Considerado um dos mais notáveis pintores impressionistas do Brasil, foi orientador, no Núcleo Bernardelli, de José Pancetti, do então presidente do núcleo Edson Motta, Bustamante Sá, Ado Malagoli, Rescála e Milton Dacosta.
Os modernitsas de 22 escolheram o Teatro Municipal de São Paulo para seu manifesto, os do Núcleo Bernardelli optaram pelo porão da Escola Nacional.
Os objetivos, ao fim, eram muito próximos: A renovação do cenário artístico.
Proveniente de Manaus, em 1918 no Pará, foi fundador da Academia Livre de Bellas Artes de Belém. Com Theodoro Braga no Museu Paraense Emílio Goeldi, pinta a flora, a fauna, elementos da arte indígena e, se interessa pela mitologia amazônica.
Em 1919, chega no Rio de Janeiro almejando formação na mais importante Instituição do país: a Escola Nacional de Belas Artes.
Fazer carreia artística no Rio de Janeiro não era fácil. Ainda mais na Escola Nacional de Belas, reduto artístico de ensino e tradições e onde artistas docentes e discentes disputavam nos salões anuais de arte. Foi aluno de João Batista da Costa e Eliseu Visconti que em 1923 o homenagearia com a feitura de um retrato assinado e dedicado.
Na Capital da República, as condições do amazonense, um desconhecido e sem um mecenas eram difíceis. Precisava impressionar a crítica e os mecenas que, por si, exerciam influências junto a críticos e jornalistas, gerando esta forma encomendas de telas que ajudariam no seu sustento.
No Salão de 1926, chega perto do grande prêmio de viagem ao exterior, com “O Curupira” que representa as visões estranhas da mitologia selvagem. Fica com um prêmio em dinheiro. Entre seus concorrentes estavam Armando Vianna, Manoel Constantino e Candido Portinari que merecem os estímulos da crítica.
Manoel Santiago, o pintor das “Lendas Amazônicas”, em 1967 publica, com o apoio do governo do estado do Amazonas, um livro que é uma compilação de dez narrativas do lendário amazônico, ilustrado com gravuras do próprio pintor. Raimundo Moraes chamou o Curupira de “Deus defensor da floresta” num episódio semelhante ao da mitologia grega que é narrativa visual desde a antiguidade clássica: o encontro das ninfas e do sátiro.
Em 1927, novamente, inspira-se nas lendas para impressionar o público e o júri do salão e, é conferido o prêmio de viagem à Europa pela tela “Marajoaras”. Haydéa Santiago, contemplada com medalha de prata.
Em 1929, já em Paris, pinta a tela “Tatuagem” que suscita a estética corporal indígena numa Vênus selvagem.
Em paris seu núcleo de convívio écom velhos amigos como: Di Cavalcanti, Quirino Campofiorito, Armando Vianna e Candido Portinari, que se reunião no Café La Rotonde, de Montpamasse, Aliás, todos estudaram juntos com Chambelland e Batista da Costa no Rio de Janeiro. Portinari e Santiago tinham uma relação próxima e partilhavam do contexto de redefinição da arte nacional, onde Santiago imprimiu a valorização das lendas da Amazônia um instrumento de nacionalização da arte.
Em 1939 recebe medalha de ouro e honra ao mérito.
Pintou murais para o Prédio da Alfândega no Rio de Janeiro e para o extinto Instituto do Açúcar e do Álcool.
Participou de exposições e mostras como o
Salão dos Artistas Franceses,
Salão de Outono
Salão Primavera
Salão Colonial dos Artistas Franceses,
Salão de Inverno,
Bienais de São Paulo,
Salão Pan-americano.
Recebeu os mais importantes prêmios e menções honrosas, nos salões de arte no Brasil e alguns no exterior e, suas obras foram adquiridas por museus Brasileiros e internacionais.
Participou da decoração do Teatro Municipal de Manaus.
No Palacete Provincial do Amazonas hoje funciona a Galeria Manoel Santiago, localizada no piso superior do edifício é tributo ao artista.
O antigo Museu de Manaus, chama-se hoje Museu Manoel Santiago.
Santiago estabeleceu uma interpretação de como incorporar as lendas e os índios à cultura nacional, construindo uma visão respeitosa e complexa das lendas e paisagens do meio ambiente amazônico.
De Alexandre Paiva Frade Colunista do Guia das Artes
Muda-se para Belém em 1903 e inicia estudos de pintura. Em 1919 transfere-se para o Rio de Janeiro, e cursa direito ao mesmo tempo que freqüenta a Escola Nacional de Belas Artes - Enba, onde é aluno de Rodolfo Chambelland e Baptista da Costa. Na época, assiste a aulas particulares de Eliseu Visconti. Casa-se em 1925 com a pintora Haydeá Santiago. Participa em 1927 do Salão Nacional de Belas Artes - SNBA e recebe o prêmio viagem ao exterior. Vai para Paris no ano seguinte, e lá permanece por cinco anos.
De volta ao Rio de Janeiro, em 1932, torna-se professor do Instituto de Belas Artes. Em 1934, passa a lecionar pintura e desenho no Núcleo Bernardelli, figurando entre seus alunos José Pancetti,Edson Motta, Bustamante Sá, Ado Malagoli, Rescála e Milton Dacosta. No início de sua carreira, Manoel Santiago pinta nus femininos e obras de temática ligada às lendas indígenas da Amazônia, realizadas em uma paleta luminosa, inspirada nos impressionistas, com pinceladas livres. Sua obra revela afinidade com aquela de Haydeá Santiago, sua esposa, embora a produção desta possua um caráter mais intimista, com temas ligados a cenas de gênero.
Manoel Santiago representa a paisagem do Rio de Janeiro em inúmeras telas. O crítico Angyone Costa, em artigo de 1932, elogia sua obra, afirmando que a luz de certos dias enevoados da terra carioca não tivera melhor intérprete, com exceção de Eliseu Visconti.1 Em Alto Teresópolis, 1947 destaca-se o uso apurado da cor e uma luz que transfigura a paisagem, além do emprego de pinceladas espessas.
Algumas de suas telas evocam, em sua estrutura, a produção de Jean-Baptiste-Camille Corot, como em Pescador, déc.1960, na qual explora os efeitos de luz sobre a casca rugosa da árvore em primeiro plano. Já em obras posteriores o uso da cor torna-se mais livre, como nas paisagens litorâneas de Maranhão e Paraíba, década de 1980.
Realizou as seguintes exposições individuais:
1932 – Rio de Janeiro
1981 – Niterói, RJ
1983 – Galeria Grossmann, São Paulo, SP
1987 - Toulouse, França.
Participou, entre outras, das seguintes exposições coletivas: 1920, 27 e 29 – Salão Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro (prêmio de viagem à Europa na edição de 1927)
1929 – Salão Rosário, Argentina
1929, 1930 – Des Artistes Français, Paris, França
1931 – Salons d’Automme, Paris
1936, 38, 40 e 45 – Salão Paulista de Belas Artes, São Paulo (menção honrosa na edição de 1936, medalha de bronze na de 1938 e medalha de prata na de 1940 e na de 1945)
1939 – Salão de Belas Artes do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, medalha de honra
1941 – Exposição do IV Centenário de Santiago do Chile, medalha de ouro
1942 – Salão Fluminense de Belas Artes, Niterói, RJ, medalha de ouro
1948 – Salão Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro
1951 – I Bienal Internacional de São Paulo, São Paulo
1952 – Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro; Um Século de Pintura, Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro
1958 – Salão Pan-Americano de Arte, Porto Alegre
1965 – Exposição de Belas Artes do IV Centenário do Rio de Janeiro, medalha de honra
1970 – Mostra de Arte de Curitiba, PR.
Possui obras nos acervos do Museu Nacional de Belas Artes, da Academia Brasileira de Letras e do Palácio da Guanabara, no Rio de Janeiro, e no do Museu Antônio Parreiras, em Niterói
O Museu de Manaus passou a se chamar Museu Manoel Santiago, em homenagem ao artista.
Manoel Santiago - Vaso de flores e frutas - 46 x 60 cm - Óleo sobre tela - Assinatura canto inferior direito e Década de 60
Manoel Santiago - Flores - 41 x 33 cm - Óleo sobre tela - Assinatura canto inferior direito