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Victor Hugo e as artes plásticas- Guia das Artes
Victor Hugo e as artes plásticas
Victor Hugo e as artes plásticas
O que nós, amantes do escritor, em geral desconhecemos é o grande talento de Victor Hugo para o desenho.
inserido em 2017-07-07 13:33:29
Advogada e escritora. Carioca com coração mineiro.
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A história já nos provou que pode ser cruel com o mais esplêndido dos escritores: James Joyce em Retrato de Um artista quando jovem , publicado em 1816, Herman Melville com sua Moby Dicky em 1851 ou a poetisa americana Emily Dickinson que somente teve seus poemas publicados após sua morte em 1886, não viveram para colher os frutos da notoriedade em suas épocas próprias. Mas Victor Hugo, talvez por seu reconhecido tino comercial, ao contrário, morreu aos 83 anos em 1885 celebrado e admirado pelo mundo e por seus compatriotas. Escritor, romancista, poeta, dramaturgo, político e artista, o francês filho de um general bonapartista, viu suas obras mais famosas sendo reeditadas e traduzidas para diversas línguas enquanto acompanhava as grandes transformações da França do Séc. XIX.

O que nós, amantes do escritor, em geral desconhecemos é o grande talento de Victor Hugo para o desenho. Chegaram a ser expostos ao lado de artista que viviam não da escrita, mas dos pincéis. Victor Hugo foi elogiado por Baudelaire -poeta e compatriota do escritor- que em visita ao Salão da Academia de Belas Artes da França , em 1859, escreveu: “Não vi entre os artistas que expõe, nada que se compare à magnífica imaginação dos desenhos de Victor Hugo. Refiro-me àqueles em nanquim, pois é evidente que em poesia nosso poeta é o rei dos paisagistas”. A necessidade de retratar cenas que habitam suas mentes é muito comum entre escritores e por isso, não raramente descobrimos esses talentos somados ao talento da boa escrita. Talvez por isso, Gustave Brion – famoso ilustrador e pintor francês- tenha sentido imensa honra ao ser escolhido para retratar os mais famosos personagens de Hugo, como Quasímodo e Esmeralda do aclamado O Concurda de Notre Dame, bem como a inesquecível Cosette de Os Miseráveis. Sobre o trabalho de seu ilustrador Hugo falou: ”Eu vejo meus personagens vivendo sob a pena de Brion. Javert e Thérnadier, como também a minha Cosette triste e comovente bem diante dos meus olhos”. Os personagens de Hugo inspiraram belas ilustrações em Gustave Brion bem como o próprio Victor Hugo por sua inestimável contribuição literária, política e humanística inspirou depois um dos mais célebres escultores de todos os tempos, Rodin.
Após a morte do escritor, foi decidido erigir um monumento em sua homenagem e em 1889, Rodin apresentou para o público sua obra: retratou Victor Hugo no exílio, sentado entre as rochas de Guernsey, o braço estendido como para acalmar as ondas. Era uma imagem tanto do poeta perdido na contemplação como do campeão da causa republicana. O retrato não agradou e foi rejeitado por unanimidade pelos curadores. Mas, talvez por ter conhecido Victor Hugo e convidado a entrar em sua casa, Rodin tenha capturado exatamente como o escritor, em vida, gostaria de ter sido lembrado.


Victor Hugo está para a literatura como as formas estão para o escultor.

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