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Exposição “Nise da Silveira – A Revolução pelo afeto” recebe prêmio por sua expografia - Guia das Artes
Exposição “Nise da Silveira – A Revolução pelo afeto” recebe prêmio por sua expografia
Exposição “Nise da Silveira – A Revolução pelo afeto” recebe prêmio por sua expografia
A mostra “Nise da Silveira – A Revolução pelo afeto”, atualmente em cartaz no CCBB Belo Horizonte, recebeu uma menção Honrosa durante a 59ª edição do Prêmio do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-RJ) por sua expografia, assinada pelo Estúdio M’Baraká,
inserido em 2022-01-11 17:23:22
Conteúdo

 

O desenho expográfico e a curadoria de arte contemporânea foram desenvolvidos de forma a estabelecer uma perfeita sintonia com a pesquisa histórica, que reúne um retrato preciso e muito tocante da trajetória e da contribuição do trabalho da psiquiatra Nise da Silveira.

“Acredito que chegamos ao tom certo. A expografia é cênica, mas respeita a obra de cada artista e traz elementos como objetos usados pela doutora Nise em seu ateliê terapêutico”, enumera Diogo Rezende, um dos curadores da exposição. Aos 40 anos, ele atua neste segmento desde 2012 e está muito feliz com o prêmio.

“Cada sala da mostra foi pensada para comunicar o que ela representa na narrativa. Sinto que amadurecemos como coletivo”, acrescenta ele. A exposição estreou oficialmente no CCBB Rio de Janeiro em junho e foi estendida por mais três meses devido ao enorme sucesso de público e crítica e agora pode ser conferida na capital mineira, onde permanece em cartaz até 28 de março.

Sobre a exposição 

Médica formada enquanto única mulher em uma turma com mais de 150 homens, Nise da Silveira ficou mundialmente conhecida pela ideia vanguardista de usar o afeto como metodologia científica no tratamento às pessoas com sofrimentos psíquicos. Ao buscar formas de acessar as camadas do inconsciente e criar um diálogo, através de ferramentas artísticas e com aplicações científicas, entre o inconsciente e a sua potente expressão em imagens, Nise reposicionou o entendimento de loucura na história da humanidade.

Com cerca de 100 obras surpreendentes, a mostra reúne telas e esculturas de artistas do Museu de Imagens do Inconsciente ao lado de peças de Lygia Clark, Abraham Palatinik e Zé Carlos Garcia, retratos de Alice Brill, Rogério Reis e Rafael Bqueer, vídeos de Leon Hirzsman, reproduções de desenhos de Carl Gustav Jung, aquarelas e fotos de Carlos Vergara e pinturas acrílicas de Margaret de Castro, feitas sob encomenda para ambientar o visitante na biblioteca de Nise.

A curadoria é do Estúdio M’Baraká, com consultoria do museólogo Eurípedes Júnior e do psiquiatra Vitor Pordeus.

“Colaborar com essa exposição foi um desdobramento natural de um trabalho que desenvolvo há anos com a equipe do Museu, que é um centro vivo de criação e de divulgação científica e artística. O Museu se empenha fortemente na luta pela redução do estigma e pela mudança de paradigma da sociedade em relação à loucura. As pinturas são apaixonantes porque revelam mais do que sabemos sobre os mistérios da mente humana. É uma alegria levar esses conteúdos ao grande público do CCBB BH”, exulta Eurípedes, que está ligado à doutora Nise e ao Museu desde 1974 e é vice-presidente da Sociedade Amigos do Museu de Imagens do Inconsciente.

De acordo com Pordeus, “Nise criou um método clínico centrado no afeto. Ela é herdeira de Juliano Moreira, de Baruch Espinoza, de Sigmund Freud, de Carl Gustav Jung. Jung foi aluno de Freud e professor da Nise, na Suíça. Homens revolucionários, que abandonaram a ideia do corpo máquina e trabalharam com a abordagem centrada na subjetividade, na emoção, na identidade, na simbologia, nas narrativas que restauram as memórias. A nossa dificuldade hoje é não deixar o afeto se apagar, num momento em que tudo virou máquina”. O psiquiatra trabalhou no Instituto Municipal Nise da Silveira de 2009 a 2016 e é um dos fundadores do Hotel da Loucura.

Arte para revelar o universo interior

Localizado no Engenho de Dentro, na Zona Norte do Rio de Janeiro, o Museu de Imagens do Inconsciente foi criado por Nise em 1952 com a finalidade de reunir os trabalhos produzidos pelos seus clientes nos estúdios de modelagem e pintura – verdadeiros documentos para ajudar na compreensão mais profunda do que se passava no universo interior deles.

Dos clientes que se destacaram em um acervo que bate os espantosos 400 mil trabalhos variados, registrados como patrimônio, foram escolhidas para a mostra no CCBB telas de Carlos Pertuis (que deixou cerca de 21 mil pinturas), Fernando Diniz (por volta 35 mil), Adelina Gomes (na base dos 17 mil), Emygdio de Barros (em torno de 3.300) e Beta d’Rocha – ela encontrou um caminho de expressão também na escrita (“A história de Beta” e “Cadernos íntimos”), com relatos sobre as crises e as internações, facilitando o processo de autocura. Das artistas atuais, o público mineiro verá duas pinturas fortes de Renata Inocêncio.

Para Isabel Seixas, produtora e sócia do Estúdio M’Baraká, “a exposição busca apresentar essa personalidade e toda a sua importância simbólica, ontem e hoje. Nise é uma mulher revolucionária e representa um pensamento vanguardista brasileiro na ciência e, pela especificidade de seu trabalho, consequentemente, nas artes. Nise da Silveira (devemos reverberar esse nome) permitiria múltiplas abordagens – valorizar seu gesto revolucionário a partir do afeto é potente nos dias de hoje”.

Um mergulho libertário no inconsciente

A expografia de Diogo Rezende, designer e sócio do Estúdio M’Baraká, traz ambientes preenchidos de improviso e sobreposições que contrastam a frieza da instituição de clausura, sob constante vigilância, com o calor, a humanidade e a liberdade do trabalho que a doutora Nise realizou. Cada sala traz um clima único, com direito a um poço dos desejos onde se vê mandalas gráficas, desconstruídas, que também remete ao espelho de Narciso.

O público vai passear pelos precursores da arteterapia em oposição aos tratamentos da época, a questão do afeto, depois verá a chegada da alagoana Nise ao Rio de Janeiro, a passagem pela prisão, as mulheres com quem conviveu, entre elas a sambista Dona Ivone Lara, até fazer um mergulho no inconsciente, explorando também a questão territorial do Engenho de Dentro enquanto espaço de exclusão e metáfora, na linha engenho interior versus engenho exterior.

Tour virtual 360 e uma Experiência Sonora Descritiva

A abordagem amorosa da psiquiatra ultrapassou os muros do hospital e ganhou o mundo. Da mesma forma, a mostra NISE DA SILVEIRA – A REVOLUÇÃO PELO AFETO também poderá ser vista de qualquer parte do planeta através do sites oficiais do CCBB (aqui) e da exposição (aqui). Além disso, é possível ouvir o que se vê através da Experiência Sonora Descritiva.

Os áudios recriam os ambientes da mostra com dramaturgia. A equipe foi coordenada pela jornalista e dubladora Georgea Rodrigues, da Inclusive Acessibilidade. “Quis produzir algo diferente, num certo sentido transgressor, como a própria obra da doutora Nise. E convidei Josélia Neves, doutora em audiodescrição, para nos trazer algo novo. Juntas, criamos um serviço que é, de fato, uma experiência sonora tão inclusiva que atende a todos!”, exulta Georgea.

A experiência de áudio foi idealizada para pessoas com deficiência visual, mas surpreende ao reconstituir com muita graça imagens do universo particular de Nise da Silveira e dar vida a personagens reais, como o seu pai, o marido, Lima Barreto, Mário Pedrosa e a faxineira do ateliê, além dela mesma. Fazem parte do elenco vocal atores e dubladores que já emprestaram as suas vozes a personagens famosos no cinema e nas séries de TV, como Capitão América, Rei Leão, Tocha Humana, Grey’s Anatomy e Billie Holiday.

NISE DA SILVEIRA – A REVOLUÇÃO PELO AFETO tem patrocínio do Banco do Brasil e é realizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, da Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo e Governo Federal.

Serviço

Exposição “Nise da Silveira – A Revolução pelo afeto”

Até 28 de março 

Centro Cultural Banco do Brasil (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários)

Dias e Horários de visitação: de quarta à segunda, das 10h às 22h

Entrada Gratuita – não é necessário retirar ingressos antecipados

 

Fonte: Cultura e Negócios

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