
Destaque da FITE, bienal têxtil francesa realizada desde 2012, exposição PLAY chega ao Sesc Pinheiros e integra a Temporada França-Brasil 2025
Em diferentes suportes, a mostra reúne mais de 40 criações de artistas brasileiros e estrangeiros que, a partir de uma parceria com a cidade francesa de Clermont-Ferrand e a HS_ Projetcs, convidam o público a explorar fronteiras entre as tramas, tecidos, brinquedos e vestíveis, e a refletir sobre as regras, os desejos e os limites que constituem a vida cotidiana
Com abertura no Sesc Pinheiros em 24 de agosto de 2025 e visitação até 25 de janeiro de 2026, a exposição PLAY – FITE - Bienal Têxtil de Clermont-Ferrand edição 2024-2025 convida o público para desvendar as tramas de um instigante conjunto de obras e criações que propõe um diálogo entre as técnicas da produção têxtil e o universo lúdico dos jogos e das brincadeiras. A exposição chega ao Brasil após estreia, em 2024, no Museu Bargoin, em Clermont-Ferrand, na França, integrando a mais recente edição da FITE – Bienal Têxtil de Clermont-Ferrand, evento realizado desde 2012 com o objetivo de celebrar o inesperado e o extraordinário na criação têxtil e sua cadeia produtiva, promovendo encontros entre tradições, saberes e inovações.
A realização da mostra no Brasil é resultado de uma parceria entre o Sesc São Paulo, a cidade de Clermont-Ferrand, na França, e a produtora HS_Projects, e integra a programação da Temporada França-Brasil 2025, iniciativa bilateral que celebra o intercâmbio cultural, o diálogo social e a cooperação entre os dois países. No estado de São Paulo, o Sesc é um dos principais parceiros locais da Embaixada da França no Brasil, do Consulado-Geral da França em São Paulo e do Institut Français, promovendo dezenas de atividades em diversas unidades.
Com ênfase no uso de elementos têxteis como suporte para a pluralidade criativa, a exposição PLAY reúne trabalhos de artistas brasileiros e estrangeiros, selecionados a partir de uma curadoria coletiva que reúne dez profissionais: Christine Athenor, Simon Njami, Thomas Leveugle e Nolwenn Pichodo, da HS_Projects; Christine Bouilloc, do Musée D’Art Roger-Quilliot; Charlotte Croissant, do Musée Bargoin; e Juliana Braga de Mattos, Carolina Barmell e Fabiana Delboni, do Sesc São Paulo.
“Tendo como mote inspirador os jogos, que permitem tempos em suspensão para o exercício da imaginação e da brincadeira, as obras se apresentam como fios entrelaçados, delineando condições para o desenvolvimento da criatividade e de novas ideias no tecido social. Orientado por sua atuação socioeducativa, o Sesc celebra o fortalecimento das parcerias institucionais, e recebe a mostra em sua ludicidade, na expectativa de possibilitar momentos de descontração e também de reflexão”, afirma Luiz Deoclecio Massaro Galina, Diretor do Sesc São Paulo.
Vindos de países como Austrália, Canadá, Estados Unidos, França, Marrocos, Holanda e Uzbequistão, o grupo internacional de artistas que integram a exposição é composto por: Awena Cozannet, Bas Kosters, Hannah Epstein, Mark Newport, Saïd Atabekov e Dilyara Kaipova. A seleção inclui, ainda, obras de Sheryth Bronson, Donna Ferguson e Beryl Bell, que compõem o coletivo Tjanpi, e entre quimonos e leques japoneses, móbiles beduínos, fantasias de mascarados nigerianos e bolas de seda chinesas, um significativo conjunto de peças e objetos da coleção do Museu Bargoin. Seis artistas internacionais também compõem o programa de residência da mostra. São eles: Arnaud Cohen, Delphine Ciavaldini, Nikita Kravstov, Roméo Mivekannin e Sabrina Calvo.
Representando o Brasil, participam: Alexandre Heberte, Alex Flemming, Anna Mariah Comodos, Elen Braga, Felipe Barbosa, Gina Dinucci, Leda Catunda, Mestre Nato, Tales Frey e Ivan Cardoso, que apresenta seu curta metragem HO (1979), um documentário experimental com e sobre Hélio Oiticica. Parte destes artistas estarão representados por obras pertencentes ao Acervo Sesc de Arte, que foram apresentadas na edição francesa da mostra, em 2024 e retornam agora a São Paulo para compor esta relação entre coleções.
Concepção da exposição
Responsável pelo departamento têxtil do Museu Bargoin, correalizador da exposição, Charlotte Croissant destaca que PLAY foi concebida como um espaço de encontro entre o público, a criação artística e o ato de brincar.
“A exposição convida a entrar no jogo, a explorar os interstícios entra a realidade e o virtual e a lançar um olhar lúdico sobre o mundo. Recusando a oposição tradicional entre jogo e seriedade, essa temática nos convida a mergulhar em uma experiência de leveza, humor, descoberta, desafio, mas também de trincheira, simulação e blefe!”, explica.
A mostra se estrutura em três núcleos principais que abordam os seguintes temas: a influência de brincadeiras populares e do digital na nossa relação com o real;
o mercantilismo do jogo e a manipulação das massas para recuperação e transformação de culturas tradicionais; e questões identitárias e a relação com o corpo, suas funções simbólicas e sociais.
Partindo dessas proposições e abordagens, a exposição PLAY convida o público a “entrar no jogo”, explorar fronteiras entre o real e o virtual e a refletir sobre as regras, os desejos e os limites que constituem parte da vida cotidiana.
“A arte contemporânea deixou de ser restrita aos iniciados. O têxtil passou a se afirmar como um meio maior da arte contemporânea. Milenar em sua realização, ele revela sua continuidade criadora imutável, afirmando seu papel de apoio ao pensamento, à expansão de olhares, ao desenvolvimento de seu livre arbítrio”, defende Christine Athenor, diretora da HS_Projets e curadora geral da FITE.
Parceria internacional e atuação socioeducativa
Desde a concepção da montagem francesa, o Sesc São Paulo participou ativamente do processo curatorial da exposição, colaborando com a presença de artistas brasileiros e promovendo ações como residências artísticas e a circulação de obras do Acervo Sesc de Arte na edição de 2024 da FITE.
A vinda da exposição PLAY ao Brasil simboliza o êxito de uma parceria institucional que entrelaça culturas e integra o programa de artes visuais do Sesc São Paulo, que adota uma abordagem transversal e plural da arte contemporânea – entendida tanto como linguagem autônoma quanto como ferramenta de educação e reflexão. Nesse sentido, o uso do têxtil nas obras reunidas na mostra ressignifica e coloca em evidência um material historicamente ligado ao trabalho manual, ao cotidiano e às práticas culturais de mulheres e de grupos periféricos.
Sobre a Temporada França-Brasil 2025
Fruto de acordo entre os presidentes Emmanuel Macron e Luís Inácio Lula da Silva, a Temporada França-Brasil 2025 terá como eixos temáticos o clima e a transição ecológica, a diversidade e o diálogo com a África e a democracia e o desenvolvimento sustentável. A programação contempla artes visuais, música, literatura, cinema, patrimônio, teatro, dança, ciências e economia criativa com foco na juventude, nos direitos humanos e nas trocas profissionais. Iniciada em abril, quando a França passou a sediar eventos e ações de destaque e projeção da cultura brasileira, a Temporada França-Brasil se estenderá no país de agosto a dezembro, em parceria com organizações da sociedade civil e de agentes culturais de ambas as nações.
Sobre o Sesc São Paulo
Com mais de 78 anos de atuação, o Sesc - Serviço Social do Comércio conta com uma rede de 43 unidades operacionais no estado de São Paulo e desenvolve ações para promover bem-estar e qualidade de vida aos trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo, além de toda a sociedade. Mantido por empresas do setor, o Sesc é uma entidade privada que atende cerca de 30 milhões de pessoas por ano. Hoje, aproximadamente 50 organizações nacionais e internacionais do campo das artes, esportes, cultura, saúde, meio ambiente, turismo, serviço social e direitos humanos contam com representantes do Sesc São Paulo em suas instâncias consultivas e deliberativas. Para mais informações, acesse o portal: sescsp.org.br
Biografias dos artistas que integram a exposição PLAY
Alex Flemming
Nascido em 1954 em São Paulo (Brasil), Alex Flemming frequentou, entre 1972 e 1974, um curso gratuito de cinema na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), enquanto estudava serigrafia e gravura em metal. Durante a década de 1970 produziu curtas-metragens apresentados em festivais. Nos anos 1990 passou a realizar intervenções artísticas e exposições. Colecionando móveis, transformava-os em telas com pinturas vibrantes e textos significativos. Em 1998 deixou sua marca na estação Sumaré do metrô de São Paulo, com painéis de vidro ornados por fotografias de pessoas sobrepostas por letras coloridas, destacando versos de poetas brasileiros. Artista integrante do Acervo Sesc de Arte.
Alexandre Heberte
Nascido em 1973 em Juazeiro do Norte (Brasil), é artista, professor, tecelão e performer. Tem diploma de mestrado em artes pelo Programa de Pós-Graduação em Artes (PPGArtes) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com foco em arte e linguagem, sob orientação da professora Maria Luiza Fatorelli. É graduado em artes visuais pela Faculdade Paulista de Artes. Atua em diferentes campos das artes, com ênfase no têxtil e na educação, trabalhando com temas como pesquisa, produção, prática e ensino, especialmente no uso experimental e contemporâneo de linhas e fios. Desenvolve um projeto de pesquisa independente com ações performativas em diferentes espaços urbanos. Participou da residência para artistas da FITE Bienal Têxtil Clermont-Ferrand, em 2024.
Anna Mariah Comodos
Nascida em 1932 e falecida em 2015 em Curitiba (Brasil), Anna Mariah Comodos foi uma pioneira no cenário artístico brasileiro e uma das primeiras mulheres a obter diploma da Escola de Belas Artes do Paraná, em 1951, desafiando as normas de gênero em uma região tradicionalmente conservadora. Seu trabalho artístico, centrado principalmente na escultura e nas armaduras, explora a tensão entre delicadeza e rigidez, oferecendo uma metáfora sutil da feminilidade e do papel das mulheres na sociedade. Suas obras tridimensionais, que oscilam entre colagem, escultura e objeto, permanecem em coleções públicas de diversos museus do Paraná, testemunhando seu impacto duradouro no panorama artístico brasileiro. Artista integrante do Acervo Sesc de Arte.
Awena Cozannet
Nascida em 1974, Awena Cozannet vive e trabalha em Romans-sur-Isère (França). Em seus termos: “Minha proposta é criar a partir dos desafios do contexto, dos encontros e dos materiais que transformo”. Por meio de uma prática polimórfica, questiona a relação do ser humano com o mundo, com sua origem e sua temporalidade. Suas paisagens de esculturas oferecem uma leitura abstrata, grave, distanciada e simbólica do mundo.
Bas Kosters
Nascido em 1977 em Zutphen (Países Baixos), Bas Kosters é estilista e artista visual, formado pela Academia de Arte e Design de Enschede e pelo Instituto de Moda de Arnhem. Fundador do Bas Kosters Studio em 2005, desde 2006 apresenta suas coleções na Amsterdam Fashion Week e na London Fashion Week. Mais recentemente passou a se concentrar em sua prática artística. É apaixonado por têxteis e pela arte gráfica, e aborda emoções difíceis com leveza e humor. Cria obras de formas e cores gráficas marcantes, com a finalidade de representar o espectro emocional humano. Tem interesse pelo erotismo e por personagens de quadrinhos.
Beryl Bell
Berryl Bell é uma artista pertencente ao grupo linguístico e cultural Ngaanyatjarra (Austrália). Ela vive na remota comunidade de Kaltukatjara (Rio Docker), no Território do Norte. Morou por vários anos na comunidade de Multijulu, no Parque Nacional Uluru-Kata Tjuta. Beryl Bell pratica a arte têxtil, criando esculturas vibrantes e coloridas de tinkas (lagartos). Além da tecelagem, Beryl Bell também é uma renomada pintora de arte Tjarlirli e Kaltukatjara. Ela também pinta importantes tjukurpa (histórias da criação) da região do Rio Docker.
Dilyara Kaipova
Nascida em 1967 em Tashkent (Uzbequistão), obteve diploma pela Academia Republicana de Artes de Tashkent em 1990. Dedicou-se, em seguida, ao teatro, como cenógrafa e criadora de marionetes. Desde a segunda metade dos anos 2010, expressa-se principalmente no trabalho com o têxtil, criando padrões originais. Colabora com mestres tradicionais para produzir tecidos ikat. Em suas obras, busca a fusão entre tradições têxteis uzbeques e temas contemporâneos, incorporando bordados folclóricos e antigos tecidos soviéticos.
Donna Ferguson
Donna Ferguson é uma artista pertencente ao grupo linguístico e cultural Pitjantjatjara (Austrália). Vive na comunidade isolada de Kaltukatjara (Docker River) com seu marido e filho pequeno. Nascida em Alice Springs (Austrália), passou a infância entre Kaltukatjara e outras comunidades vizinhas para visitar sua família. Começou a tecer em 2014, criando uma escultura de camelo com lã e grama. Em seguida passou a trançar cestos de cores vivas. Ao falar sobre seu trabalho, diz que se inspira nos animais que vê no deserto central, como camelos, perus-do-mato e dingos.
Elen Braga
Nascida em 1984 no Maranhão (Brasil), Elen Braga reside atualmente em Bruxelas (Bélgica), onde obteve um diploma de mestrado em Performance e Cenografia. Criadora de performances e instalações artísticas, explora a natureza humana destacando seu aspecto físico e mergulhando na anatomia do corpo. Sua abordagem artística também trata de temas como ar, espaço e meio ambiente. Recentemente direcionou seu trabalho para o campo têxtil, especialmente para as tapeçarias, evocando mundos e criaturas mitológicas.
Felipe Barbosa
Nascido em 1978 em Niterói (Brasil), Felipe do Nascimento Barbosa desenvolveu sua paixão pela arte desde cedo. Estudou pintura na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde se formou em 2001. Ampliou sua formação com cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e explorou a gravura em metal no Museu do Ingá, em Niterói. Distingue-se pelo uso inventivo de objetos encontrados na vida cotidiana, como fósforos, tampinhas de refrigerante e bilhetes de metrô, que integra às suas obras para criar composições originais. Paralelamente à sua prática artística, participa de intervenções urbanas com o grupo Atrocidades Maravilhosas. Artista integrante do Acervo Sesc de Arte.
Gina Dinucci
Nascida em 1973 no Brasil, Gina Dinucci é artista e educadora. Sua trajetória inclui participação em salões, residências, oficinas e exposições em diversos espaços artísticos e culturais. Sua obra se caracteriza por uma multiplicidade de suportes, operações e técnicas, envolvendo reflexões sobre a memória, as relações humanas, a dinâmica urbana e os contextos políticos. Em sua prática, se apropria de imagens e objetos de sua vida cotidiana, explorando dimensões e símbolos pessoais, sociais, históricos e formais. Interessa-se pela interseção entre produção artística, produção de conhecimento e prática educativa, especialmente na área da educação. Participou da residência para artistas da FITE Bienal Têxtil Clermont-Ferrand, em 2024.
Hannah Epstein
Nascida em 1985 na Nova Escócia (Canadá), Hannah Epstein estudou folclore e religiões na Universidade Memorial de Terra Nova (Canadá) e concluiu mestrado em Belas Artes na Universidade Carnegie Mellon (Estados Unidos). Desde os 25 anos especializa-se na criação de tapetes, considerando-os uma extensão direta de seu interesse pela arte popular. Segundo a artista, sua confecção de tapetes incorpora uma dimensão cômica, combinando humor e absurdo por meio da representação de monstros coloridos e personagens em estilo de quadrinhos. Paralelamente, ela integra inteligência artificial e videogames em suas criações.
Hélio Oiticica
Nascido em 1937 no Rio de Janeiro (Brasil), Hélio Oiticica faleceu em 1980 na mesma cidade. A partir de 1963 estudou pintura com Ivan Serpa na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro. Reconhecido por seu engajamento no movimento neoconcretista, que rejeita o racionalismo da arte concreta em favor de uma abordagem fenomenológica, ele também se distingue por sua abordagem inovadora da cor. Passando em seguida para o movimento tropicalista, o artista brinca com o estereótipo do Brasil como paraíso tropical. Ao protestar contra a ditadura, oferecendo um espaço de liberdade aos visitantes, criou uma arte completamente brasileira que engloba a música, o teatro, as artes plásticas e visuais, bem como diversas formas de expressão artística.
Ivan Cardoso
Nascido em 1952 no Rio de Janeiro (Brasil), Ivan Cardoso é cineasta, fotógrafo e produtor. Reconhecidos por um estilo particular denominado terrir (junção de terror e riso), seus filmes combinam elementos clássicos do cinema de horror com aspectos cômicos e pornográficos. Iniciou sua produção nos anos 1970, e em 1979 realizou o documentário HO, sobre o trabalho de Hélio Oiticica, reunindo imagens de arquivo e curtas sessões filmadas.
Leda Catunda
Nascida em 1961 em São Paulo (Brasil), Leda Catunda é artista visual, pesquisadora e professora. Figura central da chamada Geração 80, distingue-se por sua investigação sobre a representação das imagens e o universo pop. Seu percurso artístico tem origem no desejo de subverter expectativas acadêmicas. A artista utiliza a pintura de forma conceitual para transformar em tela objetos do cotidiano, como flanelas, cortinas de banheiro ou toalhas, evidenciando e recriando um mundo saturado de imagens. Sua obra também explora esportes urbanos, como o surf, o basquete e o skate. Artista integrante do Acervo Sesc de Arte.
Gustavo Caboco
Nascido em 1989 em Curitiba (Brasil), Gustavo Caboco cresceu em um ambiente urbano ouvindo as histórias de sua mãe, uma mulher Wapichana que aos 10 anos de idade (em 1968) deixou sua aldeia, na terra indígena de Canauanim. As histórias que acompanharam a jornada de retorno que ele e sua mãe empreenderam em 2001 àquele território moldaram o destino do artista. Caboco, ou caboclo, remete a uma identidade elusiva, a um elemento cultural essencial da Amazônia brasileira contemporânea, sendo um termo polissêmico que pode se referir à miscigenação entre europeus brancos e nativos americanos. No desenho, na escrita, no bordado, no som e na escuta, ele encontrou formas de dialogar com as realidades e a identidade indígena. O artista explora maneiras de refletir sobre o deslocamento de corpos indígenas, bem como formas de (re)conexão com territórios indígenas originais e com a cultura da memória.
Mark Newport
Nascido em 1964 em Nova York (Estados Unidos), Mark Newport obteve seu mestrado na Escola do Instituto de Arte de Chicago, em 1991. Atualmente é responsável pelo departamento de fibras da Academia de Arte de Cranbrook e explora o têxtil, a impressão, a fotografia e a performance. Em suas criações, revela a vulnerabilidade inerente aos ideais tradicionais da masculinidade ocidental. Também expande os limites de linguagem das roupas de super-herói, destacando materiais, texturas e a prática do tricô, além de questionar a forma corporal padrão do herói.
Mestre Nato
Nascido em 1952 e falecido em 2014 em Belém (Brasil), Mestre Nato, registrado como Raimundo Nonato da Silva, foi alfaiate e cenógrafo. Quando adolescente, aprendeu a costurar com a avó. Já nos anos 1970 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde estudou desenho e aquarela na Sociedade Brasileira de Belas Artes. Atuou no teatro e tornou-se cenógrafo pela Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (UFPA). É especialmente lembrado pelos estandartes criados a partir de 2002 para o Arraial do Pavulagem, um grupo de música regional brasileiro. Explorou sua criatividade artística abordando temas como mitologia, religiosidade e sexualidade.
Saïd Atabekov
Nascido em 1965 em Besh-Terek (Cazaquistão), Said Atabekov iniciou sua trajetória artística em 1993, durante o período da perestroika (a reconstrução) na URSS. Essa época de mudanças radicais inspira suas instalações e fotografias, que refletem temas de transformações nacionais, pessoais e culturais. Ele captura a imagem da Ásia Central, expressando o paradoxo pós-moderno e explorando o modo como a globalização atrapalha a vida nômade por meio de símbolos que infiltram lugares ancorados em tradições locais. Em 1993 fundou o grupo artístico Kyzyl Traktor (Trator Vermelho), que reúne artistas vanguardistas no Cazaquistão.
Sheryth Bronson
Sheryth Bronson é uma artista do grupo linguístico e cultural Ngaanyatjarra (Austrália). Ela vive na remota comunidade de Kaltukatjara (Rio Docker), no Território do Norte. Sheryth Bronson é cesteira, utilizando capim-wangunu nativo e ráfia para criar cestos grandes e coloridos. Ela cria esculturas de fibra em oficinas em sua comunidade. Sheryth Bronson também pinta importantes tjurkurrpa ('histórias da criação') da região de Kaltukatjara em seu centro de arte, Tjarlirli Art.
Tales Frey
Nascido em 1982 no Brasil, Tales Frey vive e trabalha entre Brasil e Portugal. É mestre em Estudos da Arte pela Universidade do Porto e doutor em Estudos Teatrais e Performativos pela Universidade de Coimbra (Portugal). Artista multidisciplinar, cria esculturas, fotografias e performances. Suas obras frequentemente exploram a corporeidade e abordam questões sociais, utilizando o corpo em diferentes contextos como meio de expressão e discussão.
Biografias dos artistas que integram o programa de residência da exposição PLAY
Arnaud Cohen
Nascido em 1968, Arnaud Cohen é um artista contemporâneo franco-português, escultor e artista plástico que vive e trabalha entre Maiorca e Paris. Iniciou sua carreira como artista plástico em 1997, integrando a galeria Marwan Hoss (Paris e Bruxelas). Na época, sua prática era inteiramente voltada para a colagem; utilizava todos os materiais existentes, recusando-se a pintar ou esculpir para, em seus termos, “resistir a qualquer tentação decorativa”. Em suas colagens encontramos vestígios de sua vida pessoal, lembretes e cartazes eróticos. Ainda que continue tratando de seus temas de predileção (a responsabilidade individual na construção de destinos coletivos), seu trabalho evoluiu nos anos 2000. Ele questiona a possibilidade de falar sobre arte de outra maneira (como escapar das regras do mercado?), destacando a repetição dos mesmos artistas, coleções e lugares, “muitas vezes, em favor de uma comunicação de grupo”.
Delphine Ciavaldini
Delphine Ciavaldini vem de uma formação em artes cênicas e atua no ramo há 25 anos. Começou sua carreira trabalhando com figurinos e adereços e depois passou para a cenografia e a direção de palco. A compreensão do espaço e a dramaturgia influenciaram fortemente sua prática como artista visual. Desde 2012 cria instalações que se assemelham a ambientes, onde o visitante se move pelas salas e torna-se um pouco mais do que um espectador. O espaço é entregue à experiência, com a circulação permitindo que questões e pensamentos pessoais se misturem a consciências e memórias coletivas. A artista constrói suas instalações a partir de materiais cotidianos que já foram usados e os recodifica para que nos digam algo mais sobre nossas vidas cotidianas, sobre os elos que nos ligam às necessidades que nos definem.
Nikita Kravtsov
Nascido em 1988 em Yalta (Ucrânia), Nikita Kravtsov vive e trabalha em Paris. Pintor, formou-se pela Academia Nacional de Belas Artes de Kiev em 2013. Desenvolve vários projetos em diversos meios (audiovisual, pintura, colagem e bordado), com o objetivo de expressar uma crítica social marcada pelo absurdo. Desde 2016 integra o coletivo artístico ThetOOth&therOOt.
Roméo Mivekannin
Nascido em 1986 em Bouaké (Costa do Marfim), Roméo Mivekannin vive entre Toulouse (França) e Cotonou (Benim). Após uma formação em marcenaria e estudos em História da Arte, ingressou na Escola Nacional Superior de Arquitetura de Toulouse. Paralelamente aos estudos, desenvolveu uma prática artística pessoal, experimentando da escultura à pintura. Após os estudos, dedicou-se à prática artística e iniciou um doutorado em História da Arte, Sociologia e Arquitetura. No cruzamento entre tradição ancestral e mundo contemporâneo, o artista integra rituais próprios, com referência à cosmologia vodu, muito presente no Benim. Sua prática atua com as matérias e busca movimentar as fronteiras estabelecidas entre as disciplinas, com a intenção de operar, tanto formal quanto simbolicamente, um gesto de pintura, escultura e instalação, rompendo fronteiras disciplinares em um ato de infração que lhe é próprio.
Sabrina Calvo
Nascida em 1974 em Marseille (França), Sabrina Calvo é artista visual e escritora. Trabalha com materiais e estéticas do pós-pornô e do fantástico nos campos da moda e da escultura têxtil. Em suas obras, explora temas como relações íntimas, transcendência e feminismo, associando-os a elementos do cyberpunk, da ficção científica e do simbolismo. Seu primeiro romance, intitulado Délius, une chanson d’été, foi publicado em 1997. Desde então publicou cerca de uma dezena de romances, contos e histórias em quadrinhos.
SERVIÇO
Exposição PLAY
Abertura: 24 de agosto de 2025, às 14h
Visitação até 25 de janeiro de 2026
Espaço Expositivo – 2º andar
Classificação Indicativa: Livre
Acessibilidade: Libras, audiodescrição e objetos táteis
Terça a sábado, das 10h30 às 21h. Domingos e feriados, das 10h30 às 18h.
Sesc Pinheiros
Rua Paes Leme, 195, Pinheiros, São Paulo.
Terça a sexta: 10h às 21h30. Sábados: 10h às 21h. Domingos e feriados: 10h às 18h30.