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HACKEANDO O PODER-2024-03-23 - Guia das Artes
HACKEANDO O PODER
Evento encerrado
HACKEANDO O PODER
Quando aconteceu
Sábado, 23 Março até Domingo, 30 Junho
Local
Museu da República do Rio de Janeiro
R. Rua do Catete 153, Catete
Conteúdo

 

NOVA EXPOSIÇÃO COLETIVA DA REDE NAMI INSPIRADA NO LIVRO “HACKEANDO O PODER”

 

Com curadoria de Carollina Lauriano, exposição fica em cartaz de 23 de março a 30 de junho, no Museu da República, no Rio

Em homenagem às comemorações do Dia Internacional da Mulher, a Rede NAMI, organização criada pela artista Panmela Castro, leva para o Museu da República, no Rio, a partir do dia 23 de março, a exposição coletiva “Hackeando o Poder”, com obras de artistas que exploram novas perspectivas e narrativas no mundo da arte. Inspirada no livro "Hackeando o Poder: Táticas de Guerrilha para Artistas do Sul Global" (2023, edit. Cobogó), a exposição reúne criações das artistas que participam do livro e dos projetos da NAMI, oferecendo um espaço de diálogo e apreciação da arte através de trabalhos que representem a diversidade e a pluralidade do que é ser mulher no mundo de hoje. 

Escrito pela equipe da Rede NAMI em conjunto com mais de 50 pessoas do meio, o livro é um manual de artes e direitos humanos para jovens artistas que desejam ingressar e se manter no mercado. Nesse sentido, a exposição apresenta visões e as vozes de poderosas artistas, de diferentes gerações, como, Rosana Paulino, Panmela Castro, Marcela Cantuária, Priscila Rooxo, Élle de Bernardini, Vulcânica Pokaropa, Agrippina R. Manhattan, Alice Yura, Roberta Holiday, Sallisa Rosa, Arcasi e Alafumin. 

“O livro é uma escrita importante sobre esse processo de hackeamento do poder no meio artístico. A exposição deriva dele como um projeto que tenta pensar a produção de artistas entre as várias gerações de mulheres, desde uma Rosana Paulino com uma carreira consolidada, conhecida internacionalmente, até outras muitas jovens que estão chegando e encontrando um mercado mais preparado para absorver novas narrativas”, explica Carollina Lauriano, curadora. 

Ao todo, a exposição traz 12 obras, entre pinturas, foto-performance, fotografia e instalação, de 12 artistas (negras, trans e/ou periféricas) que, na grande maioria, se debruçam sobre seu próprio corpo/vivência para pensar as questões contemporâneas. “O público que chegar lá vai ser convidado a pensar na multiplicidade do que é ser mulher com todas as suas urgências, necessidades e lacunas a serem preenchidas. O objetivo é justamente mostrar o que a vivência e o olhar dessas mulheres estão trazendo de novo para a gente pensar a sociedade hoje”, conta Carollina. 

Um dos destaques é ''Suporte Caro'' (2022), obra inédita da artista Priscilla Rooxo, que busca evidenciar o uso de materiais tidos como "nobres" por artistas jovens e periféricos, criticando a predileção por materiais "inferiores" (como papelão e resíduos) a estes muitas vezes designada. Num gesto tão simples quanto potente, a artista elabora imagens de mulheres trabalhadoras sobre linho, referenciando as presenças femininas fortes e fundamentais em seu cotidiano – como sua mãe, suas tias e amigas. 

Panmela Castro também apresenta um novo trabalho: a instalação “Amor Eterno”, parte da série “Mulheres Negras Não Recebem Flores” (2024). A obra, uma coleção de flores secas guardadas em potiches de vidro, é mais uma das criações da artista que fala sobre sua incansável busca pelo afeto. O título da série se refere às teorias relacionadas a “Solidão da Mulher Negra” de autoras como Ana Claudia Lemos Pacheco, Claudete Alves da Silva Souza, Bell Hooks, além da frase original de Gabriela Moura, que viralizou nas redes tempos atrás.”, explica Panmela.

A ancestralidade africana serve de base para o trabalho da artista Alafumin, que apresenta a obra "Renasci quando me fiz sol" (2022) em que reflete sobre o processo de autotransformação diante das adversidades da vida. “Tornar-se sol é aceitar a grandiosidade e a força do próprio ser e acolher as próprias limitações, para então renascer diante dos desafios que atravessam a existência”, diz. Já a artista paraense Arcasi, se debruça em suas origens através da obra “Gira”, um ritual de criação de si e de práticas de memória e liberdade. 

 

Natural de Goiás, Sallisa Rosa apresenta a obra fotográfica “Resistência”, criada a partir de uma pesquisa, iniciada em 2017, em que fotografa facões de familiares e conhecidos (sempre no ambiente rural) e depois cola as fotos pelas ruas da cidade como lambe-lambes. “O facão é um símbolo de resistência e sobrevivência popular. Abre caminhos nas matas, colhe e ajuda o trabalho rural, mas também pode ser usado para ferir.”, explica. 

 

O encontro da arte com a música se dá através de "Celebração é Magia" (2023), obra da artista Roberta Holiday, em que retrata corpos celebrando suas existências independentemente de onde estão: num baile funk, roda de samba, churrasco com a família ou conversando no portão de casa. “A liberdade que a música propaga também compõe essa ritualidade.", reflete Roberta.

 

As questões de gênero e transexualidade estão representadas em diversas obras. A artista trans Élle de Bernardini traz a obra "A Professora de Piano" (2022), uma alusão ao filme homônimo, de Michael Haneke, em que a personagem principal faz uma série de mutilações nas regiões genitais, revelando seu desespero pela destruição da própria feminilidade na qual se sente presa. “São questões psicanalíticas da construção dos sujeitos. Fala desse corpo moderno/contemporâneo, fruto de uma série de intervenções das mais simples, até as mais complexas”, diz.

Com "Justiça" (2022), a também artista Vulcânica Pokaropa dá sequência à série "Intercessão", na qual faz releituras de imagens católicas, desta vez, através dos querubins, transicionando o nome para kuirubins ou queenrubins. Já Alice Yura apresenta a obra “O Louco” (2022), associada à ideia de um ser vagante ou de um ideal masculino que se perdeu ou está se perdendo. 

A artista travesti Agrippina R. Manhattan apresenta a obra "O paraíso fica em São Gonçalo”, pintura em tela que homenageia o lugar onde nasceu e foi criada, profetizando o dia em que o mar voltará a encontrar a cidade, localizada no interior do Rio de Janeiro. O único autorretrato da exposição é de Marcela Cantuária, renomada artista carioca, conhecida por abordar narrativas de enfrentamentos à sociedade estruturada no machismo e na misoginia.

 

Durante o período da exposição, a NAMI realizará encontros de um clube de leitura do livro "Hackeando o Poder", nos quais serão discutidos capítulos com algumas autoras. Essa iniciativa visa ampliar o acesso ao livro e promover um aprofundamento nas questões sobre arte e direitos das mulheres.

 

SOBRE A REDE NAMI: 

A Rede NAMI é uma organização sem fins lucrativos que tem como objetivo o uso da arte como veículo de transformação social. Seus projetos promovem os direitos das mulheres, negros, povos originários, pessoas LGBTQIAP+ e pessoas com deficiência. A organização surgiu em 2010 pelo desejo de sua fundadora, a artista Panmela Castro, em contribuir para o fim da violência contra a mulher e fomentar o protagonismo das mulheres. A NAMI realiza um trabalho de base, buscando estimular as potencialidades de liderança de grupos marginalizados pela sociedade em diversos âmbitos, alinhando-se diretamente a três dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU para construir um mundo menos desigual e mais sustentável.

 

SERVIÇO:

EXPOSIÇÃO: HACKEANDO O PODER

LOCAL: Museu da República do Rio de Janeiro (R. Rua do Catete 153, Catete)

DATA: 23 de março a 30 de junho de 2024

Horário: Terça a sexta, de 10h às 17h. Sábados, domingos e feriados, 11h às 17h.

Entrada franca 

SINOPSE: exposição coletiva organizada pela Rede NAMI inspirada no livro “Hackeando o Poder: Táticas de Guerrilha para Artistas do Sul Global” (2023, ed. Cobogó).

* Os horários podem variar em função de férias e feriados. Recomendamos ligar antes para verificar.
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