O camaleão é um excelente exemplo de adaptação. O poder de seu mimetismo permite que ele se adapte a diferentes ambientes e cenários, e faz com que o réptil se dê bem em qualquer lugar. Assim como os desenhos grafitados do animal que se espalham pelos muros, marquises e viadutos da cidade, o artista plástico Rodrigo Rizo, 27 anos, autor das pinturas, considera-se semelhante do animal. “Gosto da habilidade que ele tem em reproduzir cores e texturas em lugares distintos. Sou um verdadeiro camaleão, mudo meu estilo artístico para me adaptar aos ambientes”, afirma o grafiteiro.

Já são mais de 100 pinturas de camaleões em diferentes pontos da Capital. Como a arte de rua ainda não tem autorização a nível municipal para que seja feita, Rizo conta que frequentemente sofre abordagem policial quando produz seus camaleões  em pontos urbanos de alta evidência. “Tento explicar para eles. Alguns policiais consultam e constatam que tenho diversos registros e não se importam. A compreensão varia de pessoa para pessoa”, relata o artista, que é graduado em Publicidade e Propaganda e trabalha como arte-educador na COR Galeria de Arte em Florianópolis, onde realiza oficinas de pintura em spray mensalmente direcionadas para o universo da arte urbana desde 2010.

O paulistano Rodrigo Rizo já é radicado na Ilha há 18 anos, onde iniciou seus trabalhos com desenho. “Sou da turma do skate então para mim a arte de rua sempre foi uma linguagem habitual. Comecei jovem, desenhando nos cadernos. E o que via nos meus cadernos procurava passar para a parede. Foi quando fiz minha primeira exposição individual em 2002 que comecei a trabalhar com a figura do camaleão. Resolvi sintetiar o que já sabia fazer para construir uma identidade, uma linguagem visual que me representava”, explica o desenhista.

Não demorou muito para os desenhos do artista camaleônico despontarem e serem reconhecidos pelo mercado. A convite, Rizo expôs mostras de grafite na Suécia, Dinamarca, Itália, Peru, Chile, e recentemente em Miami, nos Estados Unidos, onde produziu seus camaleões no fim do último ano na Art Basel, uma das maiores feiras de arte contemporânea do mundo. “Eles estão espalhados não só pela capital catarinense, mas também pelo planeta”, brinca Rizo