Entre Superfície e Substância: Geometria, Corpo e Matéria na Arte Brasileira
Em um momento onde a arte brasileira respira entre a memória, a geometria e a subjetividade, os leilões da semana no iArremate oferecem ao público um recorte raro: obras que transbordam o conceito de superfície para atingir o campo da experiência sensível.
Da abstração rigorosa ao lirismo popular, passando por gestos construtivos, arte óptica e narrativas identitárias, o que une esses artistas é o tratamento da forma como fricção entre pensamento e matéria.
Diálogo entre Matéria e Espaço
Chen Kong Fang, com sua obra “Composição Toalha e Garrafas” (1981), desarma a tradição da natureza-morta com planos de cor quase geométricos e uma narrativa de silêncio doméstico. A paleta terrosa, as texturas suaves e a presença da toalha sugerem uma contenção poética.
Maria Leontina, em seu Geométrico, condensa a tradição construtiva em uma escala íntima. Um guache sobre papel onde os planos cromáticos e a precisão da linha transformam a folha em um campo de tensão visual.
Construção da Forma e da História
A presença de Ivan Serpa, com sua icônica “Abstração” (1950), é um chamado à origem do concretismo brasileiro. Uma pintura histórica, presente em exposições institucionais e catálogos essenciais do artista.
Abraham Palatnik, com “W-184” (2007), traz a vibração óptica de seu universo cinético, onde a cor se torna fenômeno. Faixas, ritmos e ilusão óptica em madeira: uma aula de percepção sensorial.
Antônio Henrique Amaral, com suas Bananas (1972), nos devolve a ironia tropical. Antes da série mais conhecida das bananas cortadas, aqui ele apresenta uma representação pop, gráfica e política da fruta como símbolo de identidade e crítica social.
Narrativas do Corpo e da Cultura Popular
No campo da figuração identitária, Siron Franco entrega em “Sorriso” (1982) um retrato inquietante: um rosto em rosa vibrante, olhos assimétricos, sorriso congelado entre a ironia e a inquietação. Uma máscara? Uma persona? Uma denúncia?
Lorenzato, com suas Lavadeiras Subindo o Morro, narra o cotidiano com textura, cor e ritmo popular. A pincelada ondulante e as figuras em escada criam uma narrativa visual que é ao mesmo tempo singela e profundamente poética.
Inimá de Paula, com “Flores – Homenagem a Portinari” (1953), faz um tributo cromático e gestual, um buquê pictórico de cores em expansão, reconhecido e reproduzido no raisonné do artista.
Luz e Forma no Limite da Abstração
O leilão Von Brusky fecha o ciclo com dois destaques de linguagens complementares:
Arcangelo Ianelli, com um óleo sobre tela de 1998 Lote 441, trabalha a gradação de luz como matéria. Uma pintura atmosférica, que respira entre campos tonais e vibração etérea.
E Ana Elisa Egreja, com sua delicada e irônica “Toalhinha Bordada e Azulejos do Mercado” (2023), atualiza a linguagem da instalação pictórica ao incorporar materiais domésticos (toalha bordada) em diálogo com padrões industriais (azulejos). Uma obra que costura memória afetiva e estética pop.
Calendário dos Leilões da Semana
Luiz Arena Leilões – Obras Selecionadas de Coleções Particulares
16 de Junho – 20h00
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Lordello Escritório de Arte – Junho 2025
17 de Junho – 19h50
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Bruno Reis Escritório de Arte – XXVI Leilão Online
17 de Junho – 20h00
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Ricardo Von Brusky – Leilão de Arte e Vinho com Marcelo Copello
18 de Junho – 20h00
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Seja para colecionadores, curadores ou apaixonados por arte e história, essa é uma semana que convida a olhar com profundidade, pensar com rigor e colecionar com propósito.
Acesse agora o site do iArremate, explore os catálogos e participe dos leilões.
Porque algumas obras não são apenas para serem vistas. São para serem conquistadas.