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John William Waterhouse - Guia das Artes
John William Waterhouse
John William Waterhouse
Duvido que você nunca tenha visto uma obra de John William Waterhouse
inserido em 2019-07-19 21:17:32
Advogada e escritora. Carioca com coração mineiro.
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 Duvido que você nunca tenha visto uma obra de John William Waterhouse.

 Há um consenso no universo feminino quanto ao valor do artista e sua mágica capacidade de nos capturar para dentro de suas telas. Embora não haja dúvidas de que se trata de um britânico nome, Waterhouse nasceu em Roma no dia  06 de abril de 1849.

 Seus pais também pintores por certo o influenciaram, mas é possível não terem imaginado que seu filho se tornaria um dos maiores expoentes do movimento pré-rafaelino no século XXI. Para os críticos da época, e alguns remanescentes de hoje, John William não foi um dos maiores de seu tempo. Contudo, tenho certeza, em nosso tempo Waterhouse reina na majestade do inconsciente coletivo, como um monarca!

Embora a semelhança entre as obras de John ( vamos usar de intimidade) e seu antecessor Alma-Tadema, seja evidente, causando muitas vezes confusão entre a autoria de um e outro artista, há que se admitir um traço a mais de romantismo nos contornos de Waterhouse. E nos entremeios de um olhar apaixonado sobre sua obra, é possível capturar o envolvimento do artista com o sagrado feminino. Da menor para a maior das intenções: um olhar transverso, mãos pousadas sobre dobras de volumosos vestidos, pescoços que se inclinam não para olhar  alguém na figura central e sim para além do observador.  Aquele olhar feminino que -  mesmo através dos séculos -  não desiste de olhar para dentro. John William sabia disso, e  nos deixou retratos dos espectros que nós mulheres temos dentro de nós em diferentes momentos da vida: uma cálida promessa de amor, a negativa pífia de um desejo reprimido, a maternidade estampada no colo ainda virgem, a ousadia de um inocente seio que se põe a mostra e não supera o encanto facial. É o que me leva a crer que o artista retrata a alma e não a estética. E embora Alma-Tadema seja um dos mais incríveis pintores desta era, dividida com John, ainda assim me ponho ao lado do romano. Sobra personalidade nas figuras de Waterhouse, na reunião da cena em que mais de uma mulher é retratada nenhuma delas é menor – no sentido artístico -, nenhuma delas merece menos empenho para que nós, pela janela do tempo, desfrutemos de sua beleza.

  John William era generoso. Magnetizou a expressão de Ophelia, em 1889 e depois incutiu premonições na Bola de Cristal, finalizado em 1902. Um vaso, uma escada de mármore, um livro sobre o qual as lendas arturianas eram sugeridas, até mesmo as vestes de Honório ( considerado um dos piores imperadores de Roma) frente às togas de sacerdotes, na obra finalizada em 1883 intitulada; Os favoritos de Honório, mereceram dele a riqueza do talento.  Excelência. Waterhouse é um vigilante da história retratando-a para além dos tempos nos quais nem mesmo ele esteve presente. Imaginação retratista de um passado desejado? Porque Honório, segundo fontes, foi um imperador tímido, inexpressivo, pouco articulado, tanto que preferia alimentar suas galinhas a se engajar nas guerras que faziam Roma sucumbir. É claro para nós, que Waterhouse mergulha na história e de lá nos traz o que para muitos é tão difícil retratar:  Alma.

 O elemento que, por mais que me custe admitir, o celebrado e reconhecidamente fabuloso Alma-Tadema não traz para seu trabalho, não obstante o estigma de seu nome. As sombras, os traços, as cores, tudo isso na precisão de Tadema o consagram ante a crítica, no arauto do estilo pretendido. Mesmo assim, Waterhouse me ganha. Imprime voz e deixa de ser apenas um exímio retratista, ocupando em mim o posto de roteirista.

E então meus queridos leitores, me reporto ao que não cabe aqui mensurar: a arte. Trago tão somente meu olhar, meu bem querer,  para não dizer meus arroubos “Willianos” e nesta atmosfera, que pela graça dos deuses atravessa dois séculos, nós; admiradores das pinceladas de John William Waterhouse, nos inspiramos, nos reconhecemos e por que não dizer... Nos reinventamos.

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