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La em Vevey fica a casa do Rei, onde risos, belos jardins, uns chapéus na loja de souvenir nos dão a sensação de que Charles se esconde entre os arbustos a nos espiar.
inserido em 2019-01-31 18:07:13
Advogada e escritora. Carioca com coração mineiro.
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La em Vevey fica a casa do Rei, onde risos, belos jardins, uns chapéus na loja de souvenir nos dão a sensação de que Charles se esconde entre os arbustos a nos espiar.

Não, não! Desculpe. Estou falando do Carlitos, ele nunca se foi. Viveu alojado no corpo de um rapaz londrino e como pagamento jamais permitiu que o rapaz, mesmo quando homem, envelhecesse.

Somente uns fios brancos, a pele um pouco enrugada, estatura ligeiramente curvada fez de Charles, o Chaplin, quando na verdade ele sempre foi o Carlitos.

 

E Carlitos dizia para Charles:

" Você nunca encontrará o arco-íris se olhar apenas para baixo", e assim fez seu amigo Charles erguer os olhos no momento em que a sociedade americana o censurou acusando-o de comunista, para então proibi-lo de voltar para a América. Mais uma vez Carlitos entrou em cena e disse aquele que lhe alugava o corpo: "Vamos embora para uma terra encantada chamada Suíça".

Foi quando Charles Spencer Chaplin, nos 63 anos, iniciou uma fase em que Carlitos era somente um amigo divertido que o visitava e não aquele gênio inquieto o obrigando a trabalhar; roteirizando historias divertidas e comoventes, escalando elencos - muitas vezes com atrizes que se casariam com Chaplin - e dirigindo cenas, desenhando figurinos, produzindo os próprios filmes do menor ao maior detalhe, em uma época do cinema mudo onde a palavra remasterizar era sinônimo de pisar na Lua. Editar filmes consistia em cortar os rolos entendendo necessário criar uma linha do tempo perfeita para o publico. No final dos anos 1940, inicio dos 1950, apos a premier do filme Limelight, em Londres, Chaplin, sua mulher e filhos tiveram o visto negado para entrar nos Estados Unidos, onde moravam. E por conta disso, a Suíça passou a ser o seu novo lar onde viveu de 1952 a 1977, precisamente em Vevey.

 

Estive lá ha dois dias e do apartamento de nosso amigo, no Cantão de Genebra, revivo a emoção de ter caminhado pela sala de jantar, o escritório, os aposentos onde Charles viveu seus últimos anos na presença de sua quarta esposa Oona O`Neill, ou Lady Chaplin. Oona era 36 anos mais jovem do que o marido e lhe deu oito filhos, sendo sua definitiva esposa com quem Chaplin dividiu seus últimos 35 anos de vida, ate o dia de sua morte em 25 de dezembro de 1977.

Talvez o mundo tenha demorado a conhecer a casa onde o gênio do cinema viveu feliz, aqui na Suíça. Somente em 2016 o museu temático, batizado de Chaplin World, foi aberto ao publico, com direito a exibição dos objetos pessoais do astro e de sua bela esposa; documentos pessoais - como o visto de permanência concedido pelo governo suíço -, manuscritos na mesa do escritório com uma linda vista para o jardim e as estatuas de cera confeccionas em parceria com o museu Grévin.

 

Como disse no inicio, senti Carlitos por lá. Ele caminhava divertidamente atrás dos visitantes, caricaturando seus trejeitos, da mesma forma que vimos Charles fazer  com seus filhos, ainda pequenos, correndo pelos jardins. São muitas cenas em filmagens domesticas fraqueando a intimidade da Família Chaplin para nos, que encantados ao sermos conduzidos por um inesquecível anfitrião, sentimo-nos parte de sua vida.

 

Charles Spencer Chaplin, nasceu no dia 16 de Abril de 1889, em Londres, filhos de pai e mãe cantores, estreou nos palcos aos 9 anos de idade. Escreveu sua autobiografia em 1965, catalogou sua obra em 80 filmes e após sua morte, outro biografo aumentou o número para 81 películas. 

Ele fundou a United Artists em 1918, dirigiu, roteirizou a maioria deles, e eternizou seu personagem Carlitos conhecido em todo mundo como The Trump.

 

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