Primeira individual de Cota Azevedo apresenta proposta
que conjuga pintura e poesia no Centro Cultural Correios RJ
Artista e jornalista, Cota Azevedo desenvolve um trabalho que dialoga entre as “artes-irmãs”: pintura e poesia. Em Sopro (s), sua primeira individual, o ponto de partida para a criação são aldravias, formas poéticas minimalistas de seis palavras, seis versos e nenhuma pontuação, das quais ela se apropria, como fagulhas criativas, construindo a partir de suas leituras um outro espaço, a pintura. A individual de Cota inaugura no 3 de fevereiro, no Centro Cultural Correios RJ, sob curadoria de Edson Cardoso. Todo o trabalho deste acervo se baseia na investigação da transposição do escrito para o visual e vice-versa, em um jogo intersemiótico, não literal, nos quais as subjetividades das palavras aliadas aos elementos figurativos pictóricos permitem criar narrativas inventadas. Ela utiliza as técnicas de pintura a óleo, pastel e acrílica e apresenta 18 telas, em formatos que vão de 50 x 50cm a 156 x 116cm.
A exposição SOPRO (s) age no encontro das linguagens. A imagem encontra a palavra que ressona em pura expressão. Seja na visão existencial de mundo ou da intimidade convencional das obras, é possível quase tatear o sentimento. As pinturas surgem das aldravias tituladas de Fernando Azevedo (seu pai), poemas sintéticos, que condensam a poeticidade na simplicidade, portas abertas a interpretações. Com espessa camada de tinta, a obra de Cota Azevedo é tátil. Seu tema, o corpo humano surpreendido em posições que revelam emoções inesperadas, encontra-se no limite entre a abstração e a figuração. Colocadas em atividade estrutural, a imagem e a palavra se fundem fertilizando uma a outra. Dessa maneira, seus territórios resultam de um processo que poderiam frutificar, ainda, outras mais
“Ao mesmo tempo em que as dinâmicas das cores sugerem uma corporeidade, elas também podem abarcar o resultado de planificação das figuras temas. As manchas e os traçados tortuosos carregam a desmaterialização, a desfiguração das pinturas expressionistas. As narrativas são planos de fundo de uma poética e de uma figuração não conclusivas, onde o expectador passa ser coautor de Sopros. Uma história confessional que poderia ser tão minha como do outro. O minimalismo das aldravias ganha uma outra dimensão ao aliar-se à carga emotiva pictórica em Sopros. Duas questões que parecem antagônicas, a sutileza e a dramaticidade passam a conviver lado a lado, de modo que a natureza do que é humano surge, em uma narrativa não limítrofe de um pensar que vai muito além de uma visão de produção e de mundo dual”, explica Cota Azevedo.
Saiba mais sobre a artista
Cota Azevedo é natural da Bahia e reside no Rio de Janeiro. Trabalha com a narrativa experimental, no qual o corpo é o protagonista. As temáticas das obras abordam as construções linguísticas, do humano em seus meios individuais, histórico e/ou temporal. A cor ganha um destaque em seus trabalhos, assim como as pinceladas texturizadas que dão vida à superfície da tela. A intenção é deformar a “realidade” para expressar a subjetividade da natureza do corpo no espaço e dialogar com as composições da imaginação no plano pictórico - a expressão que se impõe sobre o possível real. Uma poética expressiva da cor em uma realidade imaginada.
Entre as coletivas que já participou, estão a Coletiva EIXO 2020 - EIXO Arte Contemporânea – Niterói; Desvio para o Vermelho – Homenagem a Cildo Meireles – Espaço ZAGUT; Abstração e Figuração - Espaço ZAGUT (todas no ano de 2020). E em 2019: Doce Dezembro - Vogue Gallery; A VER - Galeria Espaço do Artista; e Respirarte – Galeria OKO de Arte Contemporânea.
Serviço:
Abertura: dia 3 de fevereiro, às 18h
Período: de 4 de fevereiro a 4 de abril de 2021
Curadoria: Edson Cardoso
Centro Cultural Correios RJ
Endereço: Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro – RJ
3º andar
Visitação: de terça a sábado, das 12h às 19h
Entrada gratuita
Medidas sanitárias serão tomadas por conta da pandemia. A exposição terá o material em 3D para aqueles que não conseguirem ir ao local.