João Batista Vilanova Artigas (Curitiba, PR, 1915 - São Paulo, SP, 1985). Arquiteto, engenheiro, urbanista, professor. Forma-se engenheiro-arquiteto pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), em 1937, após ter sido estagiário na construtora Bratke e Botti. Abre uma empresa de projeto e construção com Duílio Marone a Artigas & Marone Engenheiros, ao mesmo tempo que participa de exposições da Família Artística Paulista (FAP). Em 1944, afasta-se da construtora e decide montar escritório próprio, ao lado do calculista Carlos Cascaldi, e, engajado na política de regulamentação da profissão, funda, com outros colegas, a representação do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB/SP) em São Paulo. Filia-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), em 1945.
Recebe, em 1946, uma bolsa de estudo da Fundação Guggenheim, que lhe permite viajar por 13 meses pelos Estados Unidos. De volta ao Brasil, em,1948, participa da criação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), onde passa a lecionar. Com o acirramento da Guerra Fria, radicaliza o tom ideológico do seu discurso, particularmente nos textos que escreve para a revista marxista Fundamentos, ligada ao PCB Le Corbusier e o Imperialismo, 1951, e Os Caminhos da Arquitetura Moderna, 1952. Viaja para a União Soviética, desencantando-se com a arte e arquitetura do Realismo Socialista, e mergulhando em uma crise profissional, que se estende até meados dos anos 1950, quando projeta as residências Olga Baeta, 1956, Rubem de Mendonça ("casa dos triângulos"), 1958, e a segunda residência Taques Bittencourt, 1959, com pórticos de concreto armado. Inicia uma série de projetos escolares para o governo do Estado de São Paulo, em que se destacam os ginásios de Itanhaém e de Guarulhos. Esses projetos, feitos na administração Carvalho Pinto (1910-1987), marcam o início das relações entre arquitetura moderna e o poder público em São Paulo, até então quase inexistentes.
Em 1961, realiza uma sequência notável de projetos que definem as linhas mestras do que se chama "escola paulista": o Anhembi Tênis Clube, a Garagem de Barcos do Iate Clube Santa Paula, e o edifício da FAU/USP, na Cidade Universitária, todos em São Paulo. No ano seguinte, propõe inovações didáticas marcantes na "reforma do ensino" da FAU/USP, definindo critérios curriculares que seriam adotados por muitas escolas de arquitetura. Após o golpe militar de 1964, é preso e, logo depois, exilado no Uruguai, de onde regressa e passa a viver na clandestinidade. Retorna à FAU/USP em 1967, e profere uma aula inaugural em rejeição à luta armada, intitulada O Desenho, em que defende o projeto como atitude de resistência à opressão. Projeta em 1968, com Paulo Mendes da Rocha (1928) e Fábio Penteado (1929-2011), o Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães Prado (Parque Cecap), em Guarulhos, para 50 mil moradores.
Após o Ato Institucional nº 5 (AI-5), em 1969, é afastado mais uma vez da FAU/USP, à qual retorna apenas com a anistia, no fim de 1979, na condição de auxiliar de ensino. Reassume em 1984 sua posição anterior à cassação, após submeter-se a um concurso para professor titular, cujas argüições foram publicadas com o título de A Função Social do Arquiteto.1 É um dos mais importantes arquitetos brasileiros, tendo recebido da Union Internationale des Architectes (UIA) os prêmios Jean Tschumi, 1972, por sua contribuição ao ensino de arquitetura, e Auguste Perret, 1985, por sua obra construída.