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Como a arte transformou a ilha de Naoshima em um paraíso cultural no Japão - Guia das Artes
Como a arte transformou a ilha de Naoshima em um paraíso cultural no Japão
Como a arte transformou a ilha de Naoshima em um paraíso cultural no Japão
inserido em 2025-07-01 19:31:01
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Como a arte transformou a ilha de Naoshima em um paraíso cultural no Japão


Naoshima, outrora uma pacata ilha de pescadores no Mar de Seto, no Japão, viveu uma impressionante transformação graças ao poder da arte. Hoje, o local se consolidou como referência internacional em arte contemporânea, atraindo mais de meio milhão de visitantes todos os anos — um contraste marcante com a infância tranquila do atual prefeito, Shinichi Kobayashi, de 75 anos.

Kobayashi lembra-se de crescer em Naoshima nadando e pescando, sem ver praticamente nenhum visitante estrangeiro. Mas tudo mudou com o surgimento do Benesse Art Site de Naoshima, iniciado em 1989 pelo bilionário Sōichirō Fukutake. O projeto começou como um acampamento para crianças, idealizado inicialmente pelo pai de Fukutake, mas se transformou em um ambicioso complexo artístico que ocupa diversas ilhas da região.

Com a ajuda do renomado arquiteto Tadao Andō, museus e instalações de arte passaram a ocupar as paisagens costeiras, integrando-se ao meio ambiente de forma única. O ponto de virada veio em 1994, com a instalação da icônica abóbora amarela com bolinhas pretas de Yayoi Kusama, que se tornou símbolo da ilha.

O impacto cultural e econômico não parou aí. A partir de 2010, a Trienal de Setouchi, festival de arte contemporânea que ocorre a cada três anos, consolidou ainda mais a região como destino artístico global, atraindo até um milhão de pessoas por edição.

Segundo Hideaki Fukutake, filho de Sōichirō e atual presidente da Fundação Fukutake, o objetivo sempre foi revitalizar a comunidade local e restaurar o orgulho dos moradores, não apenas estimular o turismo. De fato, muitos prédios abandonados foram reaproveitados em projetos como o Art House Project, que transforma construções históricas em novas obras de arte.

Entre as criações de destaque estão o Naoshima Bath, uma casa de banho pública transformada em instalação artística, e o excêntrico Haisha, antigo consultório odontológico convertido em obra de arte repleta de colagens e até uma réplica parcial da Estátua da Liberdade.

Apesar de um início cético por parte de alguns moradores, a arte ajudou a revitalizar a economia local. Restaurantes, pousadas e o setor de hospitalidade prosperaram. Ainda assim, Naoshima enfrenta desafios, como o declínio populacional — hoje com apenas 3 mil habitantes, metade do que tinha na década de 1980.

Nos últimos anos, porém, surgiram sinais de esperança, com a chegada de novos moradores vindos das grandes cidades, atraídos pelo clima artístico e pela beleza natural da ilha. A Mitsubishi Materials, antiga responsável pela poluição que degradou parte do território, também realizou esforços significativos de recuperação ambiental, melhorando a qualidade de vida.

Para Eriko Ōsaka, diretora do Centro Nacional de Arte de Tóquio, o sucesso do Benesse Art Site mudou a imagem de Naoshima de “negativa para positiva” por meio da arte, criando um lugar onde visitantes podem se redescobrir e vivenciar experiências únicas.

Naoshima, que parecia condenada ao abandono, se reinventou como um paraíso cultural e símbolo de como a arte pode transformar comunidades inteiras.

Fonte: via BBC (MATÉRIA COMPLETA).

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