"Cadê a arte preta?", questionou Negro M.I.A na abertura da SP - Arte, Festival Internacional de Arte de São Paulo realizado desde 2005 no pavilhão da Bienal.
Em frente à parede externa de uma das galerias expositoras, com uma lata de spray na mão, o artista desenhou um asterisco: sinal de pontuação usado para marcar uma referência. Um funcionário com a camiseta “Staff” e uma produtora do evento aproximaram-se, mas não ousaram interromper. M.I.A não se abalou e encerrou sua intervenção com a frase que abre o texto: ‘Cadê a arte preta?’.
A intervenção nem de longe causou tumulto entre os presentes, que apenas observavam. No vídeo (veja abaixo), M.I.A recebeu elogios. “Sensacional! Recado tá dado”, comentou o ator e diretor Caio Blat. Procurado pelo g1, o artista não quis se pronunciar. Consultada, a organização do evento disse que não vai retirar a intervenção do artista. A SP - Arte está em cartaz até 2 abril no Pavilhão da Bienal.
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Em fevereiro, Negro M.I.A fez uma intervenção numa obra do britânico Banksy durante o pré-lançamento da mostra “The Art Of Banksy: Without Limits" realizada no Shopping Eldorado, em São Paulo. Uma seguidora comentou que Bansky com certeza apoiaria o artista.
Relembre o caso
Print da “Releitura da obra de arte ‘English Maid’ do artista britânico Banksy” por Negro M.I.A — Foto: Reprodução
- O paulistano pichou em cima de uma réplica de "Swept It Under The Carpet" a frase "Distanciamento social sempre existiu. Bem vindos ao Brazil”.
- Negro M.I.A. é admirador de Banksy, também um artista de rua, e da mensagem que seu trabalho carrega. M.I.A também criticou os preços da exposição realizada num dos shoppings mais caros de São Paulo.
- “Todos nós sabemos que o mercado da arte é uma bolha impenetrável, e que de nada interessa a expressão do artista e sim o lucro que seu trabalho pode render”, escreveu na época no seu Instagram. “As obras de Banksy carregam diversos questionamentos sobre o comportamento da sociedade em que vivemos. Elas exibem mensagens com alto teor de crítica social, e mesmo assim o mercado se apropria e faz o que quer.”
- Intitulada “Releitura da obra de arte ‘English Maid’ do artista britânico Banksy”, o print em papel couche 300gm, dimensão 30 cm x 42 cm, está à venda no seu site.
- O CEO da BLAST Entertainment e diretor-geral da exposição respondeu à época que a arte é comercializada desde sempre.
- M.I.A já fez intervenções em obras que normalizam o passado escravagista do Brasil. Um dos objetivos: chamar a atenção para a história cruel praticada por figuras homenageadas.
Fonte: G1