"O crucifixo (Entre Deus e o Diabo)" é o nome do quadro de Marc Chagall que faz parte da exposição que o Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) expõe com obras alusivas ao culto mariano no ano em que se celebra o centenário das "aparições" de Fátima.
Comissariada pelo diretor-adjunto do MNAA, José Alberto Seabra Carvalho, e por Alessandra Rodolfo, do Museu do Vaticano, a mostra integra pinturas de primitivos italianos, de grandes mestres do Renascimento e do Barroco e notáveis tapeçarias e códices iluminados do acervo da Biblioteca Apostólica Romana, explicou hoje à imprensa José Alberto Seabra Carvalho.
A mostra exibe ainda obras da Galleria Borghese - obras de Venusti e Sassoferrato - e da Galleria Corsini - Gentileschi e Van Dyck.
A mostra percorre um período de quase mil anos, do final da Antiguidade Clássica à época moderna, sob o grande eixo temático da Virgem Maria, explicou hoje o comissário numa apresentação à imprensa.
"Madonna - Tesouros do Vaticano" está dividida em oito núcleos: "Da Antiguidade aos nossos dias. Um culto e as suas imagens", "Bolonha, Siena e Florença. O triunfo da Madonna na pintura dos séculos XIV e XV", "Renascimento. Rafael e Miguel Ângelo", "Maneirismos e mistérios do Rosário", "Barocci, Van Dyck e alguns outros", "O novo Triunfo da Madonna", "Sumptuosas tapeçarias Papais" e "Imagens de Maria. Obras italianas em coleções portuguesas".
O quadro de Chagall, uma obra de 1943, é uma "exceção" na mostra, por datar de um tempo que não está representado na exposição, constituindo um momento "festivo e inesperado", segundo o diretor-adjunto do museu.
Já o desenho de Leonardo da Vinci, que pertence à Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, é, ao que se sabe, é o único trabalho do artista renascentista em Portugal, sem que se saiba como chegou ao país.
Entre as obras cedidas pelo Vaticano conta-se uma de um português - Álvaro Pires de Évora -, que fez carreira conhecida emnaItália a partir de 1411, segundo o comissário da mostra.
Durante a visita, o comissário chamou a atenção para uma obra de Fra Angelico, de nome "Virgem com o Menino entre São Domingos e Santa Catarina de Alexandria", tratando-se da menor obra da mostra, mas das mais importantes, frisou.
José Alberto Seabra Carvalho disse ainda aos jornalistas que o museu tentou ter uma obra de Caravaggio na mostra, o que não foi, contudo, possível.
A última sala da mostra é preenchida com obras portuguesas, algumas das quais pouco conhecidas ou mesmo desconhecidas dos portugueses, todas em torno da temática da Virgem Maria.
Entre elas conta-se uma pintura do século XVI doada por um particular ao Paço de Sintra, um quadro da coleção Palmela que só foi exibida numa exposição em meados de 1800 e um quadro de grandes dimensões que foi doado ao Convento beneditino de Singeverga, em Roriz, Santo Tirso.
Na apresentação da mostra, o diretor do MNAA, António Filipe Pimentel, agradeceu às várias pessoas que possibilitaram que algumas das mais famosas obras do Vaticano fossem expostas em Portugal.
Entre as individualidades presentes na cerimónia de hoje estava o núncio apostólico em Lisboa, Rino Passigato, com quem a direção do MNAA começou as negociações para a realização da exposição há mais de dois anos, disse António Filipe Pimentel.