Jayme Cavalcante Carvalho nasceu em Salvador, Bahia, em oito de julho de mil novecentos e trinta e oito.
Filho de Enedina Cavalcante Carvalho e João Soares Carvalho, J. Carvalho (Fortaleza, 1900 – Belo Horizonte, 1987) saudoso pintor paisagista. Ainda muito jovem veio com seus pais para o Rio de Janeiro, fixando residência na Ilha do Governador. O mar sempre exerceu grande fascínio no pequeno Jayme. Nas praias da Ilha passava a maior parte de seu tempo nadando ou remando seu pequeno barco.
Mais tarde, a família resolveu mudar-se para Niterói, onde estabeleceu residência em um sítio, na localidade de Rio do Ouro. Nesse sítio, Jayme teve a oportunidade de conviver mais diretamente com a natureza e muitas vezes era visto por seus irmãos a observar calado o entardecer. Nessa época frequentou o Colégio Brasil, no bairro do Fonseca, onde, juntamente com sua irmã Lúcia, se destacou no desenho. Seu pai resolveu, então, deixar o sítio de Rio do Ouro levando sua esposa, Jayme e seus seis irmãos a fixarem residência no bairro de Santa Rosa.
Já adolescente Jayme resolve dedicar-se ao futebol, contrariando com isso o desejo do seu pai, que já o antevia pintor. Na ocasião, destacou-se na bola, chegando a integrar a seleção niteroiense e, por muito pouco, não se tornando um atleta profissional.
Chega à época da prestação do serviço militar. Jayme, então, ingressa nas fileiras do exército, na arma de artilharia, sentando Praça no Forte Barão do Rio Branco, em Niterói, local em que o jovem soldado deixou a sua marca artística, decorando, com suas telas, o Cassino dos Oficiais.
Passa o tempo e Jayme é convidado por seu cunhado, Anélio Latini, para juntos trabalharem em desenhos animados. Com Latini aprende a técnica de trabalhar celuloide e faz desenhos animados para propaganda de televisão.
Nessa época, conhece Célia, jovem normalista, tornando-se noivos pouco mais tarde e casando-se em 1963. Celinha, como é chamada carinhosamente por Cavalcante, é, também, sua musa inspiradora. Dessa união nasceram as suas duas filhas: Letícia e Patrícia.
Em 1967, reúne-se a um Grupo de pintores que costumavam sair pela orla marítima em busca de inspiração. Eram os “Pintores da Beira do Cais”.
Em 1968, esse Grupo resolve fundar o “Núcleo de Artistas Fluminense”, conhecido pela sigla NAF e reconhecido como entidade oficial, onde Jayme é o primeiro secretário. Como representante da arte, Jayme concorre a vários salões oficiais. Em 1972, o Núcleo promove uma exposição coletiva no Museu Antônio Parreiras, Niterói. Foi um verdadeiro sucesso. A viúva de Parreiras, Madame Luciene, orgulhosa da exposição e do Grupo não abria mão de recebê-lo com um saboroso cafezinho.
Entre 1976 e 1977, sempre acompanhados do mestre Aluízio do Valle o Grupo pinta com afinco ao ar livre. Prática semelhante que exercia o Grupo Grimm.
As paisagens de Niterói e do Estado do Rio de Janeiro tornam-se uma constante na pintura de Cavalcante, assim também como as cidades históricas do Estado de Minas Gerais. Cavalcante com frequência viajava para as cidades Barrocas, em companhia do pintor e amigo João Jesus, para retratar em suas telas o Barroco Brasileiro, uma antiga paixão. Jayme como católico e homem de fé não abria mão de fazer refletir em suas telas as belas igrejas brasileiras.
Sócio de várias instituições de pintura, Cavalcante quer estar sempre presente a todos os movimentos de arte: aceita convites para ministrar cursos de pintura e desenho, inclusive no antigo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), hoje, Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Mas, ao encerrar os cursos, voltava à natureza, arraigando em si cada vez mais a pintura naturalista. Ponto por ponto da orla marítima niteroiense e várias cidades da Região dos Lagos são retratadas em suas telas.
Em 1979, Cavalcante transfere sua residência, e com ela seu atelier, de Santa Rosa para o bairro do Ingá, em Niterói. Começa uma nova fase em sua vida, dedicando-se integralmente às artes plásticas e frequentando o atelier de Cláudio Valério Teixeira, seu amigo, pintor, crítico de arte e conservador de bens culturais, aprendendo um pouco da arte de restaurar. Participa também de vários eventos culturais relacionados à pintura e restauração. Integrou, como consultor técnico especializado em sistemas de apoio operacional para conservação e restauração, diversos projetos culturais, como, por exemplo, História da Pintura Brasileira no Século XIX e Seis Décadas de Arte Moderna na Coleção Roberto Marinho, no período de 1983 a 1985.
Cavalcante, colecionador de premiações em vários salões do país, possuidor de inúmeras medalhas bronze, prata e ouro, também realizou inúmeras exposições individuais e coletivas por várias cidades brasileiras. Participou também de exposições no exterior.
Vê-se, na trajetória do pintor, que é um apaixonado pela natureza, pelas belezas da sua terra. É um artista que se dedicou e ainda se dedica ao estudo contínuo da pintura ao natural.
Cavalcante é um dos raros artistas que, ao lado de Cândido Portinari e Di Cavalcante, figuram ao “Akoun”, livro de arte de grande importância na França.
Hoje, aos setenta e cinco anos, Cavalcante continua dedicando-se às artes plásticas em seu atelier, viagens a algumas cidades do Estado do Rio de Janeiro, especialmente Teresópolis, onde realiza belas paisagens locais, com projetos artísticos junto à esposa, às filhas, genros e netos.
Exposições Individuais:
1979 - Espaço Cultural Novotel, Niterói - RJ
1980 - Galeria Borghese, Rio de Janeiro - RJ
1988 - Hotel Porto do Sol, Vitória - ES
1991 - Espaço Cultural Moviarte, São Conrado Fashion Mall, Rio de Janeiro - RJ
1994 - Saguão Cultural Bolsa do Rio de Janeiro, Ro de Janeiro - RJ
1995 - Museu Antônio Parreiras, Niterói - RJ (Inauguração da Sala Paisagem Contemporânea
2000 - Caixa Econômica Federal e Secretaria de Cultura de Niterói - FAN, Niterói - RJ
Exposições Coletivas
1980 - Moderne Brasilianische Kuenst, Hanover - Alemanha
1981 - Galeria de Campo, Niterói - RJ
1985 - Willian Doyle Galleries, Nova Iorque - EUA
1987 - Galeria Ranulpho, São Paulo, SP
1987 - Aquarelas Brasileiras, Galeria Santiago & Chalhub, Niterói - RJ
1988 - Galeria Ranulpho, São Paulo, SP
1990 - Espaço Cultural do Tribunal de Alçada Criminal, Rio de Janeiro - RJ
1991 - Moviarte, Prefeitura do Rio, São Conrado Fashion Mall, Rio de Janeiro - RJ
1994 - Niterói e seus pinotres, Centro Cultural Paschoal Carlos Magno, Niterói - RJ
1995 - Abraçarte, Terminal Rodoviário João Goulart, Niterói - RJ
1995 - Niterói é assim, Museu do Ingá, Niterói - RJ
1995 - Galeria Borghese, Itaipu, Niterói - RJ
2000 - Imagem, Galeria de Arte, Rio de Janeiro - RJ
Premiações
1968 - Menção Honrosa no XXI Salão Fluminense de Belas Artes, Niterói - RJ
1969 - Medalha de Ouro no Primeira Coletiva de pintura do NAF, Núcleo de Artistas Fluminenses, Niterói - RJ
1969 - Menção Honrosa na Sociedade de Belas Artes Antônio Parreiras, Juiz de Fora - MG
1969 - Menção Honrosa no Salão de Maio, Sociedade Brasileira de Belas Artes, Rio de Janeiro - RJ
1970 - Medalha de Prata no Primerio Salão Niteroiense de Pintura
1971 - Medalha de Bronze no Setinagésimo Sexto Salão Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro - RJ
1975 - Menção Honrosa no Octogésimo Salão Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro - RJ
1976 - Menção Honrosa no Octogésimo Primeiro Salão Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro - RJ
1977 - Medalha de Prata na Primeira Gincana Nacional de Pintura de Maricá, Maricá - RJ
1977 - Medalha de Bronze na Mostra da Primavera, Sociedade Acadêmica Phoenix Naval, Rio de Janeiro - RJ
1981 - Medalha de Bronze na VI Mostra da Primavera, Escola Naval, Rio de Janeiro - RJ
1982 - Medalha de Ouro no Primeiro Salão Oswaldo Teixeira, Petrópolis, RJ