Carregando... aguarde
Eithne Pádraigín Ní Bhraonáin, nome de fada - Guia das Artes
Eithne Pádraigín Ní Bhraonáin, nome de fada
Eithne Pádraigín Ní Bhraonáin, nome de fada
inserido em 2021-04-06 11:44:31
Advogada e escritora. Carioca com coração mineiro.
Veja outras colunas de Gabriela Alvarenga Maya
Conteúdo

 

Quando me propus a escrever um artigo sobre esta artista, não imaginava que
seu verdadeiro nome seria a mim, uma latino-americana, tão difícil de
pronunciar. Para a nossa sorte, seu nome artístico é muito mais fácil. Antes de
revelar-lhes esta nossa figura, trago uma proposta que rende polêmica na
seara da Literatura. Música também é literatura? Quando caminha não só pelas
notas musicais, mas também por palavras, a música tem mais de uma função?
Transcende o aspecto sensorial e provoca, com suas letras, um acervo mais
abrangente que serve também como interpretação de texto?

As canções de Eithne nos provocam tantas sensações, que embora possuam
letras não é sobre isso que nos atemos. Sua proposta artística, de um ser com
uma densidade muito diversa da nossa, parece não se preocupar com as
convenções. As notas de suas canções, sua voz e a carga reflexiva que nos
trazem, coloca-a em um patamar tão elevado que chega a criar um reino
próprio e sem referências. É como se ninguém, até hoje, estivesse no mesmo
grau de excelência que ela. Ao menos no estilo, muito próprio desta artista.

Enya. A irlandesa que despontou no mundo artístico em 1980, em uma banda
formada por sua família; a Clannad, foi internacionalizada com seu primeiro
trabalho solo: o álbum Watermark. A canção Orinoco Flow, abriu os olhos e os
ouvidos do planeta e colocou Enya em destaque por motivos que ultrapassam
sua qualidade musical. Enya trazia algo novo para o resto do mundo, embora
em sua terra natal as influências célticas nos grupos de músicas populares não
fossem uma novidade. O que a nós fica claro, a partir de um quadro
comparativo, é que Enya fala aos nossos ouvidos como ninguém antes o fez.
Ao menos desde que as canções começaram a ser registradas por meios
mecânicos de reprodução. Teriam os gregos cantado desta maneira, em suas
escolas filosóficas, em praças e cerimônias? Ou seriam as tribos celtas da
Europa Setentrional? É provável que estes povos, isentos das distrações
sociais da modernidade, possuíssem a mesma dose de sensibilidade de Enya.
Desde que a conheci através de sua música, passei a nutrir a ideia de que
havia uma dose de magia em Enya, para além das doses médias que os seres
dotados de dons artísticos costumam receber antes de encarnarem.

As canções de Enya são curativas, justamente pelo caráter transcendental.
Não raro as palavras amor e tempo, marcam presença em seu trabalho para
nos relembrar as bases da humanidade. Sexta entre nove irmãos, Enya é a
artista irlandesa mais ouvida no mundo em carreira solo, e a segunda artista no
geral ficando atrás apenas da banda U2. Após seu estrondoso sucesso, a filha
de um casal de músicos, emplacou algumas trilhas sonoras que vão de
blockbusters românticos como; Sweet November, à filmes de anti-heróis como
o recente Deadpool. No entanto, para os fãs de J.R.Tolkien e amantes da
trilogia O Senhor dos Anéis, é com May it be que Enya consegue sua primeira
indicação ao Oscar de Melhor canção original. Aliás, a lista de indicações e
premiações é extensa. Em 1990 tem sua primeira indicação com o álbum solo
Orinoco Flow, pela Billboard. Mas é apenas três anos depois que leva o prêmio

de melhor álbum do gênero New Age. E isso se repete nos anos de 1997 e
2001 e 2002. Enya mostra que veio para ficar e compõe um sucesso atrás do
outro. Como se não bastasse, cantou em dez idiomas (inglês, irlandês,
japonês, latim, galês, espanhol, francês), incluindo os idiomas criados pelo
universo Tolkien para saga O Senhor dos Anéis. Em 1997 comprou um castelo
em Killiney, na região de Dublin.

Já foi indicada nove vezes ao Grammy e levou quatro. No Japão, país onde é
consagrada, levou cinco prêmios no Japan Gold Awards, por melhor álbum,
artista do ano, e melhor álbum POP ( não me pergunte o porquê da
categoria).O World Music Award, também a premiou nada mais nada menos
que em cinco categorias, entre elas: Melhor artista irlandesa, Melhora artista
feminina, Melhor cantora de New Age.
Enya tem uma vida discreta e não se casou. Ela costuma trabalhar de
segunda a sexta-feira em um estúdio e diz não trabalhar em casa. Já sofreu
alguns atentados de fãs, inclusive com invasão a sua casa. A artista tem
aparecido cada vez menos em programas de TV e nunca saiu em turnê.
Discreta, Enya é coerente com a vida das fadas. Espalha magia e se esconde.
Afinal, seres mágicos são raros e por isso mesmo muito especiais.

Se você já recorreu a um bom livro e a uma taça de vinho para superar
momentos de tédio, tristeza ou perda, aconselho a acrescentar as canções de
Enya nesta lista. Ela é prova viva de que seres fantásticos habitam entre nós.

Fotos
Compartilhe
Comente