Festival Novas Frequências celebra sua 13ª Edição com a Exposição "Séculos de Gritos, Milênios de Ritos" na Futuros Arte & Tecnologia
A Coletiva acontece no Centro Cultural Futuros Arte & Tecnologia de 06 a 22 de dezembro, na capital Fluminense.
Visões do Luvemba | Obra de Caio Rosa
O Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura por meio do Programa de Fomento à Cultura Carioca - FOCA e Oi apresentam a 13ª edição do Festival Novas Frequências, com duração de 02 a 22 de dezembro
Para além de inúmeros shows, performances e DJ sets - e também um bailão de sound system, uma roda de sample e um seminário -, o Novas Frequências realiza também uma exposição de arte com instalações inéditas de Caio Rosa, Levante Nacional TROVOA, Tiganá Santana e um trio formado por Ana Lira, Nathalia Grilo e Alexandre Fenerich.
Séculos de gritos Milênios de ritos toma seu título emprestado de um poema (ou oriki) de Abdias Nascimento, “Mãe”, presente no livro de 1983 que exalta a ancestralidade e o agora, “Axés do Sangue e da Esperança”.
A exposição é uma coletiva que carrega em seu conceito a energia da libertação trazida pelos seculares gritos de luta, os vibrantes gritos de festas, os transgressores gritos de brincadeiras. Essas forças poderosas que nascem de mistérios milenares ganham forma de ritos, frutificando sonhos e práticas sensíveis de criação. A exposição versa sobre a ancestralidade e a interação comunitária do Carnaval sob diferentes aspectos, aproximando turmas de bate-bola, as tias do samba e os icônicos blocos Cacique de Ramos e Ilê Aiyê.
Ana Lira, Nathalia Grilo, Alexandre Fenerich: "Nos Embalos da Tamarineira, Mamãe Eu Vou Caciquear!"
Esta instalação sonora concebe o improviso como a base que acolhe as ideias compartilhadas entre os artistas e demais membros do Grêmio Recreativo Cacique de Ramos, em colaboração com o trio de artistas vinculados ao Novas Frequências. Os frutos das sonoridades Caciqueanas são celebrados aqui em várias esferas: desde o quintal até o desfile, com o clima dos bastidores refletindo a energia do espaço e as cores tradicionais da agremiação: preto, vermelho e branco.
Ana Lira (Caruaru, PE) é artista visual, fotógrafa, curadora, escritora, editora e apresentadora de rádio. É especialista em comunicação social pela UFPE com ênfase em Teoria e Crítica de Cultura. Sua prática se baseia em processos coletivos de criação e parcerias há mais de vinte anos. Dedica-se às escutas das coletividades em que está envolvida, às dinâmicas culturais relacionadas com as sensibilidades cotidianas e às entrelinhas das relações de poder que afetam nosso processo de comunicação e a forma como produzimos conhecimento no mundo.
Nathalia Grilo (extremo sul, BA) possui uma trajetória que se desdobra nas áreas da cultura, das artes, da produção, educação, escrita e pesquisa em torno da Imaginação Radical Negra. Dentro desse pluriverso, atua como curadora de narrativas no estúdio e no pavilhão do artista Maxwell Alexandre e é curadora na HOA Galeria. Também faz parte do movimento Levante Nacional Trovoa, escreve sobre música, poesia e artes visuais na coluna Missa Negra da editora Sobinfluência. Lidera o programa Negrume na Rádio Veneno, escoando estudos sobre Spiritual Jazz. Foi curadora da área de música na Virada Cultural de SP em 2022, edital Pulsar do SESC RJ e do programa Trânsitos do Instituto Tomie Ohtake, em 2023. Idealizou, produziu e é curadora dos festivais Ayó Encontro Negro de Tradição Oral e Festival Instrumental Mulambo Jazzagrario. Nathalia é mulher negra do extremo sul da Bahia, reside no Rio de Janeiro e é mãe.
Compositor e artista sonoro, Alexandre Fenerich é Doutor em Musicologia pela USP com pesquisa sobre a relação entre música concreta, intimidade e voz. Trabalha principalmente com composição musical sobre mídias digitais. Participou de festivais de música e artes digitais como: Festival Ibrasotope, Live Cinema, Bienal de Música Contemporânea Brasileira, Bienal Música Nova de Curitiba, Simpósio Internacional de Música Nova, Festival Villa-Lobos; ZKM, MaerzMusik, Münchener Bienalle, Worldsonics (Alemanha); Futura (França). Trabalhou com Tato Taborda em seu multi-instrumento Geralda e realizou a espacialização sonora de sua ópera A Queda do Céu. Atuou também com Giuliano Obici no duo N-1. Trabalha ainda como artista sonoro, sendo suas últimas participações nas exposições Rios do Rio (2018) e Sonomemo (2019). Foi professor de desenho sonoro na Escola de Audiovisual Darcy Ribeiro e professor de música da Universidade Federal de Juiz de Fora. É professor do Instituto Villa-Lobos da Unirio e membro de seu Programa de Pós-graduação em Música (PPGM-Unirio). Foi bolsista pelo edital Capes-Humboldt para pesquisador experiente em 2019-2020, desenvolvendo trabalho de pesquisa na Universität der Künst, Berlim. Atualmente, participa do Acorda! Coletivo de música (instrumental) e do Coletivo Revoada (improvisada).
Caio Rosa: Visões do Luvemba
A pesquisa e a série buscam construir pontes entre a cultura Bate-bola, nascida nos subúrbios do Rio de Janeiro e as culturas tradicionais centro-africanas que se mantêm vivas até hoje em nossa diáspora e no continente. A vídeo-instalação acompanha algumas turmas durante os últimos 4 anos, entre a Zona Oeste e a Zona Norte carioca, mostrando parte do processo de produção das fantasias, a intenção de seus integrantes em desconstruir o estereótipo violento relacionado à cultura, o êxtase e o rito durante o carnaval, relacionando-as à cosmogonia Bakongo, presentes nos povos Angola/Congo, que são uma das matrizes que fundamentam essa que é uma das mais ricas manifestações culturais do sul global nos últimos 90 anos.
Caio Rosa, nascido em 1992, na Zona Oeste carioca, é fotógrafo e pesquisador, vive e trabalha em São Paulo. Cursou História na PUC-Rio, seus estudos abordam metodologias e estratégias de acesso ao divino e mundos intangíveis por parte de sua experiência cultural através da fotografia, música, vídeo e instalação. Em sua produção, procura refletir e se opor aos violentos processos da prática fotográfica no decorrer da história, propondo novas formas de representação do corpo e cultura negra, utilizando-se do processo de revelação e ampliação analógica, experimentos e introdução de desenhos, escritos e mapas afetivos. É criador e anfitrião do programa Rio Doce na NTS Rádio (Londres) onde navega na música afro diaspórica tradicional e contemporânea e seus deságues ao redor do mundo.
Levante Nacional TROVOA: Na Ginga do Estandarte
O Levante Nacional Trovoa, a convite do Festival Novas Freque?ncias 2023, concebeu uma videoinstalac?a?o que traz como poe?tica as vive?ncias de tre?s senhoras: Betinha, Guesinha e Jura. “Na Ginga do Estandarte” propo?e a ideia de legado atrave?s de um vie?s sensi?vel, partindo de encontros de gerac?o?es de mulheres que convidam o espectador a mergulhar no universo do samba atravessando uma avenida de histo?rias.
O Levante Nacional TROVOA e? um coletivo de artistas visuais e curadoras racializadas, composto por articuladoras de nove estados do Brasil, sendo eles: Bahia, Ceara?, Espi?rito Santo, Goia?s, Maranha?o, Para?, Pernambuco, Rio de Janeiro e Sa?o Paulo. Fundado em 2017 a partir das preocupac?o?es iniciais de quatro jovens mulheres, o Levante Nacional TROVOA reivindica urge?ncia na discussa?o sobre o sistema de arte no Brasil, com especial atenc?a?o a? visibilidade e inserc?a?o das artistas racializadas nesse circuito. Ambicionam enquanto coletivo evidenciar uma produc?a?o na?o hegemo?nica que deriva de intersecc?o?es raciais que passam por indi?genas, negras e asia?ticas.
Tigana? Santana: Ile?s, Aiye?s, Carnavais e Ancestrais
A obra “Ile?s, Aiye?s, Carnavais e Ancestrais”, do artista Tigana? Santana, configura- se como uma instalac?a?o sonora em dia?logo com uma expografia perfilada por tecidos (amarelos, vermelhos, pretos e com estampas do bloco afro Ile? Aiye?), palhas-da-costa, esteiras, tambor, num conjunto de significados e materiais que homenageiam o primeiro bloco afro do Brasil, o Ile? Aiye?, fundado em Salvador no ano de 1974, a partir de um Terreiro de Candomble?, o Ile? Axe? Jitolu. A pec?a sonora, composta pelo artista e gravada na capital da Bahia, conta, em suas texturas e camadas, com a participac?a?o de percussionistas do bloco e do grupo BaianaSystem, sinalizando, este?tica e tecnologicamente, que as complexas invenc?o?es, estrate?gias e intelige?ncias negras estiveram (esta?o e estara?o) como proposic?a?o nos diversos tempos e de mu?ltiplas formas.
Tiganá Santana (Salvador, Bahia) é compositor, cantor, instrumentista, poeta, produtor musical, diretor artístico, curador, pesquisador, professor e tradutor. Foi o primeiro artista brasileiro a lançar um trabalho com canções compostas em línguas africanas, ainda em seu primeiro álbum, Maçalê (“você é um com a sua essência”, em yorubá arcaico), de 2010. Ele tem mais quatro discos lançados: The Invention of Color (2013), Tempo Magma (2015), Vida-Código (2020) e Iroko (2023), em parceria com Omar Sosa. Produziu os discos Mama Kalunga e Cada Voz é Uma Mulher, de Virgínia Rodrigues. Foi curador da Ocupação Dona Ivone Lara no Itaú Cultural, em 2015; dirigiu o espetáculo musical em homenagem a Dorival Caymmi; além de outras colaborações. É um dos participantes da 35ª Bienal de São Paulo, com trabalho conjunto com o artista Ayrson Heráclito.
Serviço | Exposição "Séculos de Gritos, Milênios de Ritos"
13º edição do Festival Novas Frequências
Dias: De 06/12 à 22/12 - De quarta à domingo.
Horários: Das 11:00 às 20:00
Local: Centro Cultural Futuros Arte & Tecnologia
Endereço: R. Dois de Dezembro, 63 - Flamengo, Rio de Janeiro - RJ, 22220-040
Entrada gratuita
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