Tão antiga quanto a própria humanidade é a necessidade de representar a vida, o mundo ao redor, as histórias que viviemos e nossas sentimentalidades – ou, em suma, é a arte.
Em especial a pintura – e, não por acaso, uma das mais raras peças do acervo do Metropolitan Museum of Art, o maior museu de arte dos EUA, mostra que com uma civilização tão avançada quanto a egípcia não seria diferente: uma paleta utilizada por um ou uma artista no Egito antigo e guardada no acervo do museu ainda traz traços dos pigmentos então utilizados.

A paleta com mais de 3.400 anos, ainda com traços de pigmentos
Feita em uma peça de mármore com seis espaços escavados para que as tintas fossem depositadas, a peça data do período entre 1390 e 1352 a.C., e traz o nome Amenhotep III, faraó que imperava na época, também inscrito. Apesar dos mais de 3 mil anos que se passaram, as cavidades ainda se encontram traços de pigmentos em azul, verde, amarelo, vermelho, preto e marrom. Também conhecido como “O Magnífico”, Amenhotep III foi sabidamente um faraó que apreciava as artes e reconhecia o valor das expressões artísticas.
Ser, portanto, um artista à época era uma profissão importante e reconhecida. O museu também conta com outra paleta, ainda mais velha, feita em madeira e menos preservada, que data do período de 1427 a 1400 a.C.

A paleta de madeira que também é parte do acervo do museu
A peça do acervo do Met, em Nova York, é, em verdade, capítulo recente dessa história da arte como parte fundamental e primordial do desenvolvimento humano, se comparada, por exemplo, às pinturas rupestres. Vários dos mais antigos registros e traços da humanidade pré-histórica são descobertos como pinturas rupestres contando histórias 40 mil anos atrás, ou petróglifos mostrando desenhos em pedra com mais de 10 mil anos, e até mesmo na Amazônia, registros de mais de 12 mil anos tratados como a “capela Sistina pré-histórica” mostram que a arte é parte atávica e essencial do desenvolvimento da humanidade.
Antes de ser adquirida pelo museu, em 1926, a paleta de mármore pertencia à coleção particular do aristocrata e egiptólogo britânico Lord Carnarvon, um dos mais importantes e célebres estudiosos e entusiastas do estudo da antiga cultura egípcia. Foi Carnarvon quem patrocinou a maioria das expedições do arqueólogo e egiptólogo Howard Carter – inclusive a missão que o imortalizaria, quando Carter finalmente encontrou, em novembro de 1922, a tumba do faraó Tutancâmon, descoberta intacta com mais de 3 mil anos como a mais bem preservada tumba de um faraó em todo o Vale dos Reis, no Egito.

Lord Carnarvon com sua filha, Lady Evelyn Herbert, junto de Howard Carter na tumba de Tutancâmon © Wikimedia Commons
Fonte: https://www.hypeness.com.br/2021/01/paleta-de-pinturas-de-3-400-anos-revela-vestigios-de-pigmentos-do-egito-antigo/