IGREJA É QUESTIONADA SOBRE OBRAS ASSINADAS POR PADRES ACUSADOS DE ABUSO SEXUAL
No dia 11 de maio, o santuário de Nossa Senhora Aparecida, na cidade homônima localizada no estado de São Paulo, Brasil, inaugurará a recém-decorada fachada sul da basílica. Para o padre Eduardo Catalfo, reitor do maior complexo católico do mundo, depois do Vaticano em Roma, será um dia de festa. A oportunidade é de mobilizar multidões e arrecadar fundos para dar continuidade ao seu grande projeto.
Mas nem todos partilham do seu entusiasmo. Recentemente foi lançada uma petição com mais de cinco mil assinaturas para exigir a retirada dos mosaicos, assinada pelo padre e artista Marko Rupnik. Seu nome não significará nada para os frequentadores das grandes festas artísticas de Basileia (Suíça), Veneza (Itália) ou Miami (Estados Unidos). Já no mundo da arte sacra, ele é uma estrela que caiu do pedestal, em dezembro de 2022, quando cerca de quarenta mulheres o acusaram de controle e agressão sexual, perpetrados entre 1985 e 2018. Apesar da desgraça, sua agenda de encomendas continua cheia.
Sob crescente pressão da opinião pública, no entanto, as autoridades eclesiásticas questionam-se se devem preservar as suas decorações bíblicas, compostas por figuras expressivas e cores brilhantes, que adornam muitos locais de culto em todo o mundo, como a capela privada do Papa nos terrenos do Vaticano, descrita como uma “Capela Sistina do 3.º milênio”.