Mário Raul de Moraes Andrade. Poeta, cronista e romancista, crítico de literatura e de arte, musicólogo e pesquisador do folclore brasileiro, fotógrafo. Conclui o curso de piano pelo Conservatório Dramático e Musical de São Paulo em 1917. Nesse ano, sob o pseudônimo de Mário Sobral, publica seu primeiro livro de versos, Há Uma Gota de Sangue em Cada Poema. Conhece Oswald de Andrade (1890 - 1954) e assiste à exposição modernista da pintora Anita Malfatti (1889 - 1964).
Em 1918, escreve em A Gazeta como crítico de música e no ano seguinte colabora em A Cigarra, O Echo e continua emA Gazeta. Trabalha assiduamente na revista paulista Papel e Tinta em 1920. Nessa época freqüenta o estúdio do escultor Victor Brecheret (1894 - 1955), de quem compra um exemplar do bronze Cabeça de Cristo. Em 1921, escreve para o Jornal do Comércio a série Mestres do Passado, contra o parnasianismo e colabora com a revista Klaxon, em 1922. Integra o Grupo dos Cinco com Tarsila do Amaral (1886 - 1973), Anita Malfatti, Oswald de Andrade (1890 - 1954) e Menotti del Picchia (1892 - 1988).
Um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna, em fevereiro de 1922, na ocasião do evento lê seus poemas no palco do Theatro Municipal de São Paulo e é vaiado. Nesse ano, lança seu segundo livro, Paulicéia Desvairada, um marco na literatura moderna brasileira. Leciona história da música e da estética no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo. Em 1923, compra uma câmera fotográfica Kodak e exerce a atividade de fotógrafo até 1931. Realiza com Olívia Guedes Penteado (1872 - 1934), Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e outros, uma viagem de estudos às cidades históricas mineiras com o objetivo de mostrar o interior do país ao poeta franco-suíço Blaise Cendrars (1887 - 1961), em 1924.
O livro de ensaios A Escrava que Não É Isaura, de 1925, discute algumas tendências da poesia modernista, e firma seu autor como um dos principais teóricos do movimento modernista. Em 1927 viaja pela região amazônica, e, no ano seguinte, pelo Nordeste brasileiro, registrando em fotos as paisagens, a arquitetura e a população dos locais visitados. Também fotografa paisagens de São Paulo, em especial da região central, e cenas na fazenda de Oswald e Tarsila. Lança o romance Amar, Verbo Intransitivo em 1927. Passa a escrever para o Diário Nacional, órgão do Partido Democrático - PD, ao qual se filia. Nesse jornal publica a maior parte de sua produção, entre críticas, contos, crônicas e poemas, até 1932. Em 1928, lança Macunaíma, Herói sem Caráter e Ensaio Sobre Música Brasileira; em 1929,Compêndio da História da Música; em 1930, Modinhas Imperiais e, em 1933, Música, Doce Música. Sempre interessado pela música erudita e popular, busca promover pesquisas de nacionalização da música brasileira.
De 1933 a 1935, é crítico do Diário de São Paulo. Em 1935, funda, com Paulo Duarte, o Departamento Municipal de Cultura de São Paulo, do qual se torna o primeiro diretor. Nesse cargo, cria a Discoteca Pública, hoje Discoteca Oneyda Alvarenga. No ano seguinte, participa da elaboração do anteprojeto da criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Sphan. Em 1937, como diretor do Departamento, convida o casal Lévi-Strauss para ministrar um curso de etnografia. Cria, com Dina Lévi-Strauss, a Sociedade de Etnografia e Folclore, e se torna seu primeiro presidente. Organiza o Congresso de Língua Nacional Cantada. É eleito membro da Academia Paulista de Letras.
De fevereiro a julho de 1938, envia um grupo de pesquisadores ao Norte e ao Nordeste do Brasil. Batizada de Missão de Pesquisas Folclóricas, a expedição por ele idealizada grava, fotografa, filma e estuda uma grande diversidade de melodias cantadas no trabalho, em festas e rezas. Em 1938, transfere-se para o Rio de Janeiro, onde dirige o Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal, além de ocupar a cátedra de história e filosofia da arte. Retorna a São Paulo em 1941. Como técnico da seção paulista do Sphan, viaja por todo o Estado realizando pesquisas. Com outros intelectuais, contrários ao regime ditatorial do Estado Novo, funda em 1942 a Associação Brasileira de Escritores - Abre, entidade que luta pela redemocratização do país. Colabora no Diário de S. Paulo e na Folha de S. Paulo. No salão de conferências da Biblioteca do Ministério das Relações Exteriores ministra a célebre conferência "O movimento modernista", incluída no livro Aspectos da Literatura Brasileira, de 1943.
Publica O Baile das Quatro Artes, com comentários de crítica literária e artística, em 1943 e no ano seguinte, escreveLira paulistana, livro de poesias publicado postumamente.
Exposições Póstumas
1971 - Rio de Janeiro RJ - Lançamento do LP Mário de Andrade In Memoriam Poesia e Som, em comemoração do 50º aniversário da Semana de Arte Moderna (Grav. Festa Disco)
1990 - São Paulo SP - Mário de Andrade: Turista e Fotógrafo na Amazônia, na Associação Pró Parque Modernismo
1992 - São Paulo SP - Eu Sou Trezentos, sou Trezentos e Cincoenta, no CCSP
1993 - Poços de Caldas MG - Coleção Mário de Andrade: o modernismo em 50 obras sobre papel, na Casa da Cultura
1993 - São Paulo SP - 100 Obras-Primas da Coleção Mário de Andrade: Pintura e Escultura, na IEB/USP
1993 - São Paulo SP - Lançamento do livro Mário de Andrade: fotógrafo e turista aprendiz, pelo IEB/USP
1993 - São Paulo SP - Mário. . . Um Homem Desinfeliz, vídeo de Adilson Ruiz, em comemoração ao centenário de nascimento do escritor, idealizado e realizado pelo Itaú Cultural
1998 - São Paulo SP - Do Catálogo, no IEB/USP
1999 - São Paulo SP - Brasileiro Que Nem Eu. Que Nem Quem?, na Faap
2001 - São Paulo SP - Trajetória da Luz na Arte Brasileira, no Itaú Cultural