Rotular a “vaidade” depende diretamente do conhecimento e cultura de quem o faz!
A repressão à vaidade, no período transitório entre a Idade Média e a Idade Moderna , o Renascimento, foi apregoada por um padre dominicano de Florença, Jerônimo Savonarola que em 1497 queimava em praça pública objetos condenados como indutores do pecado: espelhos, cosméticos, vestes finas, livros imorais, obras de arte como pintura e escultura: A FOGUEIRA DAS VAIDADES ou FALÓ DELLE VANITÁ.
Temática da moda na pintura dos séculos XVI e XVII, no norte da Europa e Países Baixos, são as VANITAS - Naturezas-mortas simbolistas, da nossa relação conflituosa com a morte: a efemeridade da vida. A palavra VANITAS em latim significa "vacuidade, futilidade". Composições com o crânio humano, fumaça, ampulhetas, relógios, fumaça , frutos em putrefação, tudo o que é perecível.
Memento mori é uma expressão do latim, que significa "lembre-se de que você é mortal", muito utilizado na literatura, do período Barroco, séc. XVII-XVIII. Culto do contraste: o Barroco procurava aproximar os opostos como carne/espírito, pecado/perdão, céu/terra.
Me atrevo a deixar aqui minha opinião sobre vaidade: É a valorização que se atribui à própria aparência, ou quaisquer outras qualidades físicas ou intelectuais, fundamentada no desejo de que tais qualidades sejam reconhecidas ou admiradas.
Quão bom é o homem que por vaidade, empreende, quer o melhor e o mais belo. Quão bom, aquele vaidoso que não se contenta com o ordinário! Assim já não importa o que o levou a fazer, mas o que fez de concreto.
A historia registra o colecionador de arte, que fomenta, por sua vaidade em possuir o mais belo, um excepcional legado artístico eterno para a humanidade.
Imagine se a Família Médici não fosse vaidosa, não teríamos as obras eternizadas por Michelangelo.
Esses vaidosos mecenas, financiadores de uma nova cultura eram papas, monarcas, príncipes, burgueses; acima de tudo cultos e com bom gosto; que tinham por objetivo não somente a autopromoção, mas também a propaganda e difusão de novos hábitos, valores e comportamentos.
Sem vaidade, não necessitaríamos de artistas, estilistas, prateiros, designers, ourives, joalheiros e tudo mais ligado a beleza. Contentaríamos apenas com o bom e durável, sem necessidade do belo. Por sorte já nascemos predispostos ao belo.
" O belo é uma manifestação do bem, da perfeição e do que é verdadeiro". Platão
Alexandre Paiva Frade