O intuito desta forma de expressão artística é antes de mais nada estabelecer um diálogo entre o artista e o seu entorno, hora exaltando o belo, hora enaltecendo figuras e personagens de relevância, hora protestando ou chamando atenção para fatos que afligem a sociedade, e hora falando exclusivamente do seu eu.
Dentre tantas alternativas, a arte contemporânea tem se direcionado para caminhos diversificados e às vezes distinto da essência da própria arte; pois, sendo o artista um membro da sociedade que elegeu a vida artística como meio de vida, faz com que este procure identificar dentre as diversas correntes, aquela que lhe proporcionará o maior retorno ou melhor algum retorno financeiro para sua atividade profissional. É o que chamamos de síndrome de "as contas não param..."
Não é incomum lermos a biografia de algum artista, que iniciou sua carreira pintando obras enaltecendo o belo (Belas Artes), e que depois, sucumbindo aos reclames da sociedade resolveu modificar completamente sua linha de trabalho, para uma linha mais comercial, ou vulgarmente chamada de "mais vendável", ou seja o artista dança conforme a música.
No Brasil esta influência foi acentuada pela efusão provocada pelo Modernismo, que se antagonizou com o pretenso conservadorismo da Arte Acadêmica; ideia esta abrigada fortemente pela corrente de arquitetura e decoração que preferiam e preferem uma arte mais decorativa e em detrimento de uma arte mais contemplativa e mais trabalhosa, abandonando aos poucos a valorização do belo, como "mote" principal das telas e obras que se anexam nos ambientes sofisticados.
Deve, portanto o artista mais amadurecido e experiente procurar equilibrar estas forças, produzindo material artístico que ao mesmo tempo seja vendável, sem que abandone a essência das Belas Artes, tendência esta que continua sendo reconhecida nos mercados internacionais em que ainda que vêem obras contemporâneas mostrando paisagens belíssimas, figurativos hiper-realistas, emoções que remetem a realidade do nosso dia a dia, tudo com muita seriedade e devidamente valorizada pelo mercado.
No Brasil o realismo ainda é a base para muitas escolas, tais como o Muralismo e a Tatuagem, mas que no meu entendimento poderia ter maior mercado junto às Galerias, onde, pouco se vê atualmente de telas voltadas para o esmero figurativo ou para uma bela paisagem, rendidas que são pela preferência ao abstracionismo "non-sense", ou às instalações polêmicas, como as que se viram na última Bienal de São Paulo, que dividiu grande parte da opinião pública.
Termino a minha matéria indicando para meus leitores alguns artistas contemporâneos de minha preferência:
David Kassan, Iman Maleki, Arantzazu Martinez, Shierly, Adrian Gottlieb...
Ana Bittar
Artista Plástica, Colunista, Apresentadora