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O Futuro Está Assinado: Como a Diversificação de Gerações e Mídias Está Redesenhando o Valor no Mercado de Arte - Guia das Artes
O Futuro Está Assinado: Como a Diversificação de Gerações e Mídias Está Redesenhando o Valor no Mercado de Arte
O Futuro Está Assinado: Como a Diversificação de Gerações e Mídias Está Redesenhando o Valor no Mercado de Arte
inserido em 2025-04-23 19:43:58
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O Futuro Está Assinado: Como a Diversificação de Gerações e Mídias Está Redesenhando o Valor no Mercado de Arte

Por que ainda restringimos nossa coleção à arte moderna brasileira quando o mundo nos mostra que a liquidez está justamente nos extremos — no novo e no consagrado?

A edição mais recente do Art Market Report do Artnet trouxe um dado instigante: os artistas mais “bankable” do mundo não são apenas os de sempre — Warhol, Picasso, Basquiat — mas também nomes contemporâneos como KAWS, Banksy, Yayoi Kusama e outros que operam nas bordas entre arte, cultura pop e design colecionável. Isso indica uma virada na lógica de aquisição: o valor não está apenas na obra em si, mas em sua circulação, em sua linguagem e em sua capacidade de atravessar públicos diversos.

A Lição Global: Portfólios Diversificados São Mais Resilientes

Historicamente, o colecionador tradicional brasileiro concentrou-se em pilares como Portinari, Di Cavalcanti, Volpi — nomes que são, sem dúvida, fundamentais. No entanto, o que os dados internacionais revelam é que a diversificação por geração e mídia fortalece o portfólio. Investidores mais atentos estão colocando lado a lado uma gravura de Lygia Pape e uma escultura inflável de Jeff Koons. Uma serigrafia de Tarsila ao lado de um múltiplo de KAWS.

Por quê? Porque a liquidez hoje é múltipla: uma obra que é desejada por um colecionador institucional europeu, por um jovem investidor asiático e por um museu latino-americano é, necessariamente, mais “vendável” — e isso importa para quem pensa arte como patrimônio.

Brasil: Um Ecossistema em Expansão Ainda Apegado ao Passado

Enquanto o mercado internacional caiu 18% em 2023, o brasileiro manteve uma estabilidade surpreendente, segundo dados que cruzam fontes como Art Basel, Latitude e os leilões online do iArremate. Mas essa estabilidade vem acompanhada de um paradoxo: nossa base de colecionadores se renova, mas nossas aquisições nem tanto.

Artistas como Ernesto Neto, Luiz Zerbini, Sandra Cinto e Paulo Nazareth têm crescente projeção internacional, participam das maiores bienais e residências, mas ainda encontram resistência na elite colecionadora brasileira. São nomes que trafegam entre instalação, performance, pintura expandida e mídias digitais — exatamente o tipo de pluralidade que o mercado global já reconhece como valiosa.

A Lógica dos “Múltiplos” e a Escassez Calculada

O sucesso de artistas como Kusama e KAWS também aponta para um fenômeno que ainda engatinha no Brasil: o mercado de múltiplos e edições limitadas. No exterior, esse tipo de obra permite maior acessibilidade sem abrir mão da valorização — e, ao mesmo tempo, educa uma nova geração de compradores. No Brasil, há um terreno fértil para o desenvolvimento desse segmento, seja por meio de gravuras, objetos, NFTs ou edições assinadas.

Aqui no iArremate, temos observado um crescimento significativo no interesse por artistas vivos com atuação internacional, o que indica uma inflexão importante. Mas é preciso mais. É preciso que o colecionador brasileiro se veja como um agente ativo na valorização futura de nomes contemporâneos, não apenas como guardião do passado.

Conclusão: O Novo Luxo é o Olhar Amplo

A lição é clara: quem diversifica, sobrevive — e quem antecipa, lucra. O futuro do colecionismo brasileiro está em construir pontes entre tempos, estéticas e linguagens. Entre a austeridade de Iberê Camargo e a subversão pop de um Felipe Morozini. Entre o traço delicado de Mira Schendel e a explosão digital de um artista emergente da periferia.

No fim, não é sobre seguir tendências. É sobre enxergar o valor antes que ele se torne óbvio.
E nisso, o mercado global já nos deu a pista. Cabe agora ao Brasil reagir com inteligência, sensibilidade e — acima de tudo — coragem.

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