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O Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP) está com uma nova exposição para comemorar seus 60 anos de existência.
“Tempos Fraturados” traz ao público uma proposta de reflexão sobre a relação entre arte e a história brasileira, do século 20 ao presente.
Entre pelo saguão do belo prédio que fica do lado oposto ao Parque Ibirapuera, na Avenida Pedro Álvares Cabral. Ao fundo à esquerda estão os elevadores. Aperte o botão do sétimo andar. Ao sair do elevador e entrar na galeria, você vai, segundo os curadores, compreender as principais características do acervo do MAC-USP.
Com o nome "Tempos fraturados", que a exposição empresta da última publicação do historiador Eric Hobsbawn, as obras distribuídas pelo sétimo e sexto andares propõem uma reflexão sobre como os artistas que estão representados ali participaram dos últimos 60 anos — do museu, do Brasil e do mundo.
A exposição está dividida em três eixos. Mas é o institucional que chama atenção por surpreender uma parte do público menos familiarizada com as relações entre o Brasil e os Estados Unidos na metade do século passado.
Trata-se do conjunto de 13 obras doadas pelo magnata americano Nelson Rockefeller para a criação de museus de arte moderna em São Paulo e no Rio de Janeiro. Entre os artistas doados por Rockefeller estão George Grosz, Fernand Léger e Marc Chagall.
Algumas obras possuem etiquetas com QR Code que leva a textos curtos sobre elas. Como a seleção exposta faz parte do acervo permanente, "Tempos fraturados" pode ser vista e revista com bastante calma, já que ficará em cartaz até março de 2028.
Um pouco da história
O Museu de Arte Contemporânea já era um projeto da Universidade de São Paulo antes mesmo de 1963, mas foi com a doação do acervo que o Museu de Arte Moderna (MAM) tinha à época que ele realmente passou a existir.
Esse conjunto valioso era composto pelas coleções do casal Yolanda Penteado e Ciccillo Matarazzo e pelos prêmios das Bienais de São Paulo até 1961 e mais obras adquiridas pelo MAM-SP até então. E não era pouca coisa, não: o "presente" incluía telas de Amedeo Modigliani, Pablo Picasso, Joan Miró, Alexander Calder, Wassily Kandinsky, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Emiliano Di Cavalcanti, Alfredo Volpi, entre outros artistas.
Quadro de Tarsila do Amaral exposto no MAC-USP — Foto: Luciano Matioli/TV Globo
Um dos destaques naquele início do museu era a coleção de arte italiana do começo do século XX. "O museu pode contar uma história da arte italiana do início do século 20. Isso porque Ciccilo era informado por um grupo de artistas de SP, de pintores de SP, críticos de arte que tinham uma troca muito intensa com o ambiente artístico italiano", conta a diretora do MAC-USP e historiadora da arte Ana Gonçalves Magalhães.
Entre os consultores de Ciccilo estavam o crítico de arte italiano Pietro Maria Bardi (que, junto com Assis Chateubriand, criou o Museu de Arte de São Paulo — MASP) e Margherita Sarfatti, também crítica de arte, colecionadora e figura influente na política italiana.
Ao longo dos anos, o Museu de Arte Contemporânea procurou se manter em dia com o debate artístico não só aqui dentro do Brasil, mas também em contato com o ambiente internacional.
Ana Magalhães reforça que uma das características que o museu mantém até hoje nasceu junto com ele. "O MAC é o primeiro museu do país a colecionar fotografia, videoarte, registros de performance, a trazer os artistas aqui pra fazer performance, quer dizer: a atividade do museu nos anos 60 e 70 sobretudo, logo que ele entrou na universidade, eram bastante vivas".
A ditadura militar foi instaurada no país um ano depois da criação do museu. Walter Zanini, que foi diretor da instituição até 1978, conseguiu ampliar o acervo e criar setores novos, apesar do clima político desfavorável tanto aos artistas quanto à universidade e seus funcionários.
Sob a gestão de Zanini foram criados programas que constituíram os setores de cinema, música, fotografia, arquitetura e design, além de iniciativas relevantes para a ampliação do acervo de arte contemporânea, como os programas de exposições "Jovem Desenho Nacional", "Jovem Gravura Nacional" e "Jovem Arte Contemporânea".
Museu universitário
Fachada do Museu de Arte Contemporânea (MAC) — Foto: Luciano Matioli/TV Globo
Uma das missões do MAC é promover o estudo e a difusão do acervo. Os curadores da instituição são professores da Universidade de São Paulo. Disciplinas relacionadas a história da arte são oferecidas ali, tanto para estudantes de graduação como para os de mestrado e doutorado. Entre as atividades esporádicas estão os encontros e debates entre artistas e público.
Serviço
Exposição "Tempos Fraturados"
- Local: Museu de Arte Contemporânea da USP — 6° e 7° andar | Av. Pedro Álvares Cabral, 1301 — Vila Mariana
- Horário: de terça a domingo, das 10h às 21h
- Temporada: até março de 2028
- Entrada gratuita
Fonte: G1