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José Teófilo de Jesus obras de - Guia das Artes
José Teófilo de Jesus
Informações
Nome:
José Teófilo de Jesus
Nasceu:
Salvador - BA - Brasil, 1758
Faleceu:
Salvador - BA -Brasil, 1847
Sobre o artista

Comentário Crítico

Um dos principais pintores da escola baiana de pintura, José Teófilo de Jesus, pertence ao grupo de artistas remanescentes da colônia, que apresentam, na primeira metade do século XIX, produção híbrida, com elementos do barroco do século anterior, do rococó e, ao mesmo tempo, componentes clássicos. Discípulo predileto do pintor José Joaquim da Rocha (1737 - 1807), inicia sua formação artística ajudando o mestre em suas encomendas. Além da pintura, aprende a encarnação de figuras e o douramento da talha.


Segundo o historiador Carlos Ott, é difícil atribuir alguma obra a Teófilo de Jesus antes de 1794. Nessa data, o artista parte para Portugal, patrocinado por seu mestre. Ingressa na Escola de Belas Artes em Lisboa e freqüenta o curso de Pedro Alexandrino de Carvalho (1729 - 1810), um dos pintores mais requisitados da segunda metade do século XVIII em Portugal, famoso por suas decorações em grandes dimensões e pelo colorido luminoso. Permanece nesse país cerca de quatro anos, sem viajar para outros lugares. Entra em contato com a obra do famoso artista italiano Pompeo Batoni (1708 - 1787) na Basílica da Estrela, em Lisboa.


A estada de Teófilo de Jesus na Europa contribuiu para a ampliação de suas referências artísticas, restritas, no ambiente baiano dos séculos XVIII e XIX, às gravuras e ilustrações e ao modelo de barroco suntuoso de José Joaquim da Rocha. Neste sentido, a viagem concorreu para que o artista se diferenciasse em relação ao mestre, pois, apesar de nunca superá-lo em sua especialidade - a pintura decorativa ilusionista -, destaca-se como exímio pintor de telas e painéis.


De volta ao Brasil, em 1801, recebe da Ordem Terceira de São Francisco da Bahia sua primeira encomenda (quatro painéis atualmente perdidos, terminados em 1802), provavelmente indicado pelo mestre já idoso e sem as mesmas condições de trabalhar. Em 1803 executa quadro do Senhor do Bonfim (desaparecido) para a Santa Casa de Misericórdia da Cidade de Salvador. Entre os anos de 1804 e 1812 não há documentação sobre qualquer trabalho realizado por Teófilo de Jesus. Mas é certo que não ficou inativo, pois dependia da pintura para viver. Muito provavelmente realiza durante esse período pinturas e douramentos em capelas e oratórios particulares. Como nota o pesquisador Jailson B. Trindade, após a morte de José Joaquim da Rocha em 1807, o artista herda a maior parte de sua clientela. Mas como não pode igualar-se ao mestre em pinturas arquitetônicas, começa a propor grandes medalhões centrais, cuja correção do desenho, colorido e viés clássico das faces dos personagens agradam ao restrito público da época.


Seu primeiro trabalho de vulto é realizado para a nova Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, na qual é encarregado do douramento de toda a talha e da pintura do teto (1815-1817). Contrata ajudantes para realizarem o serviço de douramento, dedicando-se quase exclusivamente à pintura do teto em forma de medalhão, com Nossa Senhora do Carmo entregando o escapulário a Santa Tereza D'Avila e São João da Cruz. As figuras são bem pintadas e a composição sugere um movimento suave, contudo não consegue produzir a perspectiva, parecendo que todos os personagens estão no mesmo plano. O artista sabe de suas limitações, mas continua aceitando encomendas para decoração de tetos de igrejas até o fim da vida. Entre eles, destacam-se os forros das naves da Igreja do Recolhimento dos Perdões (1819), em Salvador, da nova Matriz do Santíssimo Sacramento da Ilha de Itaparica (1823) e da Igreja de Nossa Senhora do Pilar (1837), na capital baiana. Há notícias de que o artista tenha trabalhado em igrejas sergipanas.


Em 1823 atinge o auge da fama quando é convidado pelo prefeito de Salvador a retratar o imperador dom Pedro I (1798 - 1834). Entre seus melhores trabalhos com temas religiosos encontram-se os seis painéis para os altares laterais da Igreja da Piedade, nos quais percebe-se a influência de Peter Paul Rubens (1577 - 1640); os seis grandes painéis para sacristia da Igreja do Bonfim (1836-1837), com destaque para a obra Cristo e a Adúltera (ca.1837); as 34 pinturas pequenas para os corredores da mesma igreja (1838-1839). Octogenário, Teófilo apresenta qualidade irregular, principalmente nas telas menores. No entanto, ainda consegue pintar uma de suas melhores obras, Cristo com as Mães e Seus Filhos (ca.1839), na qual o desenho preciso e o colorido delicado estão em perfeita harmonia. Além disso, introduz no fundo da cena uma paisagem, algo incomum na pintura sacra baiana, revelando talvez influência francesa.


Além de retratos e pinturas religiosas, Teófilo de Jesus pinta cenas históricas e alegóricas como, por exemplo, Judith e Holofernes (ca.1835), O Rapto de Helena e o conjunto de alegorias dos quatro continentes (América, África, Ásia e Europa).  Não é possível apurar as datas exatas nem as circunstâncias em que essas obras são feitas (elas pertencem ao Museu de Arte da Bahia, algumas são datadas do início do século XIX). Nessas telas, a riqueza de detalhes das composições e a qualidade do desenho e da cor sinalizam a extensão da capacidade técnica do artista, nada insignificante para o ambiente cultural e econômico da Bahia na primeira metade do século XIX, como nota o historiador Carlos Ott.


https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa24165/teofilo-de-jesus



Biografia

Pintor, dourador e encarnador. Alforriado. Obteve sua formação artística inicial com José Joaquim da Rocha, dourando molduras, encarnando imagens e eventualmente pintando detalhes menores em painéis. Em 1793, pintou painéis na capela da antiga Sé de Salvador. Reconhecendo seu talento artístico, o mestre Joaquim da Rocha decidiu enviá-lo em 1794, às suas próprias expensas, para estudar em Portugal, onde Teófilo de Jesus frequentou a Escola de Belas Artes e foi marcado pela obra de Pedro Alexandrino de Carvalho. Retornou a Salvador em 1801, onde veio a substituir seu mestre, falecido em 1807, em trabalhos de decoração de igrejas, especialmente na Bahia e em Sergipe. Morreu em 1847 em decorrência das sequelas de uma queda do andaime, ocorrida quando pintava o teto da igreja da Divina Pastora, em São Cristóvão, Sergipe. Sua obra é numerosa e constitui-se, para além dos trabalhos como dourador e encarnador, de painéis decorativos e pinturas de teto em diversas igrejas e de pinturas de cavalete. É considerado o maior pintor ativo na Bahia na primeira metade do século XIX. Nos tetos, empregou a técnica da perspectiva ilusionista, ao gosto barroco, embora não tenha sido um mestre no gênero. Para Carlos Ott, destacou-se especialmente nas obras de cavalete, com as quais "sentia-se mais à vontade". Mário de Andrade indicou as "composições bem equilibradas" como um traço do artista. Para José Teixeira Leite, "sua obra, em que se casam um desenho ágil e um colorido delicado a uma execução segura, representa uma curiosa transição entre elementos estilísticos remontando ainda ao Barroco e ao Rococó de seu velho mestre José Joaquim da Rocha, e outros, já preludiando o Neoclassicismo".


http://www.museuafrobrasil.org.br/pesquisa/indice-biografico/lista-de-biografias/biografia/2017/06/29/jos%C3%A9-te%C3%B3filo-de-jesus

Cronologia

Século XVIII, final – Estudou com José Joaquim da Rocha, para quem trabalhou como ajudante de pintura de painéis, na encarnação de imagens e douramento de molduras.
1793 – Pintou quatro painéis para as paredes laterais da capela do Santíssimo Sacramento da antiga Sé, de Salvador, que seriam mais tarde levados para o salão da antiga biblioteca do Colégio dos Jesuítas.
1794 – Seguiu para Lisboa, Portugal, onde, matriculou-se na Escola de Belas Artes e estabeleceu contato com Pedro Alexandrino de Carvalho, pintor conhecido por suas decorações. Também na capital portuguesa conheceu o artista italiano Pompeo Batoni.
1801 – Retornou ao Brasil.
1802 – Recebeu da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, de Salvador, a encomenda de executar quatro painéis para a igreja da irmandade, que atualmente se encontram na sala de sessões da Mesa da referida ordem.
1803 – Pintou “Cristo na Cruz” e “Jesus, Maria e José” para a Santa Casa de Misericórdia, em Salvador.
1812 – Realizou alguns trabalhos para a igreja matriz de São Pedro Velho, em Salvador.
1815 – Foi contratado pela Ordem Terceira do Carmo, em Salvador, para executar o douramento da talha e a pintura do teto da igreja.
1819 – Pintou o teto da nave da igreja do Recolhimento dos Perdões, em Salvador.
1821 – Foi contratado para pintar o teto da nave da igreja de São Joaquim, em Salvador, representando a “Anunciação”.
1823 – Pintou a “Última Ceia” no teto da nave da igreja matriz do Santíssimo Sacramento, em Itaparica, BA.
1823-25 – Confeccionou seis painéis para os altares laterais da igreja da Piedade, representando “São Feliz do Cantalício com o menino Jesus”, a “Assunção de Nossa Senhora”, o “Martírio do Santo Capuchinho São Fidelis de Siegmaringen”, “São Braz abençoando o menino”, “A Sagrada Família” e “São Francisco de Assis”.
1824-26 – Realizou três painéis (Santíssima Trindade, Nossa Senhora e São Pedro de Alcântara) para a igreja de São Joaquim.
1826 – Executou quadros que foram distribuídos entre o Convento da Piedade e a Casa dos Sete Candeeiros, em Salvador.
1834 – Aceitou fazer o douramento das obras de talha da capela-mor, telas para as paredes e painéis para a Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja do Pilar, em Salvador.
1836-37 – Pintou quadros que foram colocados na sacristia da igreja de Nosso Senhor do Bonfim.
1837 – Pintou o teto da nave da igreja de Nossa Senhora do Pilar.
1839-40 – Pintou 34 painéis nos corredores laterais da igreja de Nosso Senhor do Bonfim, em Salvador.
1845 – Executou seis painéis para os altares laterais da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco (“São Domingos”, “Santa Isabel de Portugal”, “São Luiz - rei da França”, “Santa Isabel da Hungria” e “São Luiz”).

Algumas de suas obras foram exibidas postumamente nas seguintes exposições:
1970 – Coleção Arte da Bahia, Museu de Arte da Bahia, Salvador, BA.
1983 – História da Pintura Brasileira no Século XIX, Paço das Artes, São Paulo.
1988 – A Mão Afro-Brasileira, Museu de Arte Moderna, São Paulo.
1994 – Um Olhar Crítico sobre o Acervo do Século XIX, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo.
1998 – 24ª Bienal Internacional de São Paulo, Fundação Bienal, São Paulo.
2001 – Brazil: body and soul, Salomon R. Guggenheim Museum, Nova York, Estados Unidos.


http://www.brasilartesenciclopedias.com.br/nacional/teofilo_de_jesus_jose.htm

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