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Antonio Godoy - Guia das Artes
Antonio Godoy
Informações
Nome:
Antonio Godoy
Nasceu:
Piracicaba - SP - Brasil (10/11/1903)
Faleceu:
Santos - SP - Brasil (04/06/1975)
Sobre o artista


Biografia


Antonio Godoy Moreira foi um pintor e restaurador brasileiro,reconhecido internacionalmente e com mais de 3.000 obras distribuídas porinúmeros países ao redor do mundo, principalmente levadas por capitães denavios que aportavam no Porto de Santos, São Paulo – Brasil, cidade de suamorada, entre as décadas de 30 a 70. Estudou na Espanha por 8 anos no início dadécada de 20. Neste período, percorreu a Europa aprimorando sua técnica ebuscando conhecer a obra dos grandes mestres da pintura. Por sua fama comcapitães de navio escandinavos, foi criado na Noruega o “Godoy Clube”, somentepara possuidores de duas ou mais obras do artista. Exímio restaurador,restaurou em 1973 mais de 50 quadros de renomados artistas, de forma totalmentevoluntária, para a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Santos. Os rostoseram sua preferência, sendo um realista e conhecido como o “Pintor de Cabeças”,a grande maioria de seus quadros tem figuras humanas, que retratava commaestria, nas suas telas pintadas a óleo.

Antonio Godoy nasceu no dia 10 de novembro de1903, na cidade de Piracicaba, interior do estado de São Paulo – Brasil, filhode Francisco Godoy Garcia e Adelaide Godoy Martins. Iniciou seus estudos noColégio Agrícola de Piracicaba (importante escola de agronomia no Brasil) e seupai tinha o desejo de que se formasse Engenheiro Agrônomo. Porém, aos6 anos (1909) pintou seu primeiro quadro, e isso mudou tudo. Era umgatinho bebendo leite e esta foi a faísca que despertou nele o sentimento deamor à pintura, e a certeza que o sangue de artista corria em suas veias. Comeste quadro ganhou sua primeira medalha, oferecida pelo Jornalista “Seo” Pedro,proprietário de um jornal da cidade. Buscou este quadro para comprá-lo, masnunca o encontrou.

Esse seu despertar o levou a conviver diretamente com seusvizinhos, pintores da renomada família Dutra, passando muitas vezes mais tempocom os Dutra do que em sua própria casa. Nestes anos de convivência podeaprender muito mais sobre pintura.

Quando completou 12 anos (1915), desistiu do ColégioAgrícola e foi morar no Rio de Janeiro, para estudar na Escola de Belas-Artes,onde permaneceu por 2 anos. Volta a Piracicaba em 1917 para receber uma herançade sua avó e, com uma condição financeira estável, passa a fazer as duas coisasque mais gostava: a primeira, que era pintar, aprimorando suas técnicas ebuscando a perfeição; e a segunda, que era a boêmia. Abandonou definitivamentea escola e, nestes anos, quando não estava pintando, estava na farra.

Mantinha contato, por correspondência, com parentes naEspanha, e aos 16 anos (1919) pede autorização para os pais e parte para Málaga- Espanha, em busca de aprendizado. Viaja primeiro pela Espanha, visitandomuseus e pintores. Passa a estudar na Escuela Especial de PinturaEsculturay Grabado que compartilhava o prédio com a Real Academia deBellas Artes, em Madrid. Aproveita seu tempo na Europaintercalando aulas de pintura com a venda de quadros, e viagens, visitandoParis, Berlin, Roma, Milão, Lisboa, Amsterdã, e conhecendo grandes nomes dapintura.

Teve aulas e fez amizade com o “Professor Zuloaga”, como ochamava, que se tratava nada menos que Ignacio Zuloaga (1870-1945),um dos mais destacados pintores espanhóis do Século XX, com prêmios edistinções internacionais, e chamado na época, em Paris, de “O Último GrandeMestre da Escola Espanhola de Pintura”. Relatou que conheceu e pintou comSalvador Dalí, contemporâneo seu e que tinha profundo respeito pelo artista,considerando-o o maior desenhista de todos.

Em 1926 retorna ao Brasil. Permanece menos de um ano emPiracicaba, pois uma rica tia de Madrid, da qual gostava muito, o chama devolta. Assim fica mais um ano em Madrid estudando e pintando. Em 1928 retornadefinitivamente ao Brasil, permanecendo, mais uma vez, por pouco tempo emPiracicaba, até resolver se mudar para o Rio de Janeiro. Provavelmente, por terque pegar um navio para o Rio de Janeiro, ou outro motivo, não se sabe, chega aSantos, e se encanta com a cidade, onde passa a morar. Em 25 de julho de 1929,aos 25 anos, se casa com a Santista Violante Costa e tem cinco filhos, sendodois homens e três mulheres.

Passa a pintar paisagens e figuras humanas e viver dosrecursos de sua obra. Vive uma vida relativamente calma até 7 de julho de 1934,quando um acidente de carro na antiga rodovia que ligava Santos a São Paulo,resultou na perda de seu olho direito. Foram anos difíceis, nos quais foinecessário reaprender a pintar e se acostumar com novas perspectivas, a partirde um olho só. Em muitos momentos pensou em desistir mas, com o estímulo do Dr.Walter Autran, pai de Paulo Autran (famoso artista brasileiro), volta a pintarfuriosamente em 1936.          

Para atrair clientes, visitava navios no porto de Santos comuma coleção imensa de fotografias. Desafiava a todos dizendo que podia pintarqualquer foto em horas e que bastava uma fotografia 3x4 para pintar uma famíliainteira, e o fazia com maestria. Assim, muitos quadros foram pintados a bordodos navios durante a noite e, na manhã seguinte, seguiam, ainda frescos, parapaíses de todo o mundo.

           

Seu gosto pela boêmia nunca o deixou e, além dos navios,frequentava também a chamada “Boca do Lixo”, na região do cais de Santos. Eraassíduo frequentador de muitos estabelecimentos e podia ser encontrado emvários deles, durante o dia ou a noite, bebendo, conversando ou pintando. Mas oseu preferido era o “Bar Chave de Ouro”, localizado estrategicamente no meio da“Boca”, e passagem obrigatória dos frequentadores, muitos deles marinheiros domundo todo. O “Chave de Ouro” possuía uma espécie de Galeria de Arte em seusNobres Salões, onde os artistas amigos do proprietário podiam expor e negociarsuas obras.

Sua fama cresce localmente e realiza a primeira exposiçãofora da cidade, no Hotel Guarujá, na Cidade do Guarujá, vizinha a Santos. Aotérmino desta exposição resolve comemorar com os amigos no seu restaurantepreferido, o “Chave de Ouro”, e aí ocorre um fato que muda sua carreia parasempre. Ao chegar ao restaurante é notado pelo comandante de um navio norueguês,Mr. Gustavson, pois estava com sua caixa de tintas e paleta, provavelmente parauma encenação na comemoração, e assim atraiu sua curiosidade. Mr. Gustavsonperguntou se ele seria capaz de pintar o quadro de seu pai, olhando somentepara uma fotografia que tinha na carteira, e isso antes que seu navio partisse.

Acontece que o navio sairia no dia seguinte às 10 horas damanhã. Os amigos duvidaram e incentivaram uma aposta. Apostou e ganhou. Às 3horas da manhã, o quadro do pai do Comandante Gustavson estava terminado. Namanhã seguinte, ainda houve tempo para que o comandante visitasse seu ateliê ecomprasse todos os 10 quadros prontos que ele possuía. E assim foram exportadospara a Noruega os primeiros 11 quadros de um artista brasileiro, que até este eventoera desconhecido por lá.

Com este evento, sua fama se espalha entre os homens do mar,e capitães de navios Escandinavos passam a desembarcar e se dirigir direto paraseu ateliê, muitos deles portando fotos de familiares para serem transformadasem obras de arte, pelo grande artista Antonio Godoy. As referências “boca aboca” culminaram com a criação do “Godoy Clube” na cidade de Bergen, Noruega,onde para se associar o pretendente devia possuir pelo menos duas obras dopintor. Relatos vindos de lá, informavam ainda que foi criada uma “Sala AntonioGodoy”, exclusiva para seus quadros, no museu da cidade. Em 1972, esteve noBrasil um jornalista Norueguês para uma entrevista exclusiva de uma página como pintor, que foi publicada em 15 de abril de 1972, no Jornal DAGEN, de Bergen,Noruega.​

Capitães de navios de todo o mundo passaram a ser seusclientes assíduos e um só capitão americano comprou 50 obras suas para montar aprópria coleção particular. Godoy se gabava que se pintasse 5 quadros, teria 10compradores na porta. Seu maior mercado se tornou o exterior, mas relatava quesó em Santos havia mais de 1.000 quadros seus, e ao redor do mundo deveriam serentre 3.000 e 4.000.

A partir daí começa uma série de exposições individuais ecoletivas, em Santos, Catanduva, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e muitasoutras cidades do interior do estado de São Paulo. Ao longo dos anos participados: 1° Salão de Belas Artes de Santos; 1° Salão de Belas Artes do ClubeAtlético Santista; Exposição Artistas Plásticos de Santos; 3°, 4° e 5° SalõesOficiais da Associação Santista de Belas Artes; 12° Salão Coletivo daAssociação Santista de Belas Artes, além de muitas outras mostras em Santos.Sua obra está catalogada em 10 das 13 edições do "Dicionário de ArtesPlásticas no Brasil".

Em 25 de Julho de 1946 realiza uma grande exposição nofamoso Hotel e Cassino Parque Balneário, em Santos, e termina a exposição com avenda de todos os 102 quadros que estavam expostos. Na sequência, cria a“Galeria de Arte Godoy”, vizinha ao antigo Cine Gonzaga, aberta a todos osartistas que ali quisessem expor sua arte. Em 1947 sua carreira está em alta ereclama que não quer mais participar de exposições, pois a fama não o atrai etambém pela “queixa” de que não conseguia juntar quadros suficientes para umaexposição, pois todos eram vendidos antes.

Nos anos seguintes sofre um acidente de bonde, causando umafratura no joelho, que o leva a usar uma bengala pelo resto de sua vida. Teveainda, ao longo da vida, dois infartos e problemas pulmonares, queenfraqueceram sua saúde.

Em 1949, pinta o quadro de Rui Barbosa para a Prefeitura daSantos e, no mesmo ano, em 12 de novembro, recebe a “Medalha Comemorativa doCentenário de Rui Barbosa”, concedida pela Câmara Municipal de Santos apersonalidades com relevantes trabalhos.

Em 1963, pinta o quadro em tamanho natural de José Bonifáciode Andrade e Silva para a Prefeitura de Santos, que ainda se encontra expostona Câmara Municipal da cidade. Neste mesmo ano, em 7 de setembro, é agraciadocom a “Medalha do Jubileu de Ouro” do Clube Atlético Santista, em cerimôniarealizada na sede do Clube.

Em 1964, depois de um infarto, para de beber e fumar,abandonando seus 3 maços de cigarro por dia e os diários “pileques” e, por fim,abandona a vida boêmia que muito aproveitou durante sua vida.

Neste mesmo ano de 1964, recebe o Título de CidadãoSantista, por sua contribuição para a Cidade de Santos. Tinha este título comuma das maiores honras que recebeu ao longo da vida. Pouco se conhece, até porsua personalidade introspectiva durante o dia e seu descompromisso com a fama,mas Antonio Godoy participou de várias ações comunitárias com a doação deinúmeros quadros para instituições de caridade, como a Cidade da Criança (noMunicípio da Praia Grande), o 2° BC do Exército em São Vicente, o Hospital daIrmandade da Santa Casa da Misericórdia de Santos, a Missão de MarinheirosNoruegueses no Brasil, além de ajudar a construir um Centro Espírita, pintarvoluntariamente para igrejas e lares de idosos, e restaurar, sem receber nenhumcentavo, todos os quadros da mesma Santa Casa de Santos, entre outras açõesfilantrópicas.

Em 1965, efetua mais doações para a Santa Casa deMisericórdia de Santos e recebe uma correspondência de agradecimento à doaçãode quadros para a instituição.

Cego de um olho, manco de uma perna, continua a pintar erestaurar, e se gaba de não precisar andar mais pela cidade de Santos, afirmaque a conhece palmo a palmo e pode pintá-la sem sair de casa. Era a sua vida.Sua produção diminui em função de sua saúde e passa a utilizar uma tendênciamais impressionista nesta fase final de sua carreira. Experimenta espátulassobre tela e sobre madeira, sempre com suas amadas tintas a óleo. Um ou doisquadros desta fase foram encontrados.

Dia 22 de março de 1974 é agraciado com mais uma medalha, aMedalha dos Andradas, concedida pelo Instituto Histórico e Geográfico deSantos.

Continuou pintando até seu falecimento, em 4 de julho de1975, na Santa Casa de Santos. Como homenagem póstuma, foi dado seu nome a umarua em Santos, que passou a se chamar “Rua Antonio Godoy Moreira".

Sua última exposição foi póstuma e aconteceu em 15 deoutubro de 1976, na Galeria Alhambra em Santos, onde suas obras ladearam as deGuiomar Fagundes, unindo assim dois velhos amigos.

Cronologia


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