O título da exposição foi emprestado do livro de contos do escritor e fotógrafo mexicano Juan Rulfo, publicado pela primeira vez em 1953. Entre grande variedade de personagens e situações narradas pelo autor, há em comum um clima de aridez que é o cenário de um eterno embate entre a sobrevivência e a extinção. Chão em Chamas trás ao mesmo tempo a ideia de fim e de começo.
Apontando para um futuro distópico, a fotoinstalação “Revanche Animal” (2017) de Castilho, composta por dezenas de cianótipos, faz uma composição que propõe uma nova hierarquia na cadeira alimentar, em que o ser humano é ameaçado no topo. Na mesma direção, a fotoinstalação “Dois Sóis” (2017) forma uma céu que abriga dois sóis, em uma situação ligada a um imaginário apocalíptico. Já na série de esculturas em bronze “Torres” (2017), instaladas sobre bases de concreto, o desequilíbrio toma forma em casas de João de Barro empilhadas como em um edifício.
No vetor temporal oposto, direcionado ao passado, dois trabalhos com pegadas abrem um arco temporal que vão à época dos dinossauros, seres que, em uma perspectiva geológica, estavam à beira da extinção sem saber. A fotoinstalação “Passos Fósseis” (2017) registra pegadas de dinossauros que datam mais de 100 milhões de anos, produzidas em sítio paleontológico na Paraíba. E, em contraponto a estas, “Marca Infinita” (2017) mostra pegadas de animais de nossa era – como macaco, onça parda, tamanduá-bandeira, ema, jabuti, arara e onça pintada - “fossilizadas” em bronze pelo artista. O indício é de que, nas duas séries, o presente figura como uma ausência.
“Chão em Chamas” fica em cartaz até 4 de novembro.