Todo fim é triste, doloroso, inexplicável, cheio de dúvidas. E foi assim que a Banda Sinfônica do Estado de São Paulo terminou seu ciclo. Triste...

A demissão de 65 músicos devido à falta de recursos demonstra cada vez mais um descaso com a cultura no Brasil. Nos últimos anos vejo não só músicos, mas artistas de vários segmentos, clamarem por ajuda, por patrocínio. Recursos estes muitas vezes negados, sem nenhuma explicação. Eu sempre digo que o não já tenho, e vou sempre atrás do sim.

Mas é muito desgastante, exaustivo. Pois todas às vezes temos que explicar o porquê nosso projeto cultural é bom, é necessário para a cultura dos pais, do estado. E para que o povo não permaneça ignorante. E como a marca ou a empresa que talvez vá patrocinar o projeto, possa se beneficiar junto ao mercado. Desolador...

Todas as portas parecem estar se fechando, e a cultura lutando para permanecer viva, tentando sair da UTI. Algumas escolas (graças a Deus) incluíram nos currículos, aulas de artes visuais, dança teatro e música. Pois qual o aluno que gosta de ficar horas sentadas, estudando, calculando, recebendo inúmeras informações? Muito cansativo.

A arte mexe com o outro lado do hemisfério cerebral, fazendo com que as funções psicomotoras, se equilibrem, com as atividades lógicas, metódicas e racionais. Por isso a arte é tão prazerosa e tão necessária. Em todos os países desenvolvidos, a visitação no Museu faz parte do aprendizado, da cultura e do cotidiano do cidadão. Aqui, ao contrário alguns museus estão fechando por falta de verba (olha ela ai novamente), e muitas vezes, por descaso.

O ingresso para visitar estas instituições quando não é gratuito, tem valor tão irrisório, que não se justifica que o fluxo do público ainda seja tão pequeno, a ponto de várias instituições encerrarem suas atividades.

Se de um lado o governo se encontra esgotado quanto a possibilidade de subsidiar financeiramente as instituições e projetos culturais, cabe aos cidadãos que têm interesse em adquirir cultura, de se aproximarem a essa prática da visitação aos museus, teatros, exposições, e demais veículos de aculturamento, aumentando significativamente o número de usuários,  pois somente assim chamará a atenção de empresários, e pessoas ligadas ao empreendedorismo para que se interessem em patrocinar, formar parcerias, criar ações que possam ligar o lado institucional destas empresas, com a melhoria e o aumento das atividades culturais, resultando num povo melhor instruído, que possa realmente escolher bem seus governantes.

Evitando assim o encolhimento da massa cultural que atualmente se vê oprimida pelo lado financeiro escasso, e com sua visão obstruída pelas dificuldades, a ponto de somente enxergar a realidade nua e crua que a vida lhe impõe de forma compulsória.

Não podemos lutar sozinhos, temos que nos unir, em torno da preservação da cultura e da arte, para que não haja mais tristezas e lutos.