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Autobiografia de Chagall fornece raro vislumbre da mente do artista russo - Guia das Artes
Autobiografia de Chagall fornece raro vislumbre da mente do artista russo
Autobiografia de Chagall fornece raro vislumbre da mente do artista russo
Escrita no início da década de 1920, “Minha Vida” é uma autobiografia poética em que Chagall tenta se reconciliar com sua infância difícil e com o início da vida adulta no Império Russo.
inserido em 2016-07-08 13:44:17
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Marc Chagall nasceu em uma pobre e tradicional família judaica no dia 6 de julho de 1887, em Vitebsk (na atual Bielorrússia). Durante sua infância e juventude, o antissemitismo e os pogroms (atos em massa de violência contra judeus, protestantes, eslavos e outras minorias étnicas) eram comuns no Império Russo. Em “Minha Vida”, que foi escrito no início de 1920, o artista fornece um breve olhar sobre sua vida na Rússia.Chagall compartilhou muitas recordações agradáveis e há relatos históricos interessantes sobre sua infância, incluindo quando o tsar Nikolai II visitou Vitebsk para avaliar os regimentos que estavam prestes a seguir para o Extremo Oriente a fim de lutar na guerra russo-japonesa. “Fileiras de garotos, animados e sonolentos, eram encontradas ao longo do caminho, e seguiam em longas filas pelos campos cobertos de neve”, descreveu Chagall.Depois de esperar por horas com neve até os tornozelos, os meninos viram o comboio que transportava a comitiva. De longe, conseguiu avistar o tsar, que parecia “muito pálido”.Aos 19 anos, Chagall mudou-se para São Petersburgo, onde foi aluno do famoso artista russo Leon Bakst. Na época, enfrentava uma verdadeira batalha financeira e só podia se dar ao luxo de alugar metade de um quarto. Em certa passagem do livro, ele descreve o dia em que testemunhou um companheiro de quarto bêbado apontando a faca para a esposa na tentativa de obrigá-la a ter relações sexuais com ele.“Percebi então que, na Rússia, os judeus não são os únicos que não têm o direito de viver, mas também muitos russos, amontoados como piolhos no cabelo”, escreveu.O artista sentiu-se aliviado ao experimentar mais liberdade após se mudar para Paris em 1910. Mas, embora estivesse feliz na capital francesa, Chagall ansiava por retornar à Rússia. Mesmo assim, seu amor pelas obras de artistas europeus manteve-o na França. Depois de uma visita ao Louvre, que já exibia obras de Manet, Delacroix e Courbet, Chagall “não queria mais nada”.“Aqui no Louvre (...) eu entendi por que eu não poderia me aliar à Rússia e à arte russa”, declarou. “Porque meu próprio discurso é estrangeiro para eles.”De volta à RússiaNo livro, Chagall descreve também o encontro com sua futura esposa, Bella Rosenfeld.“Seu silêncio é meu, seus olhos são meus”, escreveu. “É como se ela soubesse tudo sobre minha infância, meu presente, meu futuro, como se pudesse enxergar através de mim.”Em 1914, Chagall voltou a Vitebsk para se casar com Bella. O que seria uma curta visita acabou se transformando em uma estadia de oito anos, já que a eclosão da Primeira Guerra Mundial forçou o artista a permanecer na Rússia.Ao longo dos anos seguintes, tornou-se famoso em todo o país, e suas obras foram exibidas em Moscou e São Petersburgo.Após a Revolução Bolchevique, Chagall assumiu o papel de Comissário das Artes para Vitebsk e fundou o Colégio das Artes na cidade. Mais tarde, mudou-se para Moscou com sua mulher, mas teve pouco sucesso profissional. Enfrentando a pobreza e uma vida difícil na União Soviética, pediu um visto de saída em 1921. Começou a escrever suas memórias enquanto aguardava a permissão para voltar à França.As raízes russas do Chanel nº5 width=As raízes russas do Chanel nº5Apesar das dificuldades na Rússia e da discriminação que Chagall enfrentou, em sua autobiografia fica evidente que ele não nutria uma imagem negativa em relação à Rússia. Seu maior apego, é claro, era a sua cidade natal Vitebsk.O livro se encerra com seus últimos pensamentos finais antes de partir para Paris. “E talvez a Europa vá me amar, e, com ela, a minha Rússia”, escreveu.Nove décadas depois, Marc Chagall é lembrado com carinho na Europa, como um dos grandes artistas do século 20, e também na Rússia, que hoje faz questão de resgatar a memória de um de seus filhos pródigos.
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