As telas de cinco artistas plásticos reconhecidos nacionalmente estão reunidas na exposição "Agora", no Espaço Sierra, em Belém, a partir deste fim de semana. Emanuel Franco, Jorge Eiró, Geraldo Teixeira, Paulo Andrade e Ruma de Albuquerque trazem produções inéditas e técnicas variadas de composições. As obras são apresentadas em conjunto com os elementos que compõem os diversos ambientes, em um projeto assinado pela arquiteta Ana Paula Rocha. A mostra fica aberta ao público até o dia 13 de julho.
Em alusão às praças gregas que serviam de ponto de reuniões populares, decoradas com obras de arte, a exposição reúne cinco vertentes artísticas de importantes nomes das artes plásticas no Pará. As narrativas visuais de Jorge Eiró, por exemplo, operam com multifacetadas referências estéticas vindas da arquitetura, design, literatura, cinema, música e da cultura pop, que compõem o que ele chama de suas "arquitexturas do afeto".
Já Emanuel Franco traz à mostra as telas da série inédita "Animais na pista", parte integrante da pesquisa realizada sobre estradas, que ele iniciou na década de 90. As rodovias, assim como os rios, são os temas de interesse de Emanuel. Em "Animais na pista" - última da sequência das séries "Trajetos da poeira" e "Trajetos dos padroeiros" - ele faz a releitura de animais de diferentes espécies em composições expressas na técnica em acrílica sobre tela com o emprego de lonas surradas em dimensões variadas.
O processo criativo de Emanuel vem da observação das cenas do cotidiano das estradas em diferentes excursões. "A minha pesquisa começou na convivência com os caminhoneiros e na frequência em restaurantes de beira de estrada, na observação das igrejinhas e dos moradores. Consegui acumular elementos que foram entrando na obra. Essa realidade me chama muito a atenção", explica.
As obras de Geraldo Teixeira trazem referências da herança colonial barroca portuguesa, muito presente em Belém do Pará. O trabalho dele explora a iconografia dos azulejos e mosaicos mouro-lusitanos, criando filigranas de texturas e cores. No domínio da técnica, Geraldo move-se na fluidez da cor, da plasticidade e da arqueologia de uma paisagem gravada no imaginário regional, transportada para a tela em fragmentos. "Resgato a visualidade que nós tínhamos e estamos perdendo, a tradição que herdamos da Europa e que Belém tinha muito, que são os desenhos dos azulejos e ornamentação que existia nas fachadas dos casarões portugueses, dos palácios e dos palacetes. Você vai se acostumando com tudo e até que se acostuma com as perdas", reflete Geraldo, que apresenta cinco telas grandes em desenhos corais.
A temática da produção artística de Paulo Andrade vem do universo dos rios, especificamente da arquitetura naval ribeirinha, representada pelas embarcações regionais e elementos afins, como trapiches e portos. "Faço uma proposta pop com víeis contemporâneo", resume. Paulo tem um olhar apurado sobre as românticas embarcações, fazendo das pinturas verdadeiros manifestos à dura realidade do povo ribeirinho e dos pescadores. “Não sou um ribeirinho típico, mas me sensibilizo e sou solidário à luta cotidiana deles, que são alegres porque isso faz parte da cultura do nosso povo. Tenho o direito de fazer o meu protesto", resume Paulo.