Em Roma, o menor buraco pode se transformar em uma verdadeira expedição arqueológica, e é comum que obras públicas tenham que ser interrompidas por conta da descoberta de um tesouro do passado.
Recentemente, durante uma obra para recuperação de um duto de esgoto, uma estatua em mármore em tamanho real foi encontrada em um poço de 20 metros de profundidade. Segundo arqueólogos, a figura provavelmente representa o imperador Décio Trajano “fantasiado” como o semideus mitológico Hércules.

A antiga estátua não teve sua datação ainda determinada, mas mostra o imperador do ano 249
A estátua foi descoberta em obra no esgoto da região do Parco Scott, Parque Arqueológico na Via Appia Antica. Ainda que os dados estratigráficos não tenham ainda determinado precisamente a datação da peça, o bom estado permitiu comparações iconográficas que levaram à identificação da representação do imperador.
Segundo comunicado oficial, apesar do rosto da estátua apresentar corrosão como efeito do tempo, a identificação das “rugas de ansiedade” típicas dos retratos oficiais de Décio, bem como de traços peculiares, como a barba, os olhos, nariz e boca, permitiram a identificação.

A representação revela detalhes da roupa de Hércules e das rugas de expressão do imperador
“As primeiras comparações iconográficas nos levaram a identificar o personagem vestido de Hércules como sendo o imperador Caio Messius Quintus Traianus Decius, mais conhecido como Décio Trajano, que reinou entre os anos 249 e 251 da era comum, quando foi assassinado, junto de seu filho Herênio Etrusco, na Batalha de Abrito, entre godos e romanos”, explicou a equipe, em comunicado.
A associação com Hércules na estátua aparece através da pele de um leão que a figura veste sobre sua cabeça: na mitologia, o primeiro dos doze trabalhos de Hércules foi matar o Leão de Nemeia – e, após o feito, o herói extraiu o couro do animal com as próprias mãos e passou a usar a pele como manto protetor.

Local de escavação em obra na região do Parque Arqueológico na Via Appia Antica, em Roma

A estátua não foi descoberta em seu preciso local original, e teve os pés partidos
Segundo consta, no Império Romano era comum que estátuas e outras representações em moedas, vasos, esculturas e pinturas mostrassem imperadores e figuras de prestígio com adornos que remetessem ao semideus da mitologia, como forma de adoração e também de demonstração de força.
De acordo com a arqueóloga Jane Draycott, a descoberta da estátua, que depois de encontrada foi enviada para trabalhos de limpeza e restauração, foi “uma surpresa agradável em meio ao esgoto”.
Fonte: Hypeness