que já passou pelo Rio de Janeiro com grande visibilidade, usa robótica e IA para análise de ambiente e sentimentos, conectando o público com as obras e proporcionando uma experiência única a cada espectador, por meio da tecnologia. Cada uma das obras traz uma experiência diferente, abrindo, assim, o debate sobre a crescente interseção entre arte e tecnologia.
"Sempre quis que as imagens saltassem da tela, que elas ganhassem o espectador. Vinha, desde 2016, fazendo este movimento com as cores contrastantes, mas quando comecei a pesquisa com os materiais reflexivos que uso nas telas vi que a incidência da luz em superfícies drapeadas era diferente e bem interessante. A partir daí, comecei o desenvolvimento das peles feitas da mistura do látex com o tecido e esta pesquisa evoluiu para esculturas de parede, ainda sem movimento. Em 2018, comecei a introduzir robótica e inteligência artificial nestas mesmas estruturas para que o movimento fosse possível”, explica Katia Wille.
MONTAGEM DESENVOLVIDA ESPECIALMENTE PARA SÃO PAULO
Ao entrar no espaço expositivo, o visitante se depara com uma instigante mistura de materiais dispostos de modo a ocupar todo o espaço de forma fluida. Katia Wille ocupa as vitrines com pinturas em telas feitas em tecido metálico e pequenas esculturas em tecido moldado, todas dialogando com as instalações cognitivas feitas em eco látex - material desenvolvido pela própria artista a partir da mistura de látex líquido reciclado com tecidos e outros materiais que se movem através da emoção do espectador. As obras estão tanto suspensas pelo teto como onduladas nas paredes, desenvolvidas a partir deste material poroso, ora em forma de bolhas, ora esticado ou ondulado, destacando texturas e o brilho cobreado da superfície.
As pinturas e esculturas estão em constante diálogo. Em "ToTa Machina" – que significa “Mulher Máquina” –, as peças se retroalimentam, ou seja, a pessoa vê a pintura e isso gera uma emoção que promove o movimento das esculturas, que por sua vez geram outra emoção, uma vez que o visitante é convidado a ser espectador e em seguida passa a ser protagonista do movimento e, assim, das próprias obras.
“Investigo a relação das emoções com as nossas ações e movimentos. Narro uma história focada na vulnerabilidade das relações humanas, com corpos que se emaranham e se torcem uns com os outros. Questiono como enxergamos o outro, como nos deixamos permear nas nossas relações e como nos equilibramos na equação tão delicada do viver. Nas telas e esculturas, os corpos flutuam sem qualquer ação da gravidade e também se desfazem das suas identidades como se saíssemos de nós mesmos em direção ao outro”, analisa a artista.
Serviço:
Abertura: 25 de janeiro, às 11h
Visitação: até 25 de março
Local: Museu de Arte Sacra de São Paulo
Endereço: Av. Tiradentes, 676 – Luz
Funcionamento: terça a domingo, das 9h às 17h
Ingressos: R$ 6,00 (estudantes pagam meia-entrada); sábados: gratuito.
Telefone: (11) 3326-3336
museuartesacra.org.br