Carregando... aguarde
ENTRE O CORPO, A MATÉRIA E O MITO - Guia das Artes
ENTRE O CORPO, A MATÉRIA E O MITO
ENTRE O CORPO, A MATÉRIA E O MITO
A SEMANA DOS LEILÕES NO IARREMATE
inserido em 2025-08-18 18:46:42
Conteúdo

 

ENTRE O CORPO, A MATÉRIA E O MITO: A SEMANA DOS LEILÕES NO IARREMATE

Há momentos em que a arte não apenas ilustra um tempo, mas o reinventa em sua essência. Esta semana, no iArremate, o espectro da criação se abre em múltiplas direções — da poética do ferro oxidado de Carlos Vergara ao rigor geométrico de Arcangelo Ianelli, da visceralidade de Nazareth Pacheco à erótica ótica de Ivan Serpa. Mais que objetos de desejo, são testemunhos de pensamento, pulsação e risco.

CARLOS VERGARA – MORGAN II (1999)

VER LOTE 88

A monumental monotipia de Carlos Vergara estende-se como uma respiração expandida sobre a lona crua. O ferro oxidado, incorporado como memória da matéria, reage ao acrílico em camadas que parecem conter o tempo. Há algo de arqueológico em Morgan II — como se cada marca fosse uma cicatriz, um vestígio da cidade, um fragmento de ruína contemporânea. Não à toa, o selo da Pinacoteca do Estado atesta sua circulação histórica, mas é o olhar presente que a transforma em rito.

ArcANGELO IANELLI – SEM TÍTULO (1998)

VER LOTE 86

Na economia dos gestos, Ianelli construiu uma poética do silêncio. Esta tela de 1998, com sua vibração cromática sutil, parece respirar numa cadência própria. O espaço não se enche de forma, mas de ritmo. É a abstração que não se impõe, mas nos envolve, como se o olho encontrasse repouso em sua organização quase musical.

JOAQUIM TENREIRO – FRISADO VI (1978)

VER LOTE 44

Pioneiro do design moderno brasileiro, Tenreiro também buscou, em sua produção artística, traduzir a madeira em relevo. Frisado VI é gesto de escultor e pintor ao mesmo tempo: o policromado dialoga com a organicidade da madeira, enquanto os sulcos marcam um território de sutis geometrias. É obra que carrega a mesma sofisticação com que reinventou o mobiliário brasileiro.

NAZARETH PACHECO – VESTIDO (1988)

VER LOTE 56

Feito de cristal, miçangas e lâminas de barbear, o vestido de Nazareth Pacheco carrega o paradoxo entre sedução e dor. Exposto na Bienal de São Paulo de 1988, ele venceu o prêmio MAM daquele ano — não por acaso: aqui, a beleza é indissociável do risco, a delicadeza é uma armadilha. Pacheco fala do corpo feminino como território vulnerável e arma, revelando uma poética dura e luminosa.

JOSÉ ANTONIO DA SILVA – CARRO DE BOIS (1966)

VER LOTE 24

A paisagem rural de José Antonio da Silva é memória e identidade. O Carro de Bois, fixado sobre eucatex, traz o ritmo do campo: a cadência dos animais, a textura das cores terrosas, a crônica singela da vida interiorana. É a autenticidade de quem viveu e pintou o que conhecia, devolvendo à tela a dignidade do cotidiano.

MARIA LEONTINA – COMPOSIÇÃO (1972)

VER LOTE 126

O rigor construtivo de Maria Leontina aparece aqui em delicadas modulações. A tela, datada de 1972, sintetiza o diálogo entre racionalidade geométrica e lirismo pictórico. O tempo parece suspenso, como se cada linha e cor fosse respiro de uma harmonia silenciosa.

FRANCISCO BRENNAND – COMPOSIÇÃO (1969)

VER LOTE 83

Brennand, antes de se tornar mito ceramista, foi pintor de densidade. Esta tela de 1969 é testemunho de sua fase pictórica: formas orgânicas, quase totêmicas, em um espaço onde o imaginário arcaico se insinua. É obra que prenuncia a alquimia que marcaria toda sua trajetória.

IVAN SERPA – OP-ERÓTICA (1970)

VER LOTE 84

Serpa, sempre inquieto, cruza aqui a abstração geométrica com a sensualidade da linha. Op-Erótica é ao mesmo tempo jogo óptico e insinuação corporal: o olhar é provocado, o ritmo gráfico pulsa como desejo. É um desenho de vibração quase hipnótica.

ALDEMIR MARTINS – GALO (1975)

VER LOTE 82

O galo de Aldemir Martins é mais que animal: é emblema. Sua presença, marcada por cores vivas e linhas fortes, sintetiza a força da cultura popular nordestina. O traço é ágil, o gesto é afirmativo — é um canto pictórico, uma afirmação de identidade.

CALENDÁRIO DOS LEILÕES

Compartilhe
Comente