Jenner Augusto da Silveira (1924 - 2003) foi um pintor, desenhista, escultor, cartazista, ilustrador e gravador sergipense.
Jenner Augusto é natural de Aracaju, no Sergipe. Aos 6 meses de idade ficou órfão de pai. Também em Sergipe, morou em Rosário, São Cristovão, Itabaianinha, Lagarto e Laranjeiras. Enquanto nessa última, copiava quadros de seu primeiro ídolo, Horácio Hora. Em Lagarto, fazia cartazes para o cinema local.
Em 1944, voltou a morar em Aracaju. Foi lá que, no ano seguinte, realizou sua primeira exposição. Já mais entrosado na cultura artística da cidade, participou de algumas mostras coletivas em 1947. Em 1949, motivado pelos movimentos artísticos da vanguarda da época, pintou, de graça, as paredes do Bar Cacique, com imagens históricas e baseadas nos costumes sergipenses. Essa obra é considerada um marco da estética modernista de Sergipe.
No mesmo ano, a fim de estudar mais o desenho, se mudou para Salvador, Bahia, trabalhando como assistente no ateliê de Mário Cravo Junior. Ainda em 1949, em oposição à Escola Acadêmica, participou do polêmico núcleo renovador da arte baiana, formado por Mário Cravo Júnior, Carlos Bastos, Genaro de Carvalho, Rubem Valentim e Mirabeau Sampaio. Enquanto em Salvador, incluído no contexto cultural e artístico da cidade, fez grandes amizades, como é exemplificado em Rubem Martins e Lênio Braga. Desenvolveu alguns trabalhos sob encomenda durante sua estadia na cidade, com destaque para o afresco Evolução do Homem, para o Centro Educacional Carneiro Ribeiro, feito entre 1953 e 1954.
Augusto viajou ao Rio de Janeiro para expor sua obra individualmente, e foi durante essa jornada que conheceu os mestres Cândido Portinari e José Pancetti, que recomendaram o artista à crítica e a colecionadores. Também conheceu os irmãos James e Jorge Amado.
Durante a década de 1960 pintou constantemente o bairro de Alagados e paisagens da cidade de Salvador. Em 1966, foi convidado para inaugurar a mostra Baianos na Filadélfia. No ano seguinte viaja pela Europa, passando pela Itália, Holanda, França, Inglaterra e Bélgica, onde conheceu o pintor surrealista Paul Delvaux. Durante suas viagens, fez ilustrações e anotações em um pequeno caderno que, em 1970, foi compilado e publicado. Foi escolhido como ilustrador para o livro Tenda dos Milagres, de Jorge Amado.
Há pelo menos três livros sobre sua obra: Jenner: A Arte Moderna da Bahia, de Roberto Pontual, editado pela Editora Civilização Brasileira; Os Alagados de Jenner, álbum com cinco serigrafias e texto por Adonias Filho, editado pela Ranulpho Editora de Arte; e um livro-álbum chamado Jenner, com reproduções de sua obra, publicado pela Imprensa Oficial da Bahia.
JENNER Augusto. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2023. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa5512/jenner-augusto. Acesso em: 14 de dezembro de 2023. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
Referência: Procuradoria-Geral do Estado. Artista do Mês de Julho: Jenner Augusto. Disponível em: https://pge.se.gov.br/artista-do-mes-de-julho-jenner-augusto/. Acesso em: 14 dez. 2023.
Texto por Paulo Lorenzo Villela
Jenner Augusto - Palafitas ao anoitecer - Óleo sobre tela - 61 x 37 - 1978 - Ass. Canto inferior direito e verso - No verso cachet do artista em português e japonês com os dizeres “ Nordeste – Brasil – Bahia 5/4/1972 – 2ª serie Ana Leonor”
Jenner Augusto - Cidade dos Alagados - 1968 - Óleo sobre tela - Assinado canto inferior direito - 60 x 92 cm.