
Maior representante do modernismo catalão na arquitetura, Antoni Gaudí (1852-1926) ganha exposição em Florianópolis a partir de sábado (27) com a mostra “Gaudí, Barcelona 1900”, que traz para a Capital 71 obras relacionadas ao trabalho do arquiteto, além de 42 trabalhos de artistas e artesãos contemporâneos a ele.
“Há uma relação entre arte e sociedade muito mais estreita do que parece. No caso de Gaudí, ele se forma em uma época de grande esplendor artístico em Barcelona, e este cenário permite que o arquiteto tenha espaço para experimentar e evoluir no seu trabalho. Era um artista de ideias fixas, teimoso, mas ainda assim se cercou de artesãos que interpretavam suas ideias e projetos. Há um diálogo implícito entre o que Gaudí faz e o que fazem os outros contemporâneos a ele”, conta o curador e historiador Raimon Ramis, que falou para convidados na noite desta quinta-feira (25), na avant première da exposição da Arteris, empresa que patrocina a mostra internacional.
Também viabilizada pelo Instituto Tomie Othake, entidade igualmente responsável pela exposição de Miró (1893- 1983) que aconteceu em Florianópolis em 2015, “Gaudí, Barcelona 1900” traz obras vindas do Museu Nacional de Arte da Catalunha, do Museu do Templo Expiatório da Sagrada Família e da Fundação Catalunya-La Pedrera.
“A mostra significa a consolidação de um novo momento que Santa Catarina vive em que o Estado entra no roteiro das grandes exposições internacionais. Não é pretensão dizer isso por que essa solidez é conseqüência de um processo de preparação que iniciamos antes mesmo da exposição de Miró em 2015”, afirma Filipe Mello, secretário da SOL/SC (Secretaria do Estado de Turismo, Cultura e Esporte).
Entre as obras expostas na mostra, que conta com fotografias, vídeos explicativos e maquetes, destacam-se as que mais evidenciam a genialidade de Gaudí, como as cadeiras de madeira com formato ergonômico, as maçanetas de metal com curvas que contornam a forma da mão humana e os ladrilhos que trabalham simbologias alusivas à natureza.
Uma área da exposição também é direcionada somente para mostrar os estudos arquitetônicos do catalão mediante a construção da La Sagrada Família, templo considerado por muitos a sua maior obra-prima.
Para a arquiteta Priscyla Gomes, pesquisadora do Instituto Tomie Ohtake que participou do processo curatorial da exposição, o catalão diferencia-se por seu processo criativo, que trabalha a concepção arquitetônica calculada a partir da observação e estudo dos movimentos da natureza.
“Essa geometria presente no orgânico é chamada por ele de geometria regrada. A partir da observação de elementos da natureza que se dá essa desconstrução do que era feito na arquitetura até então. Espaços projetados por ele são deslumbrantes porque além de trabalharem a profusão de cores e policromia, trazem um conceito arquitetônico único em que é pensado desde a forma estrutural do edifício até os elementos decorativos”, observa a especialista.
“Gaudí, Barcelona 1900” tem abertura hoje [sexta-feira] para convidados e para o público em geral no sábado (27). A mostra tem entrada no valor de R$ 10 e visitação gratuita às terças-feiras, e grupos interessados em fazer a visita guiada com mediadores podem agendar através do telefone (48) 36642633.
Gaudí em números
Antoni Gaudí i Cornet nasceu na Catalunha, na Espanha, em 1852, e morreu atropelado em Barcelona em 1926. Ele dedicou mais de 40 anos de sua vida para sua maior obra, o templo A Sagrada Família, projeto que assumiu em 1883 e segue em construção até os dias atuais.
A exposição traz 71 obras relacionadas ao arquiteto catalão para Florianópolis, além de 42 trabalhos de artistas e artesãos contemporâneos a ele.
Dessas 71 obras de Gaudí, 46 são maquetes, sendo 4 delas em escalas monumentais, e 25 são peças, entre objetos e mobiliário. A exposição terá disponível para o público visitante uma equipe de 15 monitores mediadores.
A montagem, transporte, segurança e monitoria da mostra custaram um investimento de cerca de R$ 2 milhões.