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Tomie Ohtake - Guia das Artes
Tomie Ohtake
Tomie Ohtake
inserido em 2023-05-08 18:53:57
Fundador da Galeria de Arte Paiva Frade em São Lourenço - MG ; Fundador da Galeria Ruptura em São Paulo - SP
Veja outras colunas de Alexandre Paiva Frade
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A sagitariana Tomie Ohtake nasceu na antiga capital imperial do Japão, Kyoto, em 1913. Filha de madeireiros tradicionais, residia na rua Shijo, no centro de Kyoto, onde aprendeu Ikebana, piano e cerimônia do chá com sua mãe que lhe dava educação tradicionalista. Quando ela tinha cinco anos seu pai, Keinosuke, sofreu um ataque cardíaco fulminante.

Em 1936 veio, acompanhada do irmão Teisuke, visitar seu irmão Masutaro Nakakubo, um inquieto jovem, que veio para o São Paulo em 1926, fixou residência na rua da Paz e, se tornou dono de um laboratório que fabricava remédios e o popular fortificante Wakamoto. Foi exatamente o contrário da rua da Paz, a guerra, que impediu Tomie de retornar e, neste tempo conheceu Ushio Ohtake com quem se casou.

Em suas palavras ao sair do navio Tomie exclamou: “Tudo era amarelo, até o gosto”. Essa cor temida por pintores foi magistral por toda a vida em suas telas.

Em 1952, começa a pintar e um ano depois participa do Grupo Seibi com Mabe, Fukushima, Shiró, Kaminagai, dentre outros e, apenas oito anos depois, com uma pintura “às cegas”, recebe o Prêmio de Isenção de Júri no Salão Nacional de Arte Moderna de 1960.

Após a Segunda Guerra Mundial, Tomie voltou ao Japão para uma visita à família e semelhante ao seu pai, tragicamente sua mãe, Kimi, sofreu um ataque cardíaco fulminante.

De volta ao Brasil, nos anos 60, chega ao fim o casamento com Ushio que muda-se para Paraty, onde faleceu em na década de 1970.

Tomie em São Paulo, dedica-se integralmente aos filhos e à pintura que atingiu nível de maturidade ao longo da década de 1960, com o uso de tons contrastantes, pinceladas muito diluídas explorando as transparências, chegando assim a um nível magistral no início da década de 1970.

Somente em 1968 naturalizou-se brasileira o que a possibilitou representar o país na Bienal de Arte de Veneza, quando em 1972 destacou-se na 36ª Bienal de Veneza. Ainda recebeu o Prêmio Panorama da Pintura Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Artistas como Tomie, Fukushima e Mabe, usavam o "ma", em japonês o vazio espacial, para elaborar suas obras e ainda a possível influência, devido a cultura, do ukiyo-e, espécies de gravuras japonesas que refletem o ensinamento budista de que tudo é ilusão e expressava o prazer fugaz, o que justifica o prazer na concentração de sua mãe:

"essa influência se verifica na procura da síntese: poucos elementos devem dizer muita coisa"

Na década de 1980, Tomie cria cenários para o Teatro Municipal do Rio de Janeiro, por ocasião da ópera Madame Butterfly, apresentada em 1983, ano em que o MASP faz uma retrospectiva e lançamento do livro "TOMIE" escrito por Casimiro Xavier de Mendonça, com prefácio de Pietro Maria Bardi.

Em 1988, foi agraciada com a Ordem de Rio Branco pela escultura pública comemorativa dos oitenta anos da imigração japonesa no Brasil. Em São Paulo a escultura em concreto armado na Avenida 23 de Maio tornou-se signo paulistano. Daí por diante, na década de 1990, Tomie se destacou com esculturas de grandes dimensões em espaços públicos e em 1995 a 23ª Bienal Internacional de São Paulo, dedicou-lhe uma sala especial de esculturas e, ainda, recebeu o Prêmio Nacional de Artes Plásticas do Ministério da Cultura – MinC.

E em 2000, foi criado o Instituto Tomie Ohtake, importante centro cultural da capital paulista, que em 2004 publicou um grande e abrangente livro sob o nome TOMIE, editado por Ricardo Ohtake.

Em 2004 realizou sua obra pública, considerada uma obra prima, para o Auditório Ibirapuera, num perfeito diálogo com a arquitetura de Oscar Niemeyer.

Em 2008, realizou o magnífico monumento comemorativo ao centenário da imigração japonesa na cidade de Santos e outro no Aeroporto Internacional de Guarulhos.

Entre 2009 e 2010, realizou uma escultura monumental para os jardins do Museu de Arte Contemporânea de Tóquio.

Em 2013, um grande incêndio atingiu o Auditório do Memorial da América Latina com capacidade de 1,8 mil pessoas, onde sua tapeçaria de 800 metros quadrados encomendada por Niemeyer foi destruída.

Em 2014, foi lançado o documentário Tomie, dirigido pela cineasta Tizuka Yamasaki, com depoimentos de críticos como Agnaldo Farias e Paulo Herkenhoff.

Tomie faleceu no dia 12 de fevereiro de 2015, aos 101 anos, depois de ter exposto por 541 vezes, sendo a primeira vez, em 1952, no 2º Salão Paulista de Arte Moderna de São Paulo e, daí por diante fez parte de 464 importantes coletivas e aproximadamente 77 exposições individuais. Sua sua primeira Individual se deu em 1957, no MAM de São Paulo, cidade onde em 2013, expôs pela última vez.

No exterior expôs individualmente em Nova York, Washington, Mayaguëz, Roma, Milão, Lima, Tóquio, Londres, Miami, Guayaquil e Quito.

Também no exterior expôs coletivamente, participando de Salões e exposições representativas, nas cidades de Bruxelas, Viena, Córdoba, Calle, Londres, Washington, Oakland, Tóquio, Bonn, Lima, Manágua, Medellín, Milão, Kyoto, Birmingham, Buenos Aires, Atami, Madrid, Mendoza, Osaka, Lisboa, Haia, Havana, Paris, Roma, Copenhague, Lausanne, Tokushima, Cuenca, Gifu e na Dinamarca, Suécia e Finlândia.

Tomie ganhou reconhecimento, tendo sua obra espalhada por museus como o Masp, o MAM, o Museu de Arte Contemporânea (MAC) e a Pinacoteca, no Brasil, o Museu Hara, em Tóquio, Japão, e o Museu da Mulher e no Museu de Arte das Américas, ambos em Washington, Estados Unidos.

Tomie recebeu quase trinta prêmios, incluindo o da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em 2000

Criou mais de 30 obras públicas

Participou de 20 Bienais Internacionais, seis de São Paulo, Bienal de Veneza, Tóquio …

Recebeu inúmeros prêmios e é uma referência na produção brasileira de artes plásticas da segunda metade do século XX.

 

Imagem: Instituto Tomie Ohtake

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