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João Batista Vilanova Artigas - Guia das Artes
João Batista Vilanova Artigas
Informações
Nome:
João Batista Vilanova Artigas
Nasceu:
Curitiba - PR - Brasil (23/06/1915)
Faleceu:
São Paulo - SP - Brasil (12/01/1985)
Biografia

João Batista Vilanova Artigas (Curitiba, PR, 1915 - São Paulo, SP, 1985). Arquiteto, engenheiro, urbanista, professor. Forma-se engenheiro-arquiteto pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), em 1937, após ter sido estagiário na construtora Bratke e Botti. Abre uma empresa de projeto e construção com Duílio Marone a Artigas & Marone Engenheiros, ao mesmo tempo que participa de exposições da Família Artística Paulista (FAP). Em 1944, afasta-se da construtora e decide montar escritório próprio, ao lado do calculista Carlos Cascaldi, e, engajado na política de regulamentação da profissão, funda, com outros colegas, a representação do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB/SP) em São Paulo. Filia-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), em 1945.

 

Recebe, em 1946, uma bolsa de estudo da Fundação Guggenheim, que lhe permite viajar por 13 meses pelos Estados Unidos. De volta ao Brasil, em,1948, participa da criação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), onde passa a lecionar. Com o acirramento da Guerra Fria, radicaliza o tom ideológico do seu discurso, particularmente nos textos que escreve para a revista marxista Fundamentos, ligada ao PCB Le Corbusier e o Imperialismo, 1951, e Os Caminhos da Arquitetura Moderna, 1952. Viaja para a União Soviética, desencantando-se com a arte e arquitetura do Realismo Socialista, e mergulhando em uma crise profissional, que se estende até meados dos anos 1950, quando projeta as residências Olga Baeta, 1956, Rubem de Mendonça ("casa dos triângulos"), 1958, e a segunda residência Taques Bittencourt, 1959, com pórticos de concreto armado. Inicia uma série de projetos escolares para o governo do Estado de São Paulo, em que se destacam os ginásios de Itanhaém e de Guarulhos. Esses projetos, feitos na administração Carvalho Pinto (1910-1987), marcam o início das relações entre arquitetura moderna e o poder público em São Paulo, até então quase inexistentes.

 

Em 1961, realiza uma sequência notável de projetos que definem as linhas mestras do que se chama "escola paulista": o Anhembi Tênis Clube, a Garagem de Barcos do Iate Clube Santa Paula, e o edifício da FAU/USP, na Cidade Universitária, todos em São Paulo. No ano seguinte, propõe inovações didáticas marcantes na "reforma do ensino" da FAU/USP, definindo critérios curriculares que seriam adotados por muitas escolas de arquitetura. Após o golpe militar de 1964, é preso e, logo depois, exilado no Uruguai, de onde regressa e passa a viver na clandestinidade. Retorna à FAU/USP em 1967, e profere uma aula inaugural em rejeição à luta armada, intitulada O Desenho, em que defende o projeto como atitude de resistência à opressão. Projeta em 1968, com Paulo Mendes da Rocha (1928) e Fábio Penteado (1929-2011), o Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães Prado (Parque Cecap), em Guarulhos, para 50 mil moradores.

 

Após o Ato Institucional nº 5 (AI-5), em 1969, é afastado mais uma vez da FAU/USP, à qual retorna apenas com a anistia, no fim de 1979, na condição de auxiliar de ensino. Reassume em 1984 sua posição anterior à cassação, após submeter-se a um concurso para professor titular, cujas argüições foram publicadas com o título de A Função Social do Arquiteto.1 É um dos mais importantes arquitetos brasileiros, tendo recebido da Union Internationale des Architectes (UIA) os prêmios Jean Tschumi, 1972, por sua contribuição ao ensino de arquitetura, e Auguste Perret, 1985, por sua obra construída.

Cronologia
  • s.d. – Órfão de pai, iniciou os estudos básicos em Teixeira Soares (PR), onde sua mãe trabalhou como professora primária. c.
  • 1925 – Mudou-se com a família para a casa dos avós paternos em Curitiba, dando continuidade aos seus estudos no Ginásio Paranaense.
  • 1932-33 – Fez o primeiro e o segundo ano do curso de engenharia civil na Faculdade Engenharia do Paraná, em Curitiba.
  • 1933 – Interessado em estudar arquitetura, mudou-se no final do ano para a cidade de São Paulo.
  • 1934-37 – Realizou o curso de engenharia-arquitetura na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
  • 1935-37 – Trabalhou como estagiário e desenhista no escritório dos arquitetos Carlos Amélio Botti e Oswaldo Arthur Bratke.
  • 1936 – Frequentou o curso noturno de desenho artístico da Escola de Belas-Artes de São Paulo, onde conheceu sua futura esposa, Virgínia Camargo, estabelecendo contato com Alfredo Volpi, Francisco Rebolo, Mário Zanini e outros artistas do Grupo Santa Helena.
  • 1937– Iniciou carreira profissional junto com o engenheiro Duílio Marone, na firma Marone & Artigas, responsável pela construção de dezenas de residências em bairros nobres da capital paulista, como as casas de Roberto Lacase, Amelie Glover, Luiz Gonzaga Leme Monteiro, Luiz Antônio Leite Ribeiro e Rio Branco Paranhos.
  • 1938 – Trabalhou na Secretaria de Viação e Obras Públicas do Estado de São Paulo.
  • 1939 – Participou do 2º Salão da Família Artística Paulista, no Automóvel Clube de São Paulo. Juntamente com Gregori Warchavchik, elaborou projeto para a construção do novo Paço Municipal de São Paulo, obtendo o segundo lugar no concurso promovido pela prefeitura da capital.
  • 1941 – Tornou-se professor de estética, arquitetura e urbanismo na USP.
  • 1943 – Foi um dos fundadores do departamento paulista do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) e integrante de sua primeira diretoria.
  • 1944 – Desfez a sociedade com Duílio Marone e montou escritório com o arquiteto Carlos Cascaldi, com quem trabalhou cerca de vinte anos.
  • 1944-45 – Elaborou os projetos do edifício residencial Louveira, no bairro paulistano de Higienópolis, e do hospital São Lucas, em Curitiba, adotando soluções próximas do racionalismo de Le Corbusier. O edifício Louveira, composto por dois blocos independentes e paralelos, com estrutura em pilotis, um grande jardim e um pátio de estacionamento no espaço intermediário, seria construído entre
  • 1946 e 1949, servindo referência para diversos prédios residenciais paulistanos.
  • 1945 – Filiou-se ao Partido Comunista do Brasil (PCB).
  • 1946– Viajou aos Estados Unidos em setembro com bolsa de estudos da Fundação Guggenheim. Durante sua permanência nos EUA, que se estendeu até outubro do ano seguinte, conheceu arquitetos de renome, como Walter Gropius, e várias universidades norte-americanas.
  • 1948 – Foi um dos membros fundadores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP) e do Museu de Arte Moderna de São Paulo.
  • 1949 – Ingressou no conselho editorial da revista Fundamentos, ligada ao PCB. Em lote contíguo à sua primeira casa no bairro paulistano de Campo Belo, construiu nova residência, compacta e linear, edificada em concreto e vidro.
  • 1950 – Projetou a estação rodoviária de Londrina, PR, e a Casa da Criança, na mesma cidade.
  • 1951 – Publicou dois artigos bastante polêmicos na revista Fundamentos. Em “Le Corbusier e o imperialismo”, criticou a posição supostamente apolítica do arquiteto franco-suíço e sua proposta de um sistema de medidas denominado Modulor. Em “A Bienal é contra os artistas brasileiros”, acusou a direção do evento de privilegiar os nomes estrangeiros ligados ao abstracionismo europeu.
  • 1952 – Escreveu o artigo “Os caminhos da arquitetura moderna”, publicado em Fundamentos, questionando a arte a arquitetura moderna à luz do materialismo histórico marxista. Iniciou o projeto do estádio Cícero Pompeu de Toledo, conhecido como estádio do Morumbi, sua obra de maior porte e visibilidade. Sede oficial do São Paulo Futebol Clube, o estádio seria inaugurado oito anos mais tarde.
  • 1953 – Fez sua primeira viagem à União Soviética. Desencantado com o chamado realismo socialista, entrou em crise profissional, realizando poucos projetos nos dois anos seguintes.
  • 1954 – Durante o IV Congresso Brasileiro de Arquitetos, realizado em São Paulo, assumiu a defesa da arquitetura moderna brasileira em contraposição à proposta de uma arquitetura “regionalista”, preconizada por Edgar Graeff.
  • 1956 – Projetou a residência de Olga Baeta em São Paulo, obra em que combinou pela primeira vez o uso de elementos tradicionais (madeira e telhados em duas águas) com a adoção de técnicas modernas.
  • 1956-57 – Participou do concurso de projetos para a construção de Brasília, classificando-se em quinto lugar.
  • 1958-59 – Projetou a residência de Rubem de Mendonça, conhecida como “casa dos triângulos”, e a segunda residência de Taques Bittencourt, com pórticos de concreto armado, em São Paulo.
  • 1960 – Elaborou o projeto dos vestiários do São Paulo Futebol Clube, em terreno adjacente ao estádio do Morumbi, considerado um marco do “brutalismo” paulista.
  • 1960-61 – Em parceria com Carlos Cascaldi, realizou projetos escolares para a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, entre os quais merecem destaque os ginásios de Guarulhos e de Itanhaém.
  • 1961 – Realizou os projetos da nova sede da FAU, na cidade universitária da USP, do Anhembi Tênis Clube e da Garagem de Barcos do Iate Clube Santa Paula, em São Paulo. Projetado em concreto armado aparente e com uma cobertura em grelha em escala monumental, o prédio de seis pavimentos da FAU/USP, inaugurado sete anos depois, é considerado uma de suas obras-mestras.
  • 1962 – Liderou abrangente reforma curricular na FAU/USP, cujas inovações seriam adotadas por diversas instituições de ensino de arquitetura no país.
  • 1963 – Foi homenageado com Sala Especial na 7ª Bienal de São Paulo.
  • 1964 – Após o golpe militar que depôs o presidente João Goulart, foi afastado da universidade e preso. Indiciado em Inquérito Policial-Militar (IPM) sobre as atividades do PCB, deixou o país, vivendo exilado em Montevidéu por oito meses.
  • 1965 – Retornou ao Brasil, permanecendo na clandestinidade até a concessão de habeas-corpus que lhe permitiu aguardar o processo em liberdade.
  • 1967 – Livre de processo judicial, voltou a lecionar na FAU/USP. Realizou o projeto da residência de Elza Berquó, em São Paulo, com uma estrutura de concreto apoiada em troncos de árvores. Juntamente com Paulo Mendes da Rocha e Fábio Penteado, elaborou o projeto do Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães Prado, construído para abrigar cerca de 50 mil moradores em Guarulhos, SP.
  • 1969 – Em abril, foi afastado compulsoriamente da universidade com base no Ato Institucional nº 5. Recebeu a medalha de ouro na 10ª Bienal de São Paulo pelos projetos do conjunto Zezinho Magalhães Prado e do prédio da FAU/USP.
  • 1972 – Recebeu o Prêmio Jean Tschumi, concedido pela União Internacional dos Arquitetos, por sua contribuição ao ensino de arquitetura.
  • 1973 – Realizou o projeto da Estação Rodoviária de Jaú, SP.
  • 1976-78 – Elaborou projetos de escolas de primeiro e segundo graus para Companhia de Construções Escolares do Estado de São Paulo (Conesp).
  • 1980 – Anistiado, foi reintegrado ao quadro docente da FAU/USP, na condição de professor auxiliar.
  • 1981 – Publicou Caminhos da arquitetura, coletânea dos principais textos produzidos ao longo de sua carreira.
  • 1984 – Convencido por colegas da universidade, prestou concurso para professor titular da FAU/USP, reassumindo o posto que ocupava antes do AI-5.
  • 1985 – Foi agraciado com o Prêmio Auguste Perret, concedido pela União Internacional dos Arquitetos, por sua obra construída. Sua obra foi apresentada em exposições coletivas e individuais, entre as quais:
  • 1997 – Sala Especial, 3ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo.
  • 2000-02 – Da Antropofagia a Brasília: Brasil
  • 1920-1950, Instituto Valenciano de Arte Moderna, Centro Julio Gonzáles, Valencia, Espanha; Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Álvares Penteado, São Paulo.
  • 2003 – Vilanova Artigas, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo.
  • 2005 – Artigas: Casa e Cadeira, Museu da Casa Brasileira, São Paulo.
  • 2007 – Sala Especial na 7ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo.
  • 2009 – Artigas – Bo Bardi - Mendes da Rocha, Raum fur Architektur im Kunstlerhaus, Salzburg, Áustria. A maior parte do acervo de projetos de Vilanova Artigas está sob a guarda da FAU/USP. O conjunto de arguições ao concurso para professor titular da FAU/USP em 1984 foi publicado sob o título A função social do arquiteto (São Paulo: Nobel/Fundação Vilanova Artigas, 1989).

 

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