Invadido por um estado de profunda melancolia, Ulisses em "A Odisséia de Homero" recusa a oferta da deusa Calipso, de eterna juventude e imortalidade caso permaneça com ela.
(Kalyspsó deriva do verbo grego Kalýptein, “esconder”).
O preço era viver escondido - e deixar de cumprir o que está destinado à todos os mortais - suportar os sofrimentos e incertezas, para encontrar-se consigo mesmo.
Ao recusar, Ulisses optou por sua identidade, esquivando-se do engodo (que hoje vivemos em nome da estabilidade e materialidade), preferiu continuar dono do seu destino, de sua alma.
Num mundo de protocolos e padronização, estamos vivendo uma versão de nossa história de vida direcionada pelas circunstâncias?
Em meio a tantas certezas Goethe, refere-se oa Fausto: “...do céu ele cobra a mais distante estrela, e da terra todos os prazeres que melhor lhe sabem; e tudo o que há perto e tudo o que há longe não consegue apaziguar o tumulto de seu peito...”
Resta-nos a "complacência bovina" da aceitação ou o desafio do incerto. Assim também é a arte. Ou nós enquadramos nos ditames absolutistas impostos pela arte de engajamento das universidades ou resta-nos o incerto, a afirmação do ser como inviduo, capaz de criar, sentir e expressar suas idéias por meio da imagem criada! Poder pensar fora do PADRÃO. Imagina só como seria bom ser LIVRE!