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Sobre Walter Lewy - Guia das Artes
Sobre Walter Lewy
Sobre Walter Lewy
inserido em 2022-04-11 19:41:00
Fundador da Galeria de Arte Paiva Frade em São Lourenço - MG ; Fundador da Galeria Ruptura em São Paulo - SP
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Em 1924 os estudos da psicanálise estavam em desenvolvimento por Sigmund Freud, o que veio a influenciar significativamente o surrealismo que teve, neste ano, publicado por André Breton, o Manifesto Surrealista.
O Manifesto propunha um novo modo de encarar a arte, segundo ele o termo SURREALISMO refere-se ao automatismo psíquico puro, pelo qual, propõe exprimir o funcionamento real do pensamento, ausente do controle exercido pela razão,estética ou moral.
No ano de 1924, circulou o primeiro número da revista "A Revolução Surrealista", que manifestava princípios de isenção da lógica e a valorização do inconsciente pelo impulso.
Vinte anos antes, em 1904, nascia na Espanha Salvador Felipe Jacinto Dalí i Domènech.
Dalí foi expulso da universidade em 1926, época em que teve contato com o arquiteto Le Corbusier e o cientista Albert Einstein.
Em 1929 conheceu a russa Elena Ivanovna Diakonova de pseudônimo Gala, então esposa do poeta surrealista Paul Éluard. Por sua influência juntou-se ao grupo surrealista de Montparnasse. No mesmo ano começam a viver juntos, casando em 1934.
Excêntrico e Inovador e influenciado pelas teorias de Freud, na década de 1930, Dalí encontra o estilo de pintar pelo qual seria reconhecido como pintor surrealista.
Em 1940, no início da Segunda Guerra Mundial na Europa, Dalí e Gala mudaram-se para os Estados Unidos, onde viveram durante oito anos.
Um ano após o nascimento de Salvador Dali, em 1905, nasceu de origem judaica alemã Walter Max Lewy,
Em 1927 Walter Max Lewy, formou-se na universidade de Dortmund, que já era conhecida por alinhar-se com a filosofia das vanguardas e, filiou-se a União dos Pintores da Westfália, participando em 1928 de mostras coletivas em várias cidades alemãs.

Já em 1928, na mesma época em que Dali participava do Grupo Surrealista de Paris, Walter Max Lewy, em Viena, participou da vanguarda austríaca e de movimentos artísticos ligados ao Realismo Mágico.
Neste período a França, onde vivia Salvador Dali, desfrutava da euforia dos Loucos Anos Vinte, enquanto a Alemanha, derrotada na primeira guerra, estava na miséria. Cenários opostos onde surgem o Surrealismo de Dali e Lewy.

Em 1932, como vários outros judeus, Lewy teve sua carreira interceptada pelo antissemitismo alemão. Sua primeira exposição individual, em Lippspringe, foi fechada pela “Câmara de Arte Alemã” que proibia judeus na vida artística.

Em 1933 a catástrofe ampliou, com a ascensão de Hitler ao poder, quando os artistas judeus foram proibidos de pintar e tiveram queimadas suas obras.

A Alemanha nazista era hostil a arte moderna, taxada de “Arte Degenerada” e criminosa. As correntes de pensamento levavam em conta aspectos genótipos, a pureza da “Raça”, uma vez que a mistura de genes criava impuros, dai “Arte Degenerada”, a Arte dos Impuros.

Nesta década, os surrealistas Salvador Dali e André Breton exilaram-se nos Estados Unidos onde tiveram suas obras reconhecidas como o supra sumo do pensamento contemporâneo da época.

Walter Max Lewy, Frans Krajcberg, Franz Weissmann, Samson Flexor, Lasar Segall entre outros, exilaram-se no Brasil.

Walter Max Lewy, no Brasil ainda de mentalidade colonialista, ligou-se a novos amigos: os Modernistas de 1922, como Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Mário de Andrade, Sérgio Milliet, Pancetti, Goeldi, Clóvis Graciano e Francisco Rebolo, e outros do Grupo Santa Helena.

Em São Paulo, coincidentemente morou na Liberdade. Posteriormente, vivendo numa travessa da Avenida Europa, trabalhou como publicitário e ilustrações para livros de Bertrand Russel, Machado de Assis, Arnold Toynbee, Sérgio Milliet, Franz Kafka, e outros.

Em 1942, participou, Clóvis Graciano, Manoel Martins e Aldo Bonadei, Carlos Scliar, Lívio Abramo e Oswald de Andrade, do álbum de xilografias: “Sete Artistas Brasileiros”.

Em 1942 foi um dos fundadores do Sindicato dos Artistas Plásticos.

Neste período seus pais, que insistiram em ficar na Alemanha, foram executados em 1944, no campo de Auschwitz.

Participou ativamente das grandes discussões entre abstração geométrica e arte concreta, e figurativa.

Em 1944, individualmente expôs no ateliê do amigo Clóvis Graciano, no Palacete Santa Helena.

Foi um dos fundadores do Clube dos Artistas e Amigos da Arte em 1948,

Participou da criação do Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Fez parte da Primeira Bienal Internacional de São Paulo, 1951.

No Salão Paulista de Arte Moderna, de 1952 recebeu a Grande Medalha de Prata.

Em 1954, no Salão Paulista de Arte Moderna, ganhou Medalha de Ouro

Em 1956, lewy ilustrou o livro Metamorfose, de Franz Kafka, onde o homem é transformado em uma barata, como na desumanização imposta ao povo judeu na Alemanha nazista.

Em 1956, casou-se com Dirce Pires, a bela que por muitos momentos foi modelo para as obras do amigo Di Cavalcanti.

Em 1957, no Salão Paulista de Arte Moderna, recebeu o cobiçado Prêmio Aquisição.

Nos anos 1960, na VIII Bienal Internacional de São Paulo, participou da mostra Surrealismo e Arte Fantástica.

Criou e participou da exposição “Doze Artistas e Nove Surrealistas”, que aconteceu no Auditório Itália, em São Paulo.

Nos anos 1960 teve Sala Especial na X Bienal Internacional de São Paulo.

Em 1974 o MAM de São Paulo, do qual participou de sua fundação, realiza uma Exposição Retrospectiva de Walter Max Lewy.

Ainda em 1974, recebe o Prêmio de Melhor Pintor do Ano da Associação Brasileira de Críticos de Arte.

Em 1974, na publicação “Walter lewy: 35 anos de pintura no Brasil” do Museu de Arte Moderna Di Cavalcanti comentou:

“Walter lewy veio para o Brasil e o encontrou.
Esta nossa terra quando quer dar, dá tudo,
deu ao tímido Walter o céu, os cactos, as flores, outras coisas mais estranhas
coisas eróticas, exóticas...”

Em 1976, na França, representou o Brasil na XI Bienal Internacional de Arte de Menton e realizou uma individual na Embaixada do Brasil em Paris.

Na década de 1990 viveu em Miami, e expôs Washington.

Em 1995, ano em que participou da exposição comemorativa de 70 Anos do Unibanco, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. e faleceu em São Paulo.

Em 2013, a Estação Pinacoteca, em São Paulo, realizou a mostra retrospectiva: Walter Lewy, mestre do Surrealismo no Brasil.

Em 2017 no Ciesp, Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, figurou com destaque na exposição: “Entre Mundos”: O legado dos refugiados do nazifascismo em tempos de intolerância — Brasil, 1933-1945”

A exposição foi resultado do projeto "Vozes do Holocausto", organizado pelo
Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.
Apoiado pela Federação Israelita do Estado de São Paulo, a Confederação Israelita do Brasil e a organização judaica B’Nai B’rith.

Suas obras fazem parte dos acervos:
MAC - Museu de Arte Contemporânea de São Paulo
MASP - Museu de Arte de São Paulo
MAM SP - Museu de Arte Moderna de São Paulo
MAM RJ - Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Entre outros. Alexandre Paiva Frade

 

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