Adalton Fernandes Lopes é um dos mais conhecidos e importantes ceramistas fluminenses. Ele nasceu em 12 de outubro de 1938 na cidade de Niterói-RJ, onde viveu até 2005, ano da sua morte. Durante sua vida Adalton exerceu várias profissões: foi pescador, soldado da Polícia Militar, motorista, trabalhou na Companhia Costeira do Ministério dos Transportes. Entretanto, sempre alimentou o desejo de dedicar-se inteiramente à modelagem do barro, que já fazia desde criança, por brincadeira e, depois de adulto, por prazer, nas horas vagas.
Quando era menino, recolhia barro no quintal e ficava em casa fazendo pequenas figuras para se divertir: cavalos, bois e fazendas em miniatura. As peças não eram queimadas e rachavam depois de secar. Conforme ele mesmo conta, passou-se um bom tempo até que descobrisse o barro apropriado e conhecesse as técnicas que garantem a durabilidade das figuras modeladas.
A descoberta foi um pouco ao acaso. Aposentado em 1964, Adalton comprou uma Kombi e fazia fretes. Certo dia, conversando no botequim, comentou com os amigos presentes que precisava saber qual o barro adequado para seus trabalhos, pois a habilidade de modelar ele já possuía. Um ceramista português - seu Júlio - ensinou-lhe então que o 'barro gordo', próprio para modelar, podia ser comprado nas cerâmicas em Niterói.
A partir de então passou a ocupar todo seu tempo com a cerâmica, aperfeiçoando constantemente sua técnica aprendendo a tornar-se senhor do barro e a tratá-lo de diferentes maneiras. Adalton trabalhou com extenso e variado leque temático: da arte erótica à vida de Cristo, passando por vendedores ambulantes, cenas de namoro, casamento e parto. Obcecado pelo desejo de dar vida a seus personagens, criou engenhocas imensas, onde centenas de figuras articuladas movimentam-se animadamente. Seus bonecos são inconfundíveis e apresentam uma visão especial da vida urbana.
O reconhecimento da arte de Adalton pode ser avaliado pela sua participação, em 2001, da mostra Un art populaire, em Paris, promovida pela Fondation Cartier, que adquiriu para seu acervo o trabalho exposto. O artista apresentou na ocasião uma montagem com o título Samba. Tratava-se da encenação, através de mais de 500 bonecos de argila, de um desfile de escola de samba no Carnaval da cidade do Rio de Janeiro. Os personagens se movimentavam, dançando e cantando, ao som de uma bateria da escola de samba com seus tradicionais instrumentos. Participavam do desfile passistas, ritmistas, mestre sala, porta bandeira e alas. Na arquibancada do Sambódomo a platéia vibrava com o espetáculo, canta e torce como num desfile na Sapucaí.
Adalton fez outros trabalhos enfocando a dinâmica do movimento, com muitos coadjuvantes: Espetáculo circense, palhaço, trapezista etc se exibindo; Extração de ouro no garimpo da Serra Pelada, homens subindo nos barrancos carregando o cascalho; Foliões brincando o carnaval no estribo do bonde, homens fantasiados cantando e sambando; Banda de Música, músicos uniformizados portando seus instrumentos, e outras cenas desta natureza.
Na cidade do Rio de Janeiro-RJ inúmeras de suas obras podem ser vistas no Museu do Folclore Edson Carneiro e no Museu Casa do Pontal.