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Museu do Vaqueiro
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Local
Rua Luis Saturnino Matos, 10 - Largo do Vaqueiro. Centro
Conteúdo
A expressão material, cultural e histórica desse símbolo da resistência humana na Caatinga nordestina, pode ser observada através de centenas de peças que direta ou indiretamente se associam aos hábitos, aos costumes do tangedor de gado. O acervo é cuidadosamente catalogado pelo professor historiógrafo Sivaldo Carneiro de Andrade. É ele também quem narra detalhadamente aos visitantes, a origem, a utilidade e o perfil de cada objeto ali exposto.O especialista se diz orgulhoso do ofício. Mas como outros moradores, não esconde sua apreensão quanto ao descuido da preservação do ambiente histórico e dos mais de 600 itens que tem estudado minuciosamente com o passar do tempo. Além de Andrade, outros três funcionários municipais prestam assistência ao museu especial.O Museu do Vaqueiro foi fundado através do decreto lei municipal Nº 699, datado de 25 de março de 1985. O gestor municipal na época era Francisco Xavier Andrade. Foi instalado no antigo prédio da Prefeitura, erguido há mais de século. Na época, ali também funcionava a cadeia pública da cidade.Os mais velhos do lugar comentam que a comunhão predial satisfazia os interesses dos políticos daqueles tempos. “Eram os prefeitos que prendiam e que soltavam o povo”. Por sua riqueza histórica, o imóvel foi adaptado a exposição do dia-a-dia dessa personalidade popular, o vaqueiro, sertanejo que nos dias de hoje ainda desbrava as matas da Caatinga, peculiar vegetação nordestina, a tanger a boiada e a resgatar alguma novilha desgarrada do rebanho. Vaqueiro tem raízes indígenas na sua formaçãoOs pesquisadores da História do Brasil explicam que a figura do vaqueiro surgiu com o Ciclo do Gado, no século XVII. Ao contrário do que muita gente imagina, essa figura sertaneja não tem origem européia, nos colonizadores portugueses. Com a expansão territorial dos invasores além-mar, os nativos, indígenas, após dominados, foram os percussores do ofício.A medida que a interiorização colonizadora se consumava no Nordeste brasileiro, os obstáculos iam sendo superados. Muitos deles com o auxílio das habilidades de aborígines que haviam sido domesticados. Pelas dificuldades encontradas na civilização dos silvestres, perceberam os conquistadores sua utilidade junto aos currais.Os índios demonstravam satisfação em cuidar dos criatórios bovinos. Apesar da servidão imposta, se sentiam livres. A vigiar o gado, viviam à solta. Embrenhavam-se no mato à procura de reses fugidias. Desfrutavam das ofertas da natureza, de raízes, brotos e frutos silvestres, comendo carne crua ou moqueada no calor dos braseiros. Viviam em pleno exercício de sua formação primitiva.Com o passar do tempo, a miscigenação das raças que aportaram em nossas terras, brancos e negros, surgiam os mestiços, caboclos. Os invasores consolidaram moradia no nosso sertão. Os bravos guerreiros haviam se dado por vencidos ou sucumbido diante do superior poderio conquistador. As gerações que surgiam se adaptavam ao exótico habitat nordestino. A pecuária se tornaria o mais promissor meio de sobrevivência.De olhar aparentemente fadigado, mãos calejadas do açoite do chicote e de abraçar o boi a unha, se preciso for. Com formação nas entranhas da Caatinga, a vaquear e se orgulhar apenas de ser mais esperto que o bicho que lhe cedeu o honrado título, assim é o vaqueiro nordestino. Tanger o boi, a boiada, requer destreza, capricho e arte. Em suas obras literárias, diz escritor Euclides da Cunha: “ser o sertanejo, antes de tudo, um forte”. E o sertanejo é quem vai dar esse homem viril, resoluto, improvisador, destemeroso, um personagem quase lendário, cantado em prosa e verso.
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