Gustav Klimt, um príncipe africano e o poder da descoberta
Uma obra esquecida por mais de um século ressurge para reescrever parte da história da arte europeia.
A redescoberta
No Leopold Museum, em Viena, uma pintura há muito desaparecida voltou à luz: Retrato de um Homem de Preto, assinada por Gustav Klimt em 1902.
A obra pertence a um colecionador austríaco e foi identificada como autêntica após uma análise científica detalhada conduzida pela equipe do museu.
“É uma descoberta rara e profundamente simbólica. A presença de um homem negro no universo visual de Klimt desafia pressupostos antigos sobre sua obra.”
— Hans-Peter Wipplinger, diretor do Leopold Museum.
Um príncipe no centro da tela
O homem retratado veste trajes refinados e ostenta uma postura altiva. Especialistas sugerem que poderia se tratar de um diplomata ou príncipe africano — o que explicaria a nobreza transmitida na composição.
Embora sua identidade permaneça um mistério, a representação destoa da tradição eurocêntrica dominante nas obras de Klimt e de seus contemporâneos.
Esse pode ser o primeiro retrato de um homem negro realizado por Klimt — um dado histórico que amplia o entendimento de sua produção e contexto.
Arte e representação: a força simbólica da presença
A exibição pública da obra acontece na mostra Klimt. Inspired by Van Gogh, Rodin, Matisse..., em cartaz até 10 de junho de 2025 no Leopold Museum.
A curadoria destaca como Klimt se relacionou com outras influências artísticas, mas a presença deste retrato aponta para uma influência histórica até então silenciada: a presença negra na Europa fin-de-siècle.
“A arte não apenas reflete o mundo; ela o molda. E o que está ausente nas imagens molda também o que consideramos possível lembrar.”
— Guia das Artes
Um convite à revisão histórica
Mais do que uma curiosidade, a redescoberta do quadro é um gesto de reparação simbólica. Em um tempo de revisão crítica dos cânones da arte ocidental, Klimt nos lembra que histórias esquecidas podem — e devem — retornar ao centro da narrativa.