
Mais de 40 homens entre 18 e 60 anos tiveram suas vidas mudadas por uma imersão artística. Ex-moradores de rua, eles participaram de 16 oficinas sobre desenho, pintura, gravura, escrita, encardenação, colagem, gravura, audiovisual, fotografia e história da arte. O resultado dessas oficinas está exposto na mostra Inantecipáveis, que segue até o fim de outubro em Florianópolis. A exposição reúne obras produzidas por aprendizes que se encontravam em situação de vulnerabilidade social – são colagens, livros de artistas, fotografias, desenhos e gravuras que refletem sobre as experiências e processo de recuperação dos novos artistas.
“A idéia inicial partiu de uma inquietação e um desafio: qual o potencial das pessoas que encontramos pela rua em situação de risco? Seriam mesmo uma massa ameaçadora e anestesiada, incapazes e indiferentes ao seu destino e ao que acontece ao seu redor? Estariam mesmo fazendo jus à condenação moral e social que recebem como irrecuperáveis?”, questiona Rosângela Miranda Cherem, professora de história da arte do Ceart (Centro de Artes) da Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina) e articuladora do projeto que resultou na exposição.
A mostra que ocorre no Museu Hassis é resultado das oficinas ministradas pelo Coletivo Semente na Casa de Apoio Liberdade, no bairro Rio Tavares, na Capital. O coletivo é formado por artistas e professores voluntários, entre eles Kelly Kreis, Clara Fernandes, Joana Amarante, Juliana Crispe, Manohead, Adriana Santos, Zulma Borges, Osmar Yang, Sebastião Gaudêncio Branco e Rosângela Cherem. “Com a arte conseguimos melhorar a autoestima, gerar conhecimento e aprimorar o senso crítico. Foi impressionante participar do processo de descoberta e desenvolvimento dos alunos”, conta o arte-educador Denilson Antonio, que também integra o coletivo e ministrou oficina de desenho na Casa de Apoio Liberdade.