Muda-se para Milão, Itália, na década de 1930, onde estuda arte e filosofia. Abandona os estudos durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Estabelece-se em Roma em 1946, e, em 1949, obtém permissão para mudar-se para o Brasil. Fixa residência em Porto Alegre, onde trabalha com design gráfico, faz pintura, escultura de cerâmica, poemas e restauro de imagens barrocas, assinando com seu nome de casada Mirra Hargesheimer. Sua participação na 1ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1951, permite contato com experiências internacionais e a inserção na cena nacional.
Dois anos depois muda-se para São Paulo e adota o sobrenome Schendel. Na década de 1960 realiza desenhos em papel de arroz. Em 1966, cria a série Droguinhas, elaborada com papel de arroz retorcido e trançado, que é apresentada em Londres, na Galeria Signals, por indicação do crítico de arte Guy Brett (1942). Nesse ano, passa por Milão, Veneza, Lisboa e Sttutgart. Conhece o filósofo e semiólogo Max Bense (1910 - 1990), que contribui para a realização de sua exposição em Nurembergue, Alemanha, e é autor do texto do catálogo. Em 1968 começa a produzir obras utilizando o acrílico, como Objetos Gráficos e Toquinhos. Entre 1970 e 1971, realiza um conjunto de 150 cadernos, desdobrados em várias séries. Na década de 1980, produz as têmperas brancas e negras, os Sarrafos e inicia uma série de quadros com pó de tijolo. Após sua morte, muitas exposições apresentam sua obra dentro e fora do Brasil e, em 1994, a 22ª Bienal Internacional de São Paulo lhe dedica uma sala especial. Em 1997, o marchand Paulo Figueiredo doa grande número de obras da artista ao Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP.
A produção artística de Mira Schendel, marcada pela constante experimentação, é constituída por múltiplas séries de trabalhos, experiências bastante diversas quanto a formato e dimensões, aos suportes escolhidos e à técnica adotada, mas que guardam entre si uma coerência no que diz respeito às questões por eles suscitadas. As obras de Mira Schendel geralmente não têm títulos, mas ela nomeia as séries, que funcionam como apelidos aos trabalhos. Na década de 1950, sua linguagem pictórica simplifica-se progressivamente, em trabalhos que exploram o tratamento dado à superfície.
Realizou um grande número de exposições individuais, entre as quais as que se seguem:
1950 – Sede do jornal Correio do Povo, Porto Alegre
1954 – Museu de Arte Moderna de São Paulo
1960 – Galerias Adorno, Rio de Janeiro, RJ
1962 – Selearte, São Paulo
1963 – Galeria São Luiz, São Paulo
1964 – Astreia, São Paulo; Aremar, Campinas SP
1965 – Petite Galerie, Rio de Janeiro
1966 – Signals, Londres, Inglaterra; Buchhols, Lisboa; Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro
1967 – Technische Hochschule, Stuttgart, Alemanha
1968 – Lisson Gallery, Londres; Gramholt Galleri, Oslo, Noruega e St Stephan Gallerie, Viena
1969 – Gallerie bei Minoritensaal, Graz, Áustria
1972 – Galeria Ralph Camargo, São Paulo
1973 – Instituto Brasileiro-Americano, Washington, Estados Unidos
1974 – Schmidtbank Galerie, Institut für Moderne, Nuremberg, Alemanha
1975 – Studiengalerie, Stuttgart; Galeria Luiz Buarque de Hollanda e Paulo Bittencourt, Rio de Janeiro
1978 – Gabinete de Artes Plásticas, São Paulo
1981 – Galeria Luiza Strina, São Paulo
1982 – Paulo Figueiredo Galeria de Arte, São Paulo e GB-Arte, no Rio de Janeiro
1984 – Paulo Figueiredo Galeria de Arte e Museu de Arte Contemporânea, Universidade de São Paulo, São Paulo
1986 – Galeria de Arte da UFF, Niterói, RJ; Galeria Tina Zappoli, Porto Alegre
1987 – Paulo Figueiredo Galeria de Arte, São Paulo; Galeria de Arte Raquel Arnaud, São Paulo; Galeria Usina Arte, em Vitória, ES; Galeria Thomas Cohn e Sérgio Millet, Rio de Janeiro.
Participou, entre outras, das seguintes exposições coletivas:
1964 – Bienal de Córdoba, Córdoba, Argentina
1965 – Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa; Eton College Art School, Windsor, Inglaterra, e Signals London Gallery, Londres
1967 – Salão de Campinas, SP, e Bienal de São Paulo, São Paulo, prêmio de aquisição
1968 – Lisson Gallery, Londres e Bienal de Veneza, Veneza
1971 – II Trienal da Índia, Nova Délhi, medalha de ouro
1973 –Lisson Gallery, Londres
1974 – Bergen, Noruega
1976 – Arte Fiera 76, Bolonha, Itália; Cali, Colômbia e Veneza
1978 – 39ª Bienal de Veneza, Veneza
1982 – Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, Lisboa, e Barbican Art Gallery, Londres; Kouros Gallery/Center for Interamerican Relations, Nova York, Estados Unidos
1983 – Mary-Anne Martin Fine Arts, Nova York; Barbican Art Gallery, Londres
1987 – Gutemberg Museum, Mainz, Alemanha; Musée d'Art Moderne de La Ville de Paris, Paris, França.
O Museu de Arte Moderna de São Paulo, entre outras instituições, possui em seu acervo obras da artista, doadas pelo marchand Paulo Figueiredo.
Mira Schendel - Sem título, série Toquinhos - 1972 - Letraset e papel artesanal tingido com ecoline sobre papel - Assinado canto inferior direito - 49 x 25 cm.
Mira Schendel - Sem título, série Toquinhos - 1972 - Letraset e papel artesanal tingido com ecoline sobre papel - Assinado canto inferior direito - 49 x 25 cm.