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Criado por lei municipal n. 501\75 e instalado em 10 de abril de 1977, o Museu do Escravo funcionou, inicialmente, na Fazenda da Boa Esperança, conjunto arquitetônico tombado pelo IEPHA em fevereiro de 1975(Decreto no 17.009), situado a 6 km do núcleo urbano de Belo Vale. Administrado pela Prefeitura Municipal, o Museu, de fato, origina-se das iniciativas particulares do Padre Luciano Jacques Penido, seu fundador e responsável pela reunião e organização de suas coleções, figurando, ainda hoje, como uma espécie de mentor do Museu.
Em 13 de maio de 1988, o Museu foi transferido para um prédio construído para esse fim, no centro da cidade, iniciativa que contou com o apoio da família Jacques Penido, da Prefeitura e da comunidade de Belo Vale. Localizado aos fundos da Igreja Matriz de São Gonçalo da Ponte, erguida em 1764, a arquitetura de fachada do prédio do Museu copia o estilo de residências coloniais mineiras, simulando um cenário urbano.Internamente os cômodos do casarão formam seis salões de exposição separados por paredes e grandes janela em cantaria, ao gosto barroco. No pátio interno, nos fundos do casarão, foi construída uma espécie de "senzala" na forma de U, também destinada à exibição de acervo.
Apesar de dedicado ao escravo, o Museu reúne um acervo bastante variado: arte e objetos sacros, mobiliário de diferentes épocas e estilos, maquinário (relógios, máquinas fotográficas e de escrever, rádios, telefones, etc.) arte e utensílios indígenas, achados arqueológicos, objetos de montaria, instrumentos de trabalho, armaria, instrumentos musicais, utensílios e ornamentos domésticos, louça e prataria, dentre outros.
Em números reduzidos, o acervo de referência exclusiva ao escravo compõe-se de instrumentos de castigo, cópias de documentos iconográficos, objetos de arte afro-brasileira, objetos de uso pessoal, além de montagens museográficas como de um escravo sendo castigado em pelourinho, localizado no pátio externo; indumentária, moradia e utensílios, usados na produção do filme "Zumbi - Quilombo dos Palmares", doados pelo cineasta Cacá Diegues, expostos na construção em U no pátio externo, onde também está localizado um túmulo ao escravo desconhecido.
Resultado de um colecionismo assistemático sem propósitos científicos ou educativos, o Museu figura como um "’mostruário de antiguidades e de objetos raros", no qual os objetos se justapõem em arranjos inusitados e sem critérios. Desprovido de qualquer conceituação, o caráter meramente acumulativo do seu acervo parece atender aos anseios de muscalização de uma comunidade ciente de seu passado, mas pouco instrumentalizada para a preservação de seu patrimônio. È possível dizer que o Museu do Escravo transita entre um gabinete de curiosidade, que busca dar mostras dos mais diferentes vestígios do passado, abarcando de achados arqueológicos a exemplares de máquinas do século XX, sem qualquer abordagem que permita estabelecer nexos entre os mesmos e a prática museográfica, comum em museus americanos, de simulações de realidades e contextos, a exemplo da arquitetura "colonial" do prédio que o sedia, da construção da senzala e do escravo no pelourinho.
É importante ressaltar que grande parte do acervo de arte sacra do Museu é originário da Igreja Matriz que, a despeito de sua representatividade barroca, encontra-se em precárias condições de conservação, tendo sofrido perdas e intervenções comprometedoras de leigos, como repinturas, trocas piso, etc. Em face ás descaracterizações da Igreja, transferência de seu acervo para o Museu apresentou-se como uma medida de segurança possível.
O município sedia ainda as Igrejas de Santana do Paraopeba, de 1735, de Nossa Senhora da Conceição, de fins do século XVII e de Nossa Senhora da Boa Morte, de 1760, importantes exemplares da arquitetura e arte religiosa colonial, que também encontram-se em condições de conservação não muito diferentes daquela da Matriz.
Além desses importantes exemplares da arquitetura religiosa colonial, integra o patrimônio da cidade a Fazenda da Boa Esperança, de propriedade do IEPHA-MG. Situada no trajeto da antiga Estrada Real, que ligava Ouro preto ao Rio de Janeiro, a Fazenda possui um dos mais expressivos casarões rurais de Minas, exibindo mucharabis, muros de pedra, janelas almofadas e ampla varanda, onde encontra-se uma capela, com obras de Francisco Vieira Servas e Mestre Ataíde.
Embora o imponente casarão encontre-se fisicamente preservado, não foi adotado qualquer recurso comunicativo, com o intuito de oferecer informações sobre o conjunto tombado, de modo a promover uma mediação mínima entre o público e aquele bem cultural.
Situam-se ainda no município de Belo Vale sítios arqueológicos, em áreas de antigas fazendas e possíveis quilombos, que foram pouco explorados, merecendo um programa de pesquisas e estudos científicos.
Em face desse rico patrimônio cultural, entende-se que a reformulação do Museu do Escravo deve envolver ações capazes de transformar o seu perfil institucional, assegurando-lhe uma dinâmica cultural condizente com sua função social. Mais que isto, deverá constituir-se em uma primeira etapa de um programa mais extenso de preservação do patrimônio municipal. Para tanto o museu deverá ser tratado como um dos "lugares da memória" de Belo Vale, estando, portanto, inserido em uma rede de testemunhos do passado da região, integrada pela Fazenda da Boa Esperança, pelas Igrejas, especialmente a Matriz e pelos sítios arqueológicos.
fax: (31) 3734-1150
e-mail: bvculturaeturismo@yahoo.com.br