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Nuca de Tracunhaem - Guia das Artes
Nuca de Tracunhaem
Informações
Nome:
Nuca de Tracunhaem
Nasceu:
Nazaré da Mata, PE (05/08/1937)
Faleceu:
Recife, PE (27/02/2014)
Biografia

Manoel Borges da Silva, Nuca de Tracunhaém ou Mestre Nuca, nasceu no dia 5 de agosto de 1937 no Engenho Pedra Furada, município de Nazaré da Mata, Pernambuco. Considerado um dos mais importantes e expressivos artistas populares de Pernambuco, Nuca viveu a maior parte de sua vida em Tracunhaém, cidade localizada na zona da mata norte pernambucana, distante 72 km do Recife. O município é um dos mais importantes pólos de produção de cerâmica artística e utilitária do Brasil. Segundo uma frase famosa “Em Tracunhaém ou barro vira santo ou vira panela”. A cerâmica artesanal é a principal atividade econômica da cidade.

O mestre Nuca se mudou com a família para Tracunhaém em 1940; seu pai era agricultor e se mudou para a cidade para trabalhar num roçado que a família havia comprado. Em Nuca, o gosto pela arte da cerâmica começou muito cedo; influenciado pelo trabalho de mestres como Lídia Vieira e Zezinho, ainda criança fazia no barro brinquedos inspirados em figuras do seu cotidiano, os quais eram vendidos na feira de Carpina, cidade vizinha a Tracunhaém. Em 1960 Nuca se casou com Maria Gomes da Silva, com a qual teve seis filhos. Foi somente em 1968, quando esculpiu seu primeiro leão, que Nuca passa a ser considerado um artista. No começo não vivia da sua arte; continuou trabalhando na roça, plantando para sobreviver.

Profissionalmente tudo começou quando um antiquário do Recife encomendou ao mestre um leão de cerâmica. O resultado foi uma grande e bela escultura de um leão sentado, com uma postura imponente de guardião, apresentando uma grande juba encaracolada feita com dezenas de fragmentos circulares, a qual se tornou posteriormente sua marca registrada. Desde então a arte de Nuca foi se tornando progressivamente conhecida e prestigiada. Ele afirma que a escultura do leão surgiu de uma idéia dele com a esposa Maria. O mestre conta que a idéia do leão foi dele, mas o cabelo foi dela; talvez inspirados pelos leões de louça portuguesa que decoravam os jardins e varandas de muitos casarões antigos do Recife. Porém, longe desta representação realista, estes animais nos remetem antes aos primeiros séculos da antigüidade clássica, onde representavam guardiões de lugares sagrados.

Nos últimos anos o mestre Nuca esteve impossibilitado de trabalhar com o barro. Em 2005 ele sofreu um acidente vascular cerebral que o deixou com lado esquerdo do corpo paralisado. Sua esposa Maria também já não trabalha; diabética, além de enxergar pouco, teve que amputar as duas pernas devido a complicações provocadas pela doença. Atualmente se locomove numa cadeira de rodas. Dos seis filhos que teve, três seguem o ofício do pai: Marcos Borges da Silva (Marcos de Nuca), José Guilherme Borges (Guilherme de Nuca) e Marcelo Borges. As obras dos três se confundem com a de seu pai e representa a esperança concretizada de que o trabalho do Mestre não terminará com ele.

As obras do mestre Nuca estão espalhadas em antiquários, coleções particulares, galerias de arte, museus e em alguns espaços públicos, como a Praça do 1º Jardim em Boa Viagem e a Praça Tiradentes, no Recife, e nos jardins do Sítio Burle Marx, no Rio de Janeiro.

Mestre Nuca recebeu o título de “Patrimônio Vivo de Pernambuco”, outorgado a ele em 2005 pelo Governo do Estado de Pernambuco. Ele faleceu no dia 27 de fevereiro de 2014 em Recife, aos 76 anos de idade.

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