Lembro-me de um personagem de histórias em quadrinhos chamado Brotoeja. Ela era uma menina que adorava bolinhas. Suas roupas, quarto, enfeites, tudo tinha desenhos de bolinhas. Não podia imaginar que a verdadeira "Brotoeja" existe e se chama Yayoi Kusama.

Uma artista e escritora japonesa, que sofre de um transtorno psiquiatrico. A obsessão por bolinhas se tornou um problema e ela mesma se internou em um hospital psiquiátrico em 1977 que vive até hoje. Mas as alucinações e o TOC (transtorno obsessivo compulsivo ) se transformaram em arte.

Para mostrar como era seu mundo ela começou a criar desenhos com pontos do infinito, bolinhas, com vários materiais: guache, aquarela e também tinta a óleo. Durante sua vivência em Nova York, ela teve contato com Andy Warhol, Donald Judd, Claes Oldenberg e Joseph Cornell. A exposição "Obsessão Infinita" desta artista fabulosa no Instituto Tomie Ohtake em São Paulo foi um arraso. Instalações, esculturas, quadros, desenhos, e o que sua mente "doentia" pode criar.

Como disse foram várias instalações e várias salas, para mim a mais interessante foi  "Filled with the Brilliance of Life" com jogos de espelhos e lâmpadas (bolinhas) penduradas no teto, que mudavam de cor. Na "Sala de Obliteração", os visitantes recebiam uma cartela com bolinhas adesivas e colocavam onde queriam, móveis, paredes, teto, objetos de decoração. A sala era toda branca e ficou toda colorida repleta de bolinhas.

As cores das bolinhas deram vida ao ambiente. Para vocês terem idéia as bolinhas fizeram parte até das bolsas Louis Vuitton. Sua carreira como escritora também é muito diferente, pois além das poesias, ela também escreveu romances, que são considerados muito fortes, pois seus personagens são prostitutas, assassinos, cafetões, nada convencional.

De onde vem tanta imaginação. tanta criatividade?

O seu mundo é realmente psicodélico, pop, místico e muito alegre, diferente dos "normais". A sensação que tive ao visitar a exposição foi de surpresa. Fiquei encantada com cada espaço criado, lógico que tudo relacionado a bolas e pontos, mas cada rosto que pude observar trazia no semblante: surpresa, alegria, admiração, encantamento.

Yayoi Kusama é única, onde a Loucura foi traduzida como Arte. Como artista plástica e colunista de artes eu concluo que a mente é uma incógnita, onde em cada pessoa existe um Louco ou poderíamos dizer um Artista que a qualquer hora poderá aflorar...