Nascido Mojša Zacharavič Šahałaŭ (em bielorrusso, Мойша Захаравіч Шагалаў; em russo, Мовшa Хацкелевич Шагалов, romanizado Movsha Zatskelevich Shagalov), no seio de uma família judaica, na sua juventude entrou para o ateliê de um retratista famoso da sua cidade natal. Lá aprendeu não só as técnicas de pintura, como a gostar e a exprimir-se nessa arte. Ingressou, posteriormente, na Academia de Arte de São Petersburgo, de onde rumou para a próspera cidade-luz, Paris.
Ali entrou em contacto com as vanguardas modernistas que enchiam de cor, alegria e vivacidade a capital francesa. Conheceu também artistas como Amedeo Modigliani e La Fresnay. Todavia, quem mais o marcou, deste próspero e pródigo período, foi o modernista Guillaume Apollinaire, de quem se tornou grande amigo.
É também neste período que Chagall pinta dois dos seus mais conhecidos quadros: Eu e a aldeia e O Soldado bebé, pintados em 1911 e 1912, respectivamente.
Os títulos dos quadros foram dados por Blaise Cendrars. Coube a Guillaume Apollinaire selecionar as obras que seriam posteriormente expostas em Berlim, no ano em que a Primeira Guerra Mundial rebentou, em 1914.
Neste ano, após a explosão da guerra, Marc Chagall volta ao seu país natal, sendo, portanto, mobilizado para as trincheiras. Todavia, permaneceu em São Petersburgo, onde casou um ano mais tarde com Bella, uma moça que conheceu na sua aldeia.
Depois da grande revolução socialista na Rússia, que pôs fim ao regime autoritário czarista, foi nomeado comissário para as belas-artes, tendo inaugurado uma escola de arte, aberta a quaisquer tendências modernistas. Foi neste período que entrou em confronto com Kasimir Malevich, acabando por se demitir do cargo.
Retornou então, a Paris, onde iniciou mais um pródigo período de produção artística, tendo mesmo ilustrado uma Bíblia. Em 1927, ilustrou também as Fábulas de La Fontaine, tendo feito cem gravuras, somente publicadas em 1952. São também deste ano conhecidas as suas primeiras paisagens.
Visitou em 1931 a Palestina e, depois, a Síria, tendo publicado, em memória destas duas viagens o livro de carácter autobiográfico Ma vie (em português: "Minha vida").
Desde 1935, com a perseguição dos judeus e com a Alemanha prestes a entrar em mais uma guerra, Chagall começa a retratar as tensões e depressões sociais e religiosas que sentia na pele, já que também era judeu convicto.
Anos mais tarde, parte para os Estados Unidos, onde se refugia dos alemães. Lá, em 1944, com o fim da guerra a emergir, Bella, a sua mulher, falece, facto que lhe causa uma enorme depressão, mergulhando novamente no mundo das evocações, dos chamamentos, dos sonhos. Conclui este período com um quadro que já havia iniciado em 1931:Em torno dela.
Dois anos depois do fim da guerra, regressa definitivamente à França, onde pintou os vitrais da Universidade Hebraica de Jerusalém.
Na França e nos Estados Unidos pintou, para além de diversos quadros, vitrais e mosaicos. Explorou também os campos da cerâmica, tema pelo qual teve especial interesse.
Em sua homenagem, em 1973 foi inaugurado o Museu da Mensagem Bíblica de Marc Chagall, na famosa cidade do sul da França, Nice. Em 1977 o governo francês condecorou-o com a Grã-cruz da Legião de Honra.
Tendo sido um dos melhores pintores do século XX, Marc Chagall faleceu em Saint-Paul-de-Vence, no sul da França, em 1985.
Eu e a princesa, 1911
O prometido, 1911
A Chuva, 1911
Maternidade, 1912
Paris à Janela, 1913
Sobre Vitebsk, ca. 1914
Mania cortando o pão, 1914
O violinista verde, 1923-1924
A sirene, 1945
A Praça da Concórdia, Paris, 1960
Vila cinzenta, 1964
Cesta de frutas e ananás, 1964
O círculo vermelho, 1966
Alegria, 1980
Canção: A tora vermelha, 1981
O palhaço voador, 1981
MARC CHAGALL - “Concert sur la Plage” (Concerto na Praça), 1983. Litografia em cores sobre papel, assinada e numerada a lápis 44/50, impressa no Atelier Mourlot, Paris, para a Éditions Maeght. Nesta composição, Chagall recria uma de suas cenas poéticas mais emblemáticas — um concerto em uma praça imaginária — onde músicos, animais e figuras flutuantes se misturam em harmonia cromática e simbólica. Esta peça encontra-se catalogada na exposição comemorativa “100 Anos de Chagall”, realizada pela Dan Galeria, São Paulo, encerrada em 15 de dezembro de 1987, reproduzida na página 23 do catálogo da mostra. Dimensões da imagem: 54 × 37 cm. Assinatura: A lápis no canto inferior direito
MARC CHAGALL - “La Bénédiction de Jacob” (A Bênção de Jacó), 1979. Litografia em cores sobre papel Japon nacré, assinada e numerada a lápis 39/50, pertencente à série bíblica criada na fase madura do artista. La Bénédiction de Jacob ilustra um dos episódios mais poéticos do Antigo Testamento, tratado por Chagall com sua linguagem onírica e espiritual. Dimensões da imagem: 37,8 × 32 cm. Dimensões da montagem: 44 × 37 cm. Assinatura: A lápis no canto inferior direito.
MARC CHAGALL - “Le Roi David à la Lyre” (O Rei Davi à Lira), 1979. Litografia em cores sobre papel Japon nacré, assinada e numerada a lápis 25/50, pertencente à série bíblica publicada pela Éditions Maeght em 1979, impressa pelo Atelier Mourlot, em Paris. A obra retrata o Rei Davi tocando sua lira — figura simbólica da inspiração e da ligação entre o humano e o divino. Dimensões da imagem: 42 × 32 cm Assinatura: A lápis no canto inferior direito